quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Libertadores, mostra tua cara.
Estava disposto a torcer pelo Chivas, mas não vai dar não. Se for pra torcer por time ruim, já tenho o meu e me basta. Nada contra o Inter, mas quem costuma ler o blog sabe da minha implicância com a importância que a Libertadores passou a ter na vida futebolística brasileira. E como idiossincrasia é – que nem amigo – coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, gosto de colecionar fatos e argumentos que deponham contra o torneio e exponham suas mazelas. (É claro que quando o Flamengo estiver bem e com boa chance de disputar o título, vou achar Libertadores o máximo. Mas como Zico já alertou que isso é coisa para, no mínimo, quatro ou cinco anos, há tempo de sobra pra continuar implicando.) 
Começo pelos dois times que estão na decisão. Enquanto todo mundo se quebrava na fase de grupos, o Chivas aterrissava diretamente nas oitavas de final, devido ao risível critério da gripe suína. Lamentável. Por outro lado, se levarmos em conta o conceito de placar agregado – que é o que vale num mata-mata em dois jogos – o Inter, simplesmente, não ganhou de ninguém. Nas oitavas, o placar agregado foi três a três com o Banfield; nas quartas, dois a dois com o Estudiantes; na semifinal, dois a dois com o São Paulo. Acho o time do Inter muito forte e o considero um dos grandes candidatos à conquista do Brasileirão 2010, mas a verdade é que, na Libertadores, o Inter não venceu nenhum dos três duelos a partir das oitavas de final. E só chegou à decisão por conta do critério do “gol fora vale dois”, tão discutível que é abandonado no momento mais importante do torneio. Ah, mas todo mundo sabe que o regulamento é assim. Certo, mas o fato de todo mundo saber não significa que ele seja correto. 
Temos outras aberrações. Jogos são disputados em cidades com mais de quatro mil metros de altitude, a única coisa capaz de explicar a derrota da seleção argentina para a seleção bolíviana por seis a um, nas eliminatórias da última Copa. Diego Souza, que participou do jogo da nossa seleção lá, disse que mal conseguia se mexer em campo, de tanta dor de cabeça. Onde está a esportividade disso? 
E o que dizer da primeira partida da final disputada em campo de grama sintética, com os jogadores calçando aquelas chuteirinhas que a gente usa pra brincar no Playball? E o estádio em que o Flamengo enfrentou a Universidade do Chile, coisa de fazer qualquer cidadão sulsancaetanense sentir um imenso orgulho do Anacleto Campanella? E existe algo mais sem pé nem cabeça do que essa história de que, se um time mexicano for campeão, não disputa o mundial de clubes no final do ano? 
Agora, preciso confessar que tem uma coisa de que eu gosto muito na Libertadores: o critério de arbitragens. O juiz de ontem, o argentino Hector Baldassi, deveria ser convidado para uma temporada de palestras e aulas práticas aqui no Brasil, para que os nossos fresquíssimos juizinhos aprendessem como é que se apita jogo de futebol. 
Para terminar o post e arredondar o texto, explico a ideia inicial de torcer pelo Chivas, e repito: nada contra o Inter. Mas eu acho ótimo quando a Libertadores é conquistada por Once Caldas, Olímpia, LDU e coisas do gênero. Sempre que um timeco desses leva a taça, fica um pouquinho mais exposta a verdadeira cara do torneio.

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