segunda-feira, 13 de junho de 2011

Grande jogo do São Paulo, razoável do Corinthians, péssimo do Flamengo.
Vi os três primeiros jogos do São Paulo no Brasileirão. O time não jogou bem em nenhum mas ganhou todos, o que me fez pensar que teríamos mais uma temporada são-paulina naquele conhecido estilo de jogar mal e vencer, que deu certo até dois mil e oito mas parou de funcionar nos últimos dois anos. Sábado, entretanto, o São Paulo jogou muito bem. No início do ano, durante a fase classificatória do Campeonato Paulista, o time já mostrara um jeitão bacana em vários momentos, com um sistema defensivo firme e muita rapidez do meio pra frente. Essa mesma rapidez apareceu de novo no Morumbi contra o Grêmio. Sufocou o time gaúcho, saiu com velocidade para o ataque e poderia ter fechado o jogo já no primeiro tempo, o que só não aconteceu pela conhecida dificuldade em aproveitar as oportunidades que cria. Mas foi melhor o tempo inteiro e, mais importante que isso, fez um excelente jogo. Fiquem de olho no volante Wellington. Se confirmar no restante do campeonato tudo o que tem feito nessas primeiras rodadas, é jogador pra dar muito bom caldo. 
Gostaria de falar bem menos, aqui no blog, dos nossos treinadores – até porque não acho que tenham tanta importância assim – mas eles não permitem. Dessa vez foi Renato Gaúcho. Tá certo que o futebol dinâmico dos tempos de hoje exige jogadores polivalentes, mas ou o Grêmio tem um grupo de superdotados ou Renato enlouqueceu. Se eu errar em algum ponto, peço a meu amigo Beto Callage que me corrija, mas o Grêmio entrou em campo com Mário Fernandes (que é zagueiro central) na lateral direita, Neuton (que é quarto zagueiro) na lateral esquerda, Gabriel (que é lateral direito) no meio-campo, Lúcio (que é lateral esquerdo) também no meio-campo e Douglas (que é armador no estilo clássico, desses que cadenciam e pensam o jogo) de meia-atacante. O resultado de tanta invencionice foi que, no primeiro tempo, o Grêmio tomou um vareio de bola e Rogério Ceni, se quisesse, poderia estender uma rede de uma trave à outra, puxar um cobertorzinho e fazer quarenta e cinco minutos de siesta. No segundo tempo, depois que tirou Neuton e Gabriel, Renato conseguiu reajeitar um pouco as coisas, mas o time já estava entregue e o jogo resolvido. Aí ele taca o celular no chão, bica a caixa de gatorades, dá um monte de pitis à beira do gramado. Em vez desses tremeliques todos, seria melhor enfiar a viola no saco e reconhecer que quem começou a fazer tudo errado no sábado foi ele mesmo. 
O que escrevi sobre o Internacional, na semana passada, serve também para o início de campeonato do Fluminense. Um time apático, frio e de certo modo petulante, que acredita ser possível ganhar os jogos na hora que quiser. Não é. Não há time assim no atual futebol brasileiro, nem mesmo o Santos de Neymar e Ganso. O Fluminense convive, desde o início do ano, com um problema para o qual ele parece não ter solução: melhor jogador do time na conquista do Brasileirão de dois mil e dez e rotulado como craque – embora isto fique por conta da vulgarização da palavra craque – Conca não vem jogando nada. O time sente e acompanha. Ontem, a defesa bateu cabeça, Deco só apareceu quando pôs pela enésima vez a mão na coxa e pediu substituição, Fred foi de dar dó. Ninguém se salvou, mas a inconstância e a fragilidade do Fluminense em dois mil e onze atendem pelo nome de Conca. O Corinthians não fez muito, embora não dê para esperar muita coisa de um time que tem Danilo e Jorge Henrique na armação, mas fez o suficiente e liquidou a partida no oportunismo de Willian e na esperteza do Liédson. Enquanto Alex não estrear e arrumar a casa ali no meio, o time vai se valendo da vontade e somando pontos, o que é muito importante. 
Ele voltou. O Cagalhão Parrudo voltou. Quando a torcida do Flamengo pensava estar livre dessa praga, não é que Vanderlei Luxemburgo desenterra o cadáver e o coloca em campo na volta do segundo tempo? E o pior é que o disgramado ainda fez o gol do empate, um daqueles gols que o blog costuma definir como “até o Paulo Asano faria”. Ô joguinho ruim! Apesar de ter feito um mau primeiro tempo, o Flamengo conseguia se segurar. Mas quando o time voltou do intervalo com o Praga de Mãe no comando do ataque, pensei: perdemos. Tomamos o gol. Sorte é que, pouco depois, Adílson Batista resolveu colocar Cléber Santana pra segurar o jogo. Aí pensei: agora temos chance de empatar. Fizemos o gol. Entre todos os doze grandes clubes do nosso campeonato, o Flamengo é o que tem a pior dupla de zaga. Além disso, o time marca pessimamente – o que é um problema do treinador – e por isso faz um monte de faltas perto da área. Numa delas, Mádson fez o gol do Atlético Paranaense. Em outra, no finalzinho do jogo, Paulo Baier cruzou e Rafael Santos cabeceou no travessão. São noventa minutos de sofrimento, com aquela sensação de que o gol adversário vai sair a qualquer momento. Aí eu pergunto: se a zaga do Flamengo é tão ruim assim, onde estava o sabichão do senhor Vanderlei Luxemburgo, que no ano passado não viu o Wallace jogar no Vitória e o Rhodolfo no Atlético Paranaense? O Corinthians e o São Paulo viram. Se o Flamengo não tem atacante, onde estava o sabichão do senhor Vanderlei Luxemburgo, que no ano passado não viu o Willian jogar no Figueirense. O Corinthians viu. Será que esses jogadores custaram tão caro assim? E o que é caro, para um time que está tentando a contratação de Juan ou do Alex Silva, de Vágner Love ou do André? Como vocês veem: eu não quero falar dos técnicos, mas quem disse que eles deixam?

