segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pílulas do final de semana.
O Flamengo não tem do que reclamar. Um time que se diz grande e que entra em campo com Val Baiano de centroavante tem mais é que tomar virada com dois gols nos acréscimos. Aos dezessete do segundo tempo, um a zero no placar, Juan fez boa jogada pela esquerda, foi à linha de fundo e cruzou encobrindo o goleiro. Na risca da pequena área, sozinho e com o gol vazio, Val Baiano cabeceou por cima do travessão. Aos trinta e oito do segundo tempo, ainda um a zero no placar, Petkovic fez um lançamento perfeito no meio da zaga do Guarani, Val Baiano dominou na canela, mesmo assim a bola sobrou à sua frente e quicando. Na saída do goleiro, mais uma vez ele mandou por cima do travessão. Claro que a hipótese beira o impossível, mas caso o Val Baiano tivesse aproveitado pelo menos uma dessas duas oportunidades, o Flamengo teria feito dois a zero e matado o jogo. Não matou, morreu. Bem feito. 
O Fluminense não tem do que reclamar. Um time que, mesmo com Deco e Conca em campo, entrega a responsabilidade da cobrança de um pênalti decisivo ao Washington tem mais é que perder dois pontos que podem fazer muita falta no final do campeonato. Se isso acontecer, bem feito. 
Eu achava que o São Paulo era lento por causa do estilo do Hernanes. O Hernanes saiu, o time continua lento e – o que é pior – agora sem talento. A morosidade do São Paulo deu ao Fluminense a impressão de que o jogo seria uma teta, ainda mais depois daquele gol de pelada feito pelo Deco. Mas São Paulo é São Paulo. O Fluminense fez um péssimo primeiro tempo, levou a virada, voltou mais determinado no segundo e empatou o jogo com um gol que Gabriel Garcia Marquez descreveria com o título de “crônica do gol anunciado”: apesar dos três zagueiros Xandão, Renato Silva e Miranda, o Fluminense já tinha levado vantagem em duas jogadas de cruzamento, quando Conca e Rodriguinho cabecearam e Rogério Ceni só pôde torcer pra bola não entrar. Na terceira tentativa, concluída com a cabeçada de Leandro Eusébio, não havia torcida que desse jeito. De qualquer forma, apesar da lentidão e da conhecida falta de criatividade na armação das jogadas, o São Paulo fez um bom jogo. Eu fiquei com a sensação de que, com Alex Silva, Dagoberto e Ricardo Oliveira de volta, o time vai crescer e subir na tabela. 
O jogo entre Fluminense e São Paulo deixou duas coisas bem claras. Primeira: Conca é um meia perigosíssimo, Deco tem tudo para vir a ser um dos grandes nomes do campeonato, não dá pra comparar Washington com Fred, mas quem mais faz falta ao time do Fluminense hoje é o Emerson. Segunda: Muricy não quis seguir uma regra simples e sagrada, a que diz que técnico bom é aquele que não inventa. A escalação do Belletti no lugar do Emerson, empurrando Conca pra frente, foi uma invenção desmiolada. Belletti é um jogador que, quando tinha vinte e poucos anos e fôlego de sobra, era no máximo mais ou menos. Agora, em final de carreira, suas poucas atuações pelo Fluminense foram lamentáveis e ontem ele quase fez o time perder o jogo. O problema é que, com a nossa cabeça enraizadamente colonizada, a gente acha que, como o cara tá vindo da Europa, é craque. Jogou no Barcelona? Oh! Jogou no Chelsea? Oh! Foi só tirar o internacional Belletti e o jogo mudou. 
Sábado, no Beira-Rio, Internacional e Botafogo fizeram um jogo chato. Dos noventa minutos, o Botafogo só se dispôs a jogar durante os cinco finais do primeiro tempo, quando criou quatro oportunidades de gol, com Jobson, Maicosuel, Herrera e Fahel. Nos outros oitenta e cinco, o time só se defendeu. O Inter fez o gol, segurou a onda nos tais cinco minutos – Renan fez três ótimas defesas – e ganhou o jogo sem muito esforço. O Botafogo deveria fazer uma petição à CBF, solicitando oficialmente que Mano Menezes não fosse mais assistir aos jogos do clube. Sempre que ele aparece, Jobson e Maicosuel somem. E por falar em Mano Menezes, ele ontem foi ver Flamengo e Guarani. Eu, hein. 
