sexta-feira, 17 de junho de 2011

Quinze dias de recesso.
O blog vai parar por quinze dias e o blogueiro vai viajar um pouquinho. O blog e o blogueiro voltam com tudo na primeira semana de julho. Até lá, fusões, aquisições, patrocínios e compras de opiniões podem ser negociados com a agente Camilinha Godinho. Até julho.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Primeira fora ou primeira em casa: o que é melhor?
Nas semifinais do Campeonato Brasileiro de noventa e cinco, o Fluminense ganhou do Santos por quatro a um no jogo de ida, no Maracanã, e imaginou que tivesse definido a parada. Mas na volta, no Pacaembu, Giovanni engoliu a bola, o Santos enfiou cinco a dois e eliminou o Fluminense. Pois bem. Aí veio o primeiro jogo da final, o Santos perdeu para o Botafogo por dois a um, e saiu do Maraca comemorando. Na volta, deu empate (um a um) e o Botafogo beliscou seu único título brasileiro até hoje. Quando a partida acabou, o goleiro botafoguense Wágner fez um desabafo: “nunca vi time nenhum sair de campo comemorando derrota”. Claro, há exceções: o Vasco perdeu na semana passada para o Coritiba e saiu comemorando o título, mas naquele contexto o desabafo de Wágner tinha razão de ser. 
Lembrei disso porque ainda não cheguei a uma conclusão sobre o que é melhor em jogos de mata-mata, se é jogar a primeira em casa ou fora. Agora mesmo, nas semifinais da Libertadores, os times me deixaram confuso. O Cerro Porteño perdeu o primeiro jogo para o Santos aqui no Pacaembu, por um a zero, e saiu fazendo festa, jogadores se abraçando etc. Na outra chave, o Peñarol ganhou do Vélez pelo mesmo placar, em casa, e também saiu comemorando. No final, os uruguaios estavam certos e os paraguaios estavam errados. Historicamente, sempre se considerou melhor decidir em casa, mas isso deixou de ser verdade. Dos seis confrontos em mata-mata que tiveram que superar – oitavas, quartas e semi – até chegar aonde chegaram, Santos e Peñarol fizeram a primeira partida em casa cinco vezes. 
O Santos entrou na final como favorito, e com o empate de ontem aumentou ainda mais o favoritismo. Creio que, na quarta que vem, vai diminuir um pouquinho a vantagem que o futebol argentino tem sobre o nosso em títulos da Libertadores.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Grande jogo do São Paulo, razoável do Corinthians, péssimo do Flamengo.
Vi os três primeiros jogos do São Paulo no Brasileirão. O time não jogou bem em nenhum mas ganhou todos, o que me fez pensar que teríamos mais uma temporada são-paulina naquele conhecido estilo de jogar mal e vencer, que deu certo até dois mil e oito mas parou de funcionar nos últimos dois anos. Sábado, entretanto, o São Paulo jogou muito bem. No início do ano, durante a fase classificatória do Campeonato Paulista, o time já mostrara um jeitão bacana em vários momentos, com um sistema defensivo firme e muita rapidez do meio pra frente. Essa mesma rapidez apareceu de novo no Morumbi contra o Grêmio. Sufocou o time gaúcho, saiu com velocidade para o ataque e poderia ter fechado o jogo já no primeiro tempo, o que só não aconteceu pela conhecida dificuldade em aproveitar as oportunidades que cria. Mas foi melhor o tempo inteiro e, mais importante que isso, fez um excelente jogo. Fiquem de olho no volante Wellington. Se confirmar no restante do campeonato tudo o que tem feito nessas primeiras rodadas, é jogador pra dar muito bom caldo. 
Gostaria de falar bem menos, aqui no blog, dos nossos treinadores – até porque não acho que tenham tanta importância assim – mas eles não permitem. Dessa vez foi Renato Gaúcho. Tá certo que o futebol dinâmico dos tempos de hoje exige jogadores polivalentes, mas ou o Grêmio tem um grupo de superdotados ou Renato enlouqueceu. Se eu errar em algum ponto, peço a meu amigo Beto Callage que me corrija, mas o Grêmio entrou em campo com Mário Fernandes (que é zagueiro central) na lateral direita, Neuton (que é quarto zagueiro) na lateral esquerda, Gabriel (que é lateral direito) no meio-campo, Lúcio (que é lateral esquerdo) também no meio-campo e Douglas (que é armador no estilo clássico, desses que cadenciam e pensam o jogo) de meia-atacante. O resultado de tanta invencionice foi que, no primeiro tempo, o Grêmio tomou um vareio de bola e Rogério Ceni, se quisesse, poderia estender uma rede de uma trave à outra, puxar um cobertorzinho e fazer quarenta e cinco minutos de siesta. No segundo tempo, depois que tirou Neuton e Gabriel, Renato conseguiu reajeitar um pouco as coisas, mas o time já estava entregue e o jogo resolvido. Aí ele taca o celular no chão, bica a caixa de gatorades, dá um monte de pitis à beira do gramado. Em vez desses tremeliques todos, seria melhor enfiar a viola no saco e reconhecer que quem começou a fazer tudo errado no sábado foi ele mesmo. 