14 comentários:

  1. Claro, Saud, claro: dois mil e oito (eu tinha escrito noventa e oito). Valeu.

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  2. Murta, dos jogos que você citou assisti apenas o jogo do São Paulo e nada a acrescentar, mas sei não, será que o Renato Gaúcho andou almoçando com o Carpegiani no sábado? O Renato tá ficando igualzinho, a direfença é que o técnico do Grêmio gosta de se mostrar. Contudo, se o Douglas não erra aquele passe no meio que gerou o segundo gol do São Paulo o jogo poderia ter terminado empatado.
    Trabalhei na Folha no sábado e vi Bahia x Atlético/MG e Atlético/GO x Ceará. O primeiro bem disputado apitado por um juiz e auxiliares péssimos. No segundo jogo, disputa acirrada para ver quem cai com Avaí e América/MG.
    Quanto ao Corinthians, dizem que jogou para o gasto, o mais importante é que está ganhando pontos, sem convencer muito, mas está e o Tite parece que parou de inventar um pouco....com a estréia do Alex acho que vamos dar trabalho, um passo de cada vez...rsss.
    Abraços

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  3. Entao vamos combinar q o São Paulo jogou bem pq o Gremio foi uma bosta? é isso??? Cara sei-la to achando tds esses times uma merda..... tirando o Santos e tudo uma bosta.....
    Quanto ao meu time ... sera q o Mano viu o jogo?? sera q ele viu q o Fred é um merda q e fode o time?? enfim o Flu não é problema meu mas o Brasil é e esse car anum pode ser convocado.....
    Murta o Jorge Henrique não joga na armação!!! ele é terceiro volante...... o povo tem mania de achar q ele é atacante. ta doido....... Aí o Willian fz dois gols ontem (vem jogando bem) e hj ja vi uma materia dele reclamando q só sobrou a camisa 7 pra ele ......... Tomanocu...... ja ta se achando...... daqui a 2 jogos vai virar chinelinho......
    Agora o Palmeiras PELAMORDEDEUS!!!! os caras viraram o jogo e ai leva o empate nos 47....... ta doido........

