terça-feira, 17 de agosto de 2010

O melhor time do futebol brasileiro é o do Delcir. 
Em recente programa esportivo da ESPN, o âncora perguntou ao jornalista Paulo Vinícius Coelho o que estava por trás do sucesso do Avaí. PVC respondeu na lata: a LA Sports. E completou: LA Sports é a mesma empresa que esteve na retaguarda do Paraná quando o time fez um ótimo Brasileirão em 2006 e ficou com uma das vagas para a Libertadores 2007. Só que adiantou pouco. O Paraná não passou da fase de grupos na Libertadores, não montou uma boa estrutura, começou a despencar e hoje está em décimo lugar na segunda divisão, distante oito pontos da zona de classificação. 
É por essas e outras que sou a favor da subida e descida exclusivamente pelo critério de ranking, o que reduziria o aventureirismo. Todos sabemos que o futebol se transformou num negócio de cifras estonteantes, e onde há muito dinheiro nunca há ingenuidade. Mas as coisas deveriam ter um limite. 
Com a possível exceção do São Paulo, os grandes times do futebol brasileiro se armam com a ajuda de empresas ou de empresários. Outro dia vi o lateral Kléber, do Inter, dizer que os direitos federativos dele pertenciam ao Delcir. “Direitos federativos” equivalem, hoje, ao que a gente conhecia como “passe” no passado. E Delcir é o empresário Delcir Sonda, dono de 50% dos direitos do Bruno César, 22% do Dentinho, 10% do D’Alessandro, 10% do Taison, 45% do Ganso e 40% do Neymar. Repito: não há como olhar com ingenuidade para todo o volume de dinheiro que passou a girar em torno da bola, mas será esse um modelo adequado para a reestruturação do futebol brasileiro? 
Em 2004, o apaixonado presidente da Unimed resolveu fazer o Fluminense ganhar tudo e montou um time com Romário, Edmundo, Roger, Ramón e Léo Moura. Só que a receita era esdrúxula: enquanto os jogadores contratados pela Unimed ganhavam uma fortuna e recebiam rigorosamente em dia, os outros tinham salários muito menores e constantemente atrasados. Não há time de futebol que resista, e o Flu não chegou sequer à final do Campeonato Carioca. 
Mas há algo mais perverso nessa história do Avaí e do Paraná: clubes grandes como o Vasco, o Palmeiras, o Grêmio, o próprio Fluminense podem passar por períodos turbulentos, mas não deixam de ser grandes. Seguem em frente e, daqui a pouco, voltam a vencer. Se alguém virou rubro-negro no ano passado por causa do título brasileiro e está decepcionado com o lamentável time desse ano, em breve vai se alegrar novamente (toc-toc-toc). Mas, e se um garoto de Curitiba começou a se interessar por futebol em 2006, vibrou com a campanha do Paraná, escolheu o time para torcer e agora o vê em queda livre rumo ao precipício? E se amanhã a LA Sports realiza os lucros e abandona o Avaí, como parece ter feito com o Paraná? 
Sei lá. É difícil apontar um caminho diferente, mas é fácil constatar que esse que está aí não serve.

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