segunda-feira, 31 de maio de 2010

O horror. O horror.
Sábado, 29 de maio. Flamengo e Grêmio no Maracanã. Aos dois minutos do segundo tempo, o Flamengo vence por um a zero, Petkovic domina a bola um pouco além do meio-campo e lança sob medida para Vágner Love. O atacante faz, então, a jogada que é sua marca registrada: se enfia em velocidade entra os zagueiros, ganha na corrida, entra livre na área e bate em cima do goleiro. Isso acontece em quase todos os jogos. A partir daí, eu tive que pedir a meu enteado Gabriel, que tem apenas onze anos, que saísse da sala e fosse brincar lá fora, porque o Flamengo passou a encenar um dos maiores festivais de horrores que o velho Maraca já pôde presenciar. Começou logo depois, aos seis. O zagueiro Rodrigo já fez vários gols de cabeça desde que chegou ao Grêmio, inclusive um golaço no primeiro jogo da decisão do Campeonato Gaúcho contra o Inter. Apesar de todo mundo saber disso, houve um escanteio contra o Flamengo e Rodrigo foi marcado por Camacho, um meia-armador esmirradinho, sem cacoete defensivo e que até agora tem tremido feito vara verde com a camisa do time principal. Rodrigo subiu, Camacho não, um a um. Aí virou filme de terror. Bruno dando chutões para o alto, talvez sem perceber que Adriano já foi para o Roma e que Vágner Love deve ter a minha altura. David chutando o vento e descendo a madeira. Léo Moura e Juan errando tudo. Ronaldo Angelim se atrapalhando em todas. Vinícius Pacheco caindo em cada lance. Aliás, eu gostaria de ver um ataque formado por Vinícius Pacheco, Dentinho e Neymar, porque seria uma experiência única na história do futebol: um ataque que joga deitado. Mas o filme continuou, e olha que o roteirista estava inspirado: quando a gente achava que já tinha visto tudo, Ramón entra em campo. Agora não tem mais como piorar, certo? Errado: vem aí Gil. O segundo tempo do Flamengo fez “Atividade paranormal” parecer uma açucarada comédia romântica. E o mais espantoso é que, depois do jogo, o técnico Rogério Lourenço declarou ter percebido uma espécie de evolução no time. This is the end.
PS: Bruno Mezenga já foi emprestado para o Legia Varsóvia, mas ainda faltam sete: David, Vinícius Pacheco, Gil, Ramón, Michael, Fernando e Dênis Marques não podem vestir a camisa de nenhum clube grande do Brasil. Os três últimos não jogaram sábado, mas mantra é mantra.

2 comentários:

  1. Grande Murta!
    Você sabe do esforço que faço para me tornar um homem sóbrio. Mas não dá. Imagina que eu tava em casa, aqui em Vitória, recém operado da vesícula, que é um órgão como metade desse time do Flamengo - não serve pra pôrra nenhuma. Imagina, eu ali, convalescente, recebendo a visita dos meus dois filhos rubro-negros, xingando aquela cambada de bosta que não sabe dar um passe de meio metro sem armar um contra-ataque pra foder com meu coração......não dá, Murta! Acabou com a minha bilis.
    Mas é o tal negócio: um dia amargo, outro doce.
    Vem o Zico aí. O desespero é tão grande que, mesmo sabendo que ele não vai entrar em campo, sinto um sorriso tomar conta do meu rosto. Pelo menos vamos ter alguém com a percepção de que tem gente que pode jogar no Flamengo e tem gente que não. Eu tô vivo, escapei da operação, do jogo contra o Grêmio e espero superar o do Parmêra.
    Que Deus te abeçoe e abençoe o Zico.
    Grande abraço do cumpadre desvesiculado, Valois.

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  2. Valois, você tocou no ponto-chave: alguém com percepção de que tem gente que pode jogar no Flamengo e tem gente que não. Alguém que entenda de futebol, porque nadadora entende de natação, né?
    Abraços e boa recuperação.

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