segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Pílulas do final de semana.
Não acredito em reencarnação, mas posso estar enganado. Se estiver, na próxima oportunidade eu gostaria de vir Val Baiano. A vida do cara é uma teta. É um jogador de futebol que se movimenta num espaço menor do que o meu quarto e passa o jogo inteiro conversando com os companheiros, tentando convencê-los a enfiar uma bola pra ele, nesse espaço menor que o meu quarto e de frente pro gol. Aí ele manda a bola pra dentro – supostamente, claro, porque em quatro jogos como titular do Flamengo isso ainda não aconteceu –, fica com a fama de homem-gol e belisca um salário que deve estar em torno dos cem mil reais. Vidão. 
A presença de Mano Menezes no jogo entre Botafogo e Avaí parece ter sido mau negócio para Jobson e Maicosuel. Jobson teve a pior atuação desde a sua reestreia e Maicosuel, apesar de ter cavado mais o jogo, também não esteve bem. Há um pouco de exagero na pretensão de ambos em ser lembrados para a seleção brasileira, mas aí é aquela história: a torcida esperneia, a imprensa põe lenha na fogueira, a onda cresce, etc. Mas o fato é que os dois vinham jogando muito. E sábado no Engenhão, com Mano na plateia, os dois sumiram. 
Na derrota de ontem para o Atlético Paranaense, na Arena da Baixada, o técnico Rogério Lourenço pôs em campo os quatro jogadores que têm se revezado com inigualável incompetência no ataque do Flamengo. No primeiro tempo, Leandro Amaral e Val Baiano. No segundo, Vinícius Pacheco e Cristian Borja. Como, em breve e se Deus quiser, o ataque rubro-negro será formado por Deivid e Diogo, ficou a impressão de que o treinador usou uma estratégia típica de pré-temporada, pra ver quem poderia ser utilizado como reserva. Rogério Lourenço perdeu seu tempo e esgotou minha paciência. Leandro Amaral, Val Baiano, Vinícius Pacheco e Cristian Borja deixaram claro, mais uma vez, que não podem vestir a camisa de nenhum clube grande do Brasil. 
É difícil falar qualquer coisa sobre jogos de futebol que se transformam em massacres. Corinthians e São Paulo foi um massacre. Além dos três gols corintianos, Rogério Ceni fez três defesas sensacionais, em chutes de William, Bruno César e Alessandro. Enquanto isso, do outro lado, o goleiro Júlio César só espiava o jogo. O Corinthians fez um partidaço, e o São Paulo apenas confirmou que, pelo menos até agora, é a maior decepção do Campeonato Brasileiro. Com o futebol que vem jogando e a campanha que vem fazendo, o time do Morumbi já desponta como o grande favorito para a Copa do Brasil do ano que vem. 
Fernandão é um jogador inteligente, de porte elegante, toques bonitos e pouca utilidade. A torcida do São Paulo se encantou e se iludiu com uma estreia em que tudo deu certo – essas coisas acontecem com frequência no futebol –, contra o Cruzeiro pela Libertadores, só que o sucesso durou pouco. Fernandão foi um excelente atacante, mas já há um certo tempo vem vivendo do que fez até 2006. Saiu do Inter em 2008 numa fase péssima e logo depois de ter falhado nos dois gols do Sport que eliminaram o time gaúcho da Copa do Brasil – coisa rara na vida de um atacante. Seu retorno ao futebol brasileiro, no ano passado, esteve longe de ser o que ele imaginava: o Inter não o quis de volta e sua temporada no Goiás foi tão malsucedida que o time chegou a cair de produção depois que ele entrou. Como sou flamenguista, não tenho do que reclamar: Fernandão fez um dos gols na vitória do Goiás sobre o São Paulo que pôs o Flamengo na liderança do Brasileirão 2009, a uma rodada do final. Mas acho que, talvez pela posição em que atua e apesar do seu belo estilo, não dá mais pra ele jogar em time de ponta. 
Espreme daqui, espreme dali, o que Sérgio Baresi fez de diferente no comando do São Paulo foi trocar o primeiro volante. Casemiro pode até ser muito bom de bola, mas todo mundo sabe que o maior problema do São Paulo é na armação, e não na proteção à zaga. Calejado ou iniciante, badalado ou desconhecido, parece que a única coisa que os nossos treinadores sabem fazer é trocar um volante por outro. 
O gol de Elias contra o Flamengo e os dois gols que ele fez ontem contra o São Paulo deixam no ar uma pergunta inquietante: será que Mano Menezes vinha escalando Elias na posição errada? 
Domingão velho de guerra, eu já tinha visto Atlético Paranaense x Flamengo e Corinthians x São Paulo. Interessado na possível estreia do Deco, e porque gosto muito dos atacantes Emerson e Zé Roberto, botei Fluminense e Vasco para gravar. Mas quando me preparava para assistir à terceira partida do dia, percebi que minha mulher consultava sorrateiramente a lista telefônica, com certeza à procura do número de algum hospital psiquiátrico. Desisti da ideia e achei melhor começar a leitura de “Homem comum”, do Philip Roth, emprestado por meu amigo Gobato. Mas tudo leva a crer que foi um jogão.

2 comentários:

  1. Meu amigo Murtinho sou fã do blog e leio diariamente, concordo com a grande maioria dos seus comentários, mas este seu último referente ao hospital psiquiátrico não tive como não comentar, este vc acertou em cheio. Grande abraço e parabéns pelo blog.
    Martorelli.

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  2. Ôpa, é uma honra saber que o grande Renato, corintiano de ótima cepa, é leitor assíduo do blog.
    Valeu, Renatão. E, concordando ou discordando, não importa, apareça sempre.
    Abração.

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