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  4. Thomas, matemático do futebol13 de junho de 2011 às 12:03

    Fazendo uma projeção bastante embasada, com base nos resultados até aqui de todos os times do Brasileiro preciso mandar um alerta ao Luxa. Aliás, dois.
    1) 40 pontos (1 vitória sobre o mistão do Avaí + 37 empates) dificilmente serão suficientes para escapar do rebaixamento.
    2) No Brasileirão, os empates não levam à disputa de pênaltis. É preciso vencer.

    E num comentário à parte: o Vélez, que eu tanto queria ver na final da Libertadores com o Santos, acabou de ser campeão argentino. Pelo menos já garantiram vaga pra Liberta do ano que vem.

    Abs

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  5. Luiz Eduardo,
    Sim, o erro do Douglas foi fatal, mas a verdade é que o Grêmio tinha achado aquele gol de empate, sabe Deus como. E o São Paulo só não matou o jogo ainda no primeiro tempo, como escrevi no post, porque o time tem sérios problemas de conclusão. Mas aí estamos falando de bolas que entraram e que não entraram - que são as que definem os jogos, claro -, só que o surpreendente mesmo foi a rapidez do São Paulo, que não tinha aparecido nos jogos contra o Fluminense, o Figueirense e o Atlético Mineiro. Estamos no comecinho do campeonato, é cedo pra falar qualquer coisa de qualquer time, mas que no sábado o São Paulo jogou muito bem, jogou.

    Magalha,
    Vou cair no clichê, paciência, mas o certo é que não tem jogo fácil no Brasileirão. O primeiro tempo do Grêmio foi ruim mesmo, mas se você não fizer a sua parte, a coisa não vai. Por exemplo: o Atlético Paranaense não jogou nada contra o Flamengo, mas o Flamengo conseguiu jogar pior ainda. Você tem toda razão quanto ao Willian e ao Fred. Willian me parece bom atacante, mas é assim que as coisas funcionam hoje no futebol brasileiro: o cara faz dois gols no domingo, na quarta-feira já quer se transferir para o Manchester United. Não acho Fred mau jogador, mas seleção é seleção. E pra quem se acostumou com Careca, Romário e Ronaldo, estamos muito mal de centroavante.

    Thomas,
    Pois é. Claro que isso nunca vai acontecer, mas em tese um time pode terminar o Brasileirão invicto, com trinta e oito empates, e cair pra segunda divisão. Trinta e oito pontos levam direto pra segundona. O time está simplesmente horroroso. Também gostaria que o Vélez estivesse na final da Libertadores, não consegui ver nada demais no Peñarol, mas os caras passaram por duas pedreiras - Internacional e Vélez -, em partidas decididas fora de casa. O Santos é favorito, mas tem que abrir o olho e jogar sério.

    Abraços gerais e, mais uma vez, obrigado ao Saud pelo cuidado na revisão.

    PS: Alguém sabe do Jaime? Sumiu.

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  6. Sobre o comentário do Gremio, nada pode ser menos do que perfeito. Entre tantas máximas geniais do futebol, tem essa : treinador que mexe bem, escala mal.
    Viu meu comentário no teu post "Nascimento de um craque "?
    abração !

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  7. Amigo Beto:

    Foi mal aí, mas acho que passei mesmo batido pelo comentário que você citou. Bota na conta do Martin. De qualquer modo, vou lá dar uma olhada. Quanto a esse último, outro dia escrevi um post que falava do Wagner Mancini (depois do jogo Ceará e Flamengo, em Fortaleza, pela Copa do Brasil) e do Falcão (depois do Gre-Nal que decidiu o estadual). E nossos ingênuos comentaristas ainda ficam, como se diz aqui em São Paulo, pagando pau para esses técnicos que nada mais fazem além de corrigir a própria teimosia.
    Grande abraço e domingo a gente se vê, certo?

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  8. Trago pro blog a digressão do twitter (e que saiu do blog):

    Nos últimos anos o "corte" da segundona tem sido nos quarenta e pouquinhos. Um time com 1V+37E vai tirar MUITOS pontos dos demais... Será que ele não se segura na 1ª não? Claro que vai tirar mais pontos de quem tá em cima, mas me arrisco a dizer que vai ficar na briga até o fim (e talvez fique na 1ª).