Não me lembro de ter visto nenhum gol de pênalti nesse final de semana. Mas me lembro de ter visto três pênaltis perdidos, com Neymar, Washington e Ricardo Xavier, do Guarani. Além desses, tivemos recentemente mais um do Neymar, um do Bruno César, dois do Chicão, os dois que o Grêmio Prudente perdeu no jogo contra o Santos, a lista é interminável e a constatação é óbvia: a paradinha foi uma doença que viciou nossos cobradores. Sem poder utilizá-la, estão perdidos e sem confiança na hora de bater. E já que o assunto é pênalti: não sei se há alguma recomendação expressa da comissão de arbitragens ou da FIFA, mas nossos juízes simplesmente aboliram a tradicionalíssima “bola na mão”. Pra mim, o pênalti que Bruno César perdeu contra o Cruzeiro não foi pênalti. O pênalti que Washington perdeu ontem contra o São Paulo foi outro absurdo. Esses caras ainda não se tocaram de algo que começará a acontecer muito em breve: do mesmo jeito que Pelé inventou a história de enroscar o próprio braço no braço do zagueiro, dando a entender que estava sendo agarrado, a habilidade e a malícia do jogador brasileiro daqui a pouco vão transformar o jogo num festival de bolas lançadas propositalmente em cima dos braços dos adversários. E aí vai ficar exposto o quanto esse critério é ridículo. O que conta é a intenção. Mão na bola é uma coisa, bola na mão é outra. Como saber se o cara teve ou não intenção? Ora, ora, ora: qualquer pessoa que tenha entrado mais de dez vezes num campo de pelada percebe na hora. 
Não vi o jogo do Corinthians, só sei que fez o dever de casa. Mas isso a gente está vendo desde o início do campeonato. Insisto: para o Corinthians permanecer na briga até o final, vai ter que melhorar o dever fora de casa. E quando eu falo em briga, é briga pelo título: não me venham com essa conversa mole de G4. Isso, pra mim, é coisa inventada pelos nossos ilustres e milionários treinadores, para aumentar suas chances de sucesso e manter seus indecentes salários. Não caio nessa não. 
Não sei se eles vão lembrar. Em 2007, o Campeonato Brasileiro ia lá pela metade, Marcus Weber, Jaime Agostini, André Figueiredo e eu decidimos encarar, no almoço, a costelinha do Pilão Mineiro. Conversávamos sobre futebol – como se houvesse outro assunto – e discutíamos algumas possibilidades. O Flamengo vinha de uma fase péssima, beirando a linha do rebaixamento, mas com a contratação de Fábio Luciano, Cristian, Ibson e Roger, mais a chegada do Joel Santana, todos concordávamos que o time não cairia. Por outro lado, achávamos que, se não abrisse o olho e rápido, o Corinthians poderia dançar, já que o time era bem fraco. Não deu outra. O Flamengo acabou o campeonato em terceiro lugar, o Corinthians desceu. Ontem, quem assistiu a Flamengo e Guarani deve ter ficado surpreso  por esses dois times não estarem na zona do rebaixamento. Ambos são de uma incompetência ofensiva inacreditável. O Flamengo ainda tem chance de se acertar com a dupla Diogo e Deivid, mas o Guarani é candidatíssimo à segundona em 2011. Só pra vocês terem uma ideia: o cérebro do time é o Baiano, aquele mesmo que jogou na lateral-direita do Palmeiras e do Santos. Um time que tem o Baiano como cérebro é, no mínimo, um time muito pouco inteligente.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Flamengo e Palmeiras: aonde será que esses dois grandes clubes querem chegar?
No cenário futebolístico carioca existe uma frase que, mais do que um chavão, virou um slogan: há coisas que só acontecem com o Botafogo. Morando há cinco anos em São Caetano do Sul, aprendi que existe algo equivalente no futebol paulista: há coisas que só acontecem com o Palmeiras. Tanto para o bem quanto para o mal. Uma semana depois de conquistar uma classificação empolgante em cima do Vitória – fosse outro time, mesmo que mais forte, talvez aquela virada não acontecesse –, o Palmeiras comemora seus noventa e seis anos tomando uma chinelada de três a zero do lanterna do campeonato, no Pacaembu. Na semana passada, depois da vitória heróica, o palmeirense Nick me cobrou: quero ver o que você vai escrever hoje. Brinquei com ele, e até coloquei no post, que a vitória tinha sido bacana, mas eu não entendia o porquê daquela comemoração exagerada. Nick explicou: é porque você não sabe como a gente sofre. Ontem eu compreendi. 
E por falar em sofrer, tá triste ver o Flamengo jogar, o que explica o fato de que havia pouco mais de treze mil pessoas ontem no Maracanã. Quando a gente lembra o que eram os jogos entre Flamengo e Atlético Mineiro nