sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A torcida do São Paulo está presa na armadilha que ela mesma montou. 
Algo me diz que essa história começou assim: depois de ganhar o Brasileirão em 91 e a Libertadores em 92 e 93, o São Paulo entrou em um período de seca, só encerrado com a terceira vitória na Libertadores, em 2005. Justo no ano em que o Corinthians acabaria conquistando seu quarto título brasileiro, superando o São Paulo na competição. Junte-se a isso o fato de o Corinthians jamais ter vencido a Libertadores, e pronto: estava montado o briefing, e a torcida tricolor passou a vender a qualquer custo a ideia de que o único campeonato que interessa é a Libertadores. 
Quis o destino – ou, para ser justo, a organização e a competência são-paulinas – que o time do Morumbi ganhasse os três brasileiros seguintes, em 2006, 2007 e 2008. Só que aí a armadilha já estava instalada. A própria torcida do São Paulo acabou acreditando na teoria criada para azucrinar os corintianos e se convenceu de que, se não for a Libertadores, nada mais importa. O São Paulo vence três vezes seguidas o campeonato mais disputado do mundo, e pouco importa. (Tanto que o técnico foi demitido, mesmo com a faixa de tricampeão brasileiro no peito, depois de mais uma eliminação na Libertadores.) O São Paulo entrega o Brasileirão 2009 de bandeja, com sua forte defesa tomando sete gols em dois jogos, e não importa. O São Paulo passa o ano jogando pedrinha, e não importa: vêm aí os seis jogos decisivos da Libertadores que irão nos redimir. 
Nesses sete meses e cinco dias de 2010, o São Paulo fez duas boas partidas: as duas contra o Cruzeiro, pelas quartas de final da Libertadores. Só. No dia seguinte à pior apresentação que eu já vi do time, no empate em zero a zero com o horroroso Universitário de Lima, no Morumbi, quando o São Paulo seguiu na competição devido à vitória nos pênaltis, torcedores vestiam orgulhosamente a camisa tricolor enquanto corriam aqui no Parque Chico Mendes. A atuação na noite anterior fora vergonhosa, mas não importa: o time seguia na Libertadores, e isso é o que vale. 
Pois agora a torcida do São Paulo está aí nessa encrenca. Foi a quinta eliminação consecutiva na Libertadores, todas para times brasileiros – o que em breve talvez venha a ser assunto de mais um post. E não tem remédio, porque não adianta ganhar o Brasileirão, o Paulista, a Copinha, nada, nem mesmo se for um título atrás do outro. 
Pra sair dessa enrascada, tenho um conselho: contratar um meia de verdade. Não tem? Tem sim, basta procurar direitinho. Difícil vai ser convencer o Rogério Ceni de que o time pode ter um ídolo maior do que ele.

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