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  9. Thomas, ainda matematizando14 de junho de 2011 às 11:01

    Jorge,
    quanto ao Jaime, deve estar ocupado montando o time dele no Cartola. O rapaz anda imbatível por lá.

    Saud,
    um time que empate todos os seus jogos, sem dúvida, tiraria muitos pontos dos adversários, mas qual seria a importância disso na conta geral. Primeiro, estamos falando apenas de um confronto em 19, no qual o "outro" time perderia no máximo 4 pontos. Entenda confronto aqui como os 2 jogos, ida e volta.

    O aproveitamento dos últimos campeões tem variado em torno de 60-70%, trazendo isso para um confronto, seria o equivalente a 4 pontos ganhos (1v e 1e), portanto, 2 perdidos. Na parte inferior da tabela, o efeito deve ser ainda menor, dado que os times por ali têm um aproveitamento de uns 30-35%, 2 pontos por confronto portanto.
    Assim, pelo menos na minha cabeça, o efeito desse time (1V+37E) seria praticamente nulo para efeito de corte na zona de rebaixamento, o que deve significar que esse time provavelmente cairia.
    Brigaria até o final, mas se não ganhar e apenas empatar seus 2 ou 3 últimos jogos, imagino que caia sim.

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  10. Thomas: você tá certo. Pelo seguinte:

    Os dois anos desde 2006 em que o tal time talvez tivesse chance de ficar na primeirona (2006 e 2010) são justamente os anos em que a diferença entre os 4 de cima e os 4 de baixo é maior -- isso foi melhor preditor da nota de corte do que: pontos do campeao, pontos do ultimo, média ou mediana, pontos dos top4, e pontos dos bottom4 (tomados individualmente).

    O que a gente precisa é que o time grande que perdeu ponto para o nosso time "cobaia" lá de baixo ganhe muitos pontos dos demais times lá de baixo, algo como um "correr atrás do ponto perdido" por parte dos lá de cima. Ou seja: idealmente, os grandes fazem o mesmo número de pontos mas os times de baixo da tabela fazem bem menos: a tabela é "esticada pra baixo" e nosso time fica acima da linha de corte.

    Se não acontecer algo parecido com esse "correr atrás", acontece o que você falou, e a gente vai ter o oposto: um "achatamento" de toda a tabela: os times de cima com 2 ou 4 pontos a menos do que teriam de outra forma, a galera lá do meio uns 2 pontos abaixo, e a galera que compete diretamente com ele muito próxima de onde estaria de qualquer jeito: a dispersão cairia, a nota de corte, se caísse, cairia muito pouco, e nosso time iria pra segundona.

    Agora, como a gente sabe que para um time ser capaz de fazer essa campanha PERFEITA ele tem que ter bastante qualidade, é razoável supor que, a priori, ele brigaria pelo título: dessa forma, tirando a nossa cobaia do "pool" de times grandes, é MENOS provável, e não mais, que o conjunto de times que está lá na frente arranque esses pontos adicionais dos demais times pequenos.

    Então, concordo com você: um time que vença uma partida e empate as demais 37 cairia para a 2ª divisão.

    E assim se foi minha última hora de trabalho.

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  11. E a essa altura, suponho, o Jaime já morreu de desgosto por ver o amado blog tomado por essas PVCzices.

    Não o culpo.

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  12. Seguem, daqui, os sinceros agradecimentos do blog ao curso de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Os comentários acima são a prova definitiva de que os pais do Thomas e do Saud não gastaram em vão aquela dinheirama toda das mensalidades.

    Abraços.

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  13. Dá mesmo forma que você falou do Renato Gaucho, o Tite também está nessa onda de "invencionices". O Jorge Henrique não é armador. E hoje ouvi que ele pensa em colocar Alex para jogar tanto no meio, como atacante... Atacante??? Mas o que esse cara tá pensando? Assim não dá.

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  14. Pois é, Rodney: são quase todos eles. Aí chega um cara simplesinho que nem o Andrade, faz o feijão-com-arroz bem feitinho e fica com o título, como aconteceu em dois mil e nove. Mas não adianta, eles não aprendem.
    Abraço.

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