sexta-feira, 7 de maio de 2010

O artilheiro sem dentes e o bandeirinha que marcou o que não viu.
O blog exige sacrifícios. Ontem eu vi Universidade do Chile e Alianza de Lima. O time chileno jogava pelo empate, já que tinha vencido a partida de ida no Peru. No primeiro tempo, o centroavante da equipe peruana abriu o placar e, na comemoração, apontava orgulhoso para o lugar onde faltam dentes em sua boca. Juro. No segundo tempo, o bicho pegou. O Universidade do Chile chegou ao empate e parecia que a classificação tava no papo. Mas lá pelos trinta minutos, o técnico argentino que dirige o Alianza de Lima pôs em campo um pesado atacante chamado Montaño. A essa altura, minha mulher estava vendo o jogo comigo. (Vocês pensam o quê? Casamento é assim. Na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença. Às vezes eu vejo Viver a Vida, às vezes ela vê os minutos finais de Universidade do Chile e Alianza de Lima.) Pois bem. Quando Montaño entrou, Valéria observou que ele tinha a barriga do Fenômeno e a bunda do Obina. O cara é habilidoso toda vida, mas não é à toa que só joga quinze minutos. Eu sei que, aos quarenta e dois, Montaño fez uma linda jogada pela direita e deixou o centroavante desdentado cara a cara com o goleiro chileno. Dois a um para o Alianza de Lima e o jogo parecia liquidado. Mas aos quarenta e seis, depois de uma engraçadíssima confusão na área, com braços e pernas sobrando pra tudo quanto é lado, e quem gosta de futebol morrendo de pena da bola, o chileno Seymour bateu, um dos zagueiros peruanos desviou de cabeça, o goleiro não pôde fazer nada. Havia dois jogadores do Universidade do Chile em posição de impedimento, mas nenhum dos dois interferiu na jogada. Só que, sem ter visto com certeza em quem a bola tinha batido, o bandeirinha não correu pro meio. O juiz foi lá falar com ele, pressão chilena, pressão peruana, argumentos daqui, argumentos de lá, até que o juiz confirmou o gol. Os caras de pau dos peruanos – que sabiam que a bola tinha sido tocada por seu próprio zagueiro – não se conformaram. Liderados pelo tal treinador agentino, então transtornado, partiram pra cima do juiz, o pau comeu de leve, entrou polícia e o jogo só recomeçou dez minutos depois. Enfim, Libertadores. Universidade do Chile é o adversário do Flamengo nas quartas de final.

2 comentários:

  1. Também vi esse jogo (não pelo blog q não tenho, mas acho q sou meio masoquista com futebol mesmo). O q mais me impressiona quando essas agressões e ameaças aos juízes ou jogadores do time visitante acontecem é que a Conmebol faz vista grossa e não pune exemplarmente. Um outro indício disso é o fato de que 2 (ou 3) cartões amarelos não suspendem um jogador da partida seguinte. Em alguns casos, tenho a impressão de que o fator campo funciona para eles (argentinos principalmente) muito mais do que para nós brasileiros, e acho q essa omissão da Conmebol agrava isso. Enfim, não desenvolvi muito a ideia, mas acho q pode ser objeto de um futuro post.

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  2. Tá certo sim, Thomas. Juntando essas e outras, a gente entende por que os times brasileiros ficaram tanto tempo sem se interessar pela Libertadores. Entrar em um torneio para apanhar, levar pedrada e ser roubado pelos juízes, quem queria? Você lembra como o time do Fluminense apanhou em um dos jogos da Copa Sul-americana do ano passado? E você sabe, rapaz, que já tá bem melhor? Pelo menos temos juízes apitando decentemente. Mas a Conmebol é mesmo uma piada.

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