O que escrevi sobre o Internacional, na semana passada, serve também para o início de campeonato do Fluminense. Um time apático, frio e de certo modo petulante, que acredita ser possível ganhar os jogos na hora que quiser. Não é. Não há time assim no atual futebol brasileiro, nem mesmo o Santos de Neymar e Ganso. O Fluminense convive, desde o início do ano, com um problema para o qual ele parece não ter solução: melhor jogador do time na conquista do Brasileirão de dois mil e dez e rotulado como craque – embora isto fique por conta da vulgarização da palavra craque – Conca não vem jogando nada. O time sente e acompanha. Ontem, a defesa bateu cabeça, Deco só apareceu quando pôs pela enésima vez a mão na coxa e pediu substituição, Fred foi de dar dó. Ninguém se salvou, mas a inconstância e a fragilidade do Fluminense em dois mil e onze atendem pelo nome de Conca. O Corinthians não fez muito, embora não dê para esperar muita coisa de um time que tem Danilo e Jorge Henrique na armação, mas fez o suficiente e liquidou a partida no oportunismo de Willian e na esperteza do Liédson. Enquanto Alex não estrear e arrumar a casa ali no meio, o time vai se valendo da vontade e somando pontos, o que é muito importante. 
Ele voltou. O Cagalhão Parrudo voltou. Quando a torcida do Flamengo pensava estar livre dessa praga, não é que Vanderlei Luxemburgo desenterra o cadáver e o coloca em campo na volta do segundo tempo? E o pior é que o disgramado ainda fez o gol do empate, um daqueles gols que o blog costuma definir como “até o Paulo Asano faria”. Ô joguinho ruim! Apesar de ter feito um mau primeiro tempo, o Flamengo conseguia se segurar. Mas quando o time voltou do intervalo com o Praga de Mãe no comando do ataque, pensei: perdemos. Tomamos o gol. Sorte é que, pouco depois, Adílson Batista resolveu colocar Cléber Santana pra segurar o jogo. Aí pensei: agora temos chance de empatar. Fizemos o gol. Entre todos os doze grandes clubes do nosso campeonato, o Flamengo é o que tem a pior dupla de zaga. Além disso, o time marca pessimamente – o que é um problema do treinador – e por isso faz um monte de faltas perto da área. Numa delas, Mádson fez o gol do Atlético Paranaense. Em outra, no finalzinho do jogo, Paulo Baier cruzou e Rafael Santos cabeceou no travessão. São noventa minutos de sofrimento, com aquela sensação de que o gol adversário vai sair a qualquer momento. Aí eu pergunto: se a zaga do Flamengo é tão ruim assim, onde estava o sabichão do senhor Vanderlei Luxemburgo, que no ano passado não viu o Wallace jogar no Vitória e o Rhodolfo no Atlético Paranaense? O Corinthians e o São Paulo viram. Se o Flamengo não tem atacante, onde estava o sabichão do senhor Vanderlei Luxemburgo, que no ano passado não viu o Willian jogar no Figueirense. O Corinthians viu. Será que esses jogadores custaram tão caro assim? E o que é caro, para um time que está tentando a contratação de Juan ou do Alex Silva, de Vágner Love ou do André? Como vocês veem: eu não quero falar dos técnicos, mas quem disse que eles deixam?

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Não mexam na Copa do Brasil.
O tema não é novo, mas com a eliminação precoce do Corinthians na Libertadores desse ano, voltou à tona. Muita gente propondo novas fórmulas para a Copa do Brasil, a fim de incorporar a ela os melhores times do país no ano anterior. Ou, pelo menos, para permitir que nela ingressem os que são eliminados até a fase de grupos da Libertadores. Sou contra. O que tem de mais legal na Copa do Brasil é, justamente, essa medida certa: o torneio tem sempre, e no mínimo, seis dos nossos grandes clubes (os desse ano foram Palmeiras, São Paulo, Botafogo, Flamengo, Vasco e Atlético Mineiro), e o mata-mata permite a clubes como Criciúma, Juventude, Santo André, Paulista de Jundiaí e Sport vencê-lo – o que seria quase impossível se tivéssemos os outros seis grandes na disputa. 
O que acho errado é o campeão da Copa do Brasil garantir vaga na Libertadores. Aí é demais. E já que gostamos tanto de macaquear os europeus, vale lembrar que isso não acontece em nenhum país da Europa: lá, as vagas para os torneios do continente são todas definidas pela classificação nas ligas nacionais. Copa é copa, e o valor dela está nela mesma. Ganhou, ganhou, parabéns. Comemora, faz festa, canta, dança e pula, leva bateria de escola de samba pra sede, distribui chope de graça. E pronto. 
O jogo de ontem foi sensacional. O Vasco está longe de ser um esquadrão, o Coritiba não tem nada do time espetacular que tentaram vender, mas a partida foi tensa, brigada, nervosa, como, aliás, tivemos um monte delas na Copa do Brasil. E o título do Vasco me fez pensar que o jogo-chave do torneio acabou sendo Avaí e São Paulo. Futebol é futebol, tá certo que acontece de tudo, mas creio que se houvesse um confronto direto entre Vasco e São Paulo, dificilmente o Vasco seguiria. Mas a Copa do Brasil é assim, é por isso que ela é bacana, não tem choro nem vela. 
É chato para os torcedores dos outros clubes cariocas acabar a brincadeira do eterno vice, mas é bom pro futebol da cidade ver o Vasco pós-Eurico ganhar alguma coisa. Aliás, vale o registro: com toda a bagunça, falta de estrutura, ratos que caem do telhado do vestiário, goleiro que vai preso, atacante que canta musiquinha de outro clube no ônibus da delegação, etc, etc, etc, mesmo com tudo isso o futebol carioca venceu os dois últimos Campeonatos Brasileiros e três das seis últimas Copas do Brasil. 
Imaginem se esses caras fizessem as coisas direito.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Futebol pela metade.
Depois dos espetaculares jogos nas copas de 74, 94, 98 e 2010, com duas vitórias pra cada lado, Brasil x Holanda se transformou num dos grandes clássicos do futebol mundial. Apesar da minha aversão a amistosos, esse é sempre um jogaço, e sempre interessa. Ainda no sábado, Fluminense x Cruzeiro reuniu campeão e vice do Brasileirão do ano passado, o que também garantia a importância da partida. Mas a verdade é que, naquela tarde, fiquei o tempo todo com Martin no colo, de onde ele só saiu – sob meus protestos – para se alimentar. Que futebol que nada. Domingo, de volta a São Caetano, foi possível acompanhar Flamengo x Corinthians, e dar uma olhada friorenta para América Mineiro x Internacional, jogo estranhamente realizado na capital do Mato Grosso do Sul. Depois esses times choram quando caem pra segunda divisão. 
Corinthians e Flamengo teve muito mais vontade do que competência, mas foi bom de ver. Fiquei com a impressão de que os dois ainda estão distantes do que é necessário pra se ganhar um campeonato como esse, mas a distância para o Flamengo é maior. O Corinthians, pelo menos, já tem reforços importantes confirmados – Alex, Emerson, Renan, Weldinho leva jeito, torço muito pelo Adriano –, enquanto o Flamengo continua patinando na falta de dinheiro e numa certa mania de grandeza. Mas como ainda temos o campeonato inteiro pela frente, aguardemos. 
Se eu soubesse o que viria logo depois, teria recomendado América Mineiro x Internacional a todos os amigos flamenguistas. A dupla de zaga do América Mineiro, Gabriel e Anderson, é o consolo dos rubro-negros. Os dois são ruins de arrepiar, e em cima da ruindade deles o Inter fez o jogo ficar fácil. Mas, ao contrário da imagem de valentia e comprometimento que sempre teve, o atual Internacional me deixou mais uma vez com a impressão de ser um time frio, sem identidade e sem alma – o que talvez explique coisas como as derrotas para o Mazembe e o Peñarol. Oscar e D’Alessandro são bons de bola, mas em muitos momentos do jogo parecem o que minha mãe chamava de “enfastiados”. Displicência, dispersão, falta de interesse, muito estranho. Quase conseguiram complicar um jogo em que fizeram três a zero com menos de vinte e cinco minutos. O Inter tem um bom elenco, mas precisa de uma chacoalhada. Se não, vai bater de novo na trave, como fez várias vezes nos ultimos trinta e um anos.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O nascimento de um craque.
Jó é um grande amigo de infância, desses que ficam pra toda a vida, e rubro-negro em estado absoluto. Pai da Larissa, da Thaís, da Mariana e da Ana Tereza, Jó já me disse algumas vezes que as cinco maiores alegrias da sua vida são o nascimento de cada uma das quatro filhas e o gol do Andrade que fechou o placar nos seis a zero sobre o Botafogo em oitenta e um, devolvendo a goleada e tirando um peso de nove anos. 
Aquilo doía. Era o melhor Flamengo de todos os tempos, show de bola de três em três dias, time que já tinha conquistado muita coisa e viria a conquistar tudo, mas sempre que a gente enfrentava o Botafogo, lá estava na arquibancada aquela maldita faixa com o trocadilho infame: NÓS GOSTAMOS DE VO6. Quando o chute de Andrade estufou o barbante do goleiro Paulo Sérgio, a atrevida faixinha foi aposentada e essa história acabou de vez. 
Jó tem razão. O futebol é uma fonte infinita de aprendizados e alegrias, mas ainda assim perde para algumas coisas que conseguem ser maiores que ele. 
Obrigado, Lucas. Obrigado, Clarice. Seja muitíssimo bem-vindo, Martin.