sexta-feira, 28 de maio de 2010

Talvez não exista nada mais bipolar no mundo do que o torcedor de futebol.
Na tarde de terça, a torcida invade o treino do Vasco. Na noite de quinta, o Vasco volta a ser o time do amor. Pois é. Ontem, em São Januário, certamente inspirado pelas paisagens da Cidade Maravilhosa e pelas mirabolantes arbitragens do futebol carioca, o paranaense Heber Roberto Lopes marcou um pênalti que o vai fazer morrer de vergonha quando puder ver o lance novamente. Pra começo de conversa, se tivesse acontecido algo, teria sido fora da área. Mas não houve rigorosamente nada, o lateral direito Nei sequer tocou em Ernâni – e mesmo que tivesse tocado, lembro aos faltólogos de plantão: futebol tem choque. Aquilo ali não é pênalti nem em jogo de freiras, mas foi bem feito pro Inter. Além dos equivocados critérios de arbitragem, há pouca coisa tão irritante no futebol brasileiro como essa mania que nossos times têm de considerar encerrados jogos com vinte ou trinta minutos do primeiro tempo, só porque fizeram um ou dois gols. Na quarta-feira, o São Paulo quase deixa escapar a vitória em um jogo que estava facílimo. E ontem o Inter entregou os três pontos de bandeja pro Vasco. Com uma atuação caótica no primeiro tempo, a equipe de Celso Roth saiu vaiada e com a torcida esbravejando contra a diretoria – o que vem acontecendo com Roberto Dinamite explica e justifica a enorme relutância do Zico em assumir um cargo qualquer no Flamengo. Mas no segundo tempo a partida se equilibrou, após o belo gol de Élton logo no início e a justa expulsão do lento e supervalorizado Fabiano Eller. (Outra coisa típica do futebol brasileiro: o impressionante poder de atração que determinados jogadores não mais que razoáveis exercem sobre alguns clubes. Fabiano Eller é um deles. O Flamengo quer, o Cruzeiro quer, o Palmeiras quer, todo mundo sempre quer Fabiano Eller. Vai entender por quê.) Phillipe Coutinho bateu bem o pênalti, Nilton fez o gol da vitória com outro bonito chute da entrada da área, a torcida fez as pazes e o Vasco voltou a ser o time da virada, o Vasco voltou a ser o time do amor. Pouco importa que o time da virada, o time do amor não ganhe nada desde 2003, já que, por motivos óbvios, segunda divisão não conta. Para encerrar: haverá em breve uma reunião da Conmebol para decidir que punição será aplicada ao goleiro Abbondanzieri, pela confusão no fim do jogo contra o Estudiantes. Se eu fosse são-paulino, torceria muito pra ele ser absolvido.

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