segunda-feira, 24 de maio de 2010

O título da Liga dos Campeões da Europa fica com o futebol italiano. Italiano?  
Na final da Liga dos Campeões contra o Bayern de Munique, a Inter de Milão entrou em campo com a seguinte escalação: no gol, o brasileiro Júlio César; na zaga, os brasileiros Maicon e Lúcio, o argentino Samuel e o romeno Chivu; no meio-campo, os argentinos Zanetti e Cambiasso, o macedônio Pandev e o holandês Sneijder; na frente, o camaronês Eto’o e o argentino Diego Milito. Tudo bem, o time só tem gringo, mas o treinador, o timoneiro, aquele que traça a estratégia, monta o esquema de jogo e organiza tudo, esse deve ser italiano, certo? Errado: o técnico da Inter de Milão é o português José Mourinho. 
Além de representar uma claríssima e indiscutível vitória da globalização nos gramados de futebol (mais uma vez recomendo o livro “Como o futebol explica o mundo”, de Franklin Foer), a conquista da Inter traz uma lição importante pra nós, brasileiros, que nos viciamos em ver o futebol como um esporte exclusivamente ofensivo. Não se pode creditar o título da Inter ao acaso, à sorte, a erros de arbitragem, nada disso. 
Outro dia vi numa dessas mesas redondas que o Chelsea foi o primeiro time a fazer mais de cem gols no campeonato inglês em quase cinquenta anos. Pois a Inter foi lá e eliminou o Chelsea, vencendo os dois jogos. O Barcelona tem o Messi, o Xavi, o Iniesta, o suposto casal Piquet e Ibrahimovic (esse povo fala demais: eles só estavam se consolando após a eliminação na Liga dos Campeões). Pois o Barça é mesmo um timaço, mas a Inter foi lá e passou por ele. E para completar o serviço, não tomou conhecimento do Bayern de Munique. Tudo isso com um futebol de marcação acima de tudo, clarividência na armação (Sneijder joga muito, olho nele nessa Copa) e bom percentual de aproveitamento das oportunidades. Espetáculo? Nananinanão. Não esperem isso da Inter de Milão. 
Agora, pra quem acha a Libertadores a coisa mais sensacional que existe na face da terra, a decisão de sábado deve ter sido um choque de realidade. Vamos pegar só um exemplo das quartas de final das duas competições: pela Liga dos Campeões da Europa, o Bayern de Munique eliminou o Manchester United jogando no fantástico Old Trafford, em Manchester. Nas quartas de final da Libertadores da América, o Universidad de Chile eliminou o Flamengo no valoroso Estádio Santa Laura. Se quisessem gravar esse último comercial do Itaú-Unibanco lá, acho que não cabia. Santa Laura deve ser a padroeira das peladas, dos gramados horrorosos e dos torcedores que atiram objetos não identificados nas cabeças dos jogadores adversários. 
Voltando à final, o que dizer do Bayern de Munique? Sem Ribéry, é o time de uma nota só: Robben pega a bola na direita e sai cortando pra dentro, até abrir espaço pra finalizar com a perna esquerda. É pouco. O zagueiro Demichelis foi imperdoavelmente desatento no lance do primeiro gol, e seu companheiro Van Buyten revelou enorme ingenuidade no corte que levou de Milito no segundo. 
E pra finalizar: a provável ida de José Mourinho para o Real Madrid demonstra, uma vez mais, o desprezo que os europeus sentem por esse Mundial Interclubes que valorizamos tanto. Aliás, José Mourinho é tudo aquilo que Vanderlei Luxemburgo sempre quis ser na vida, não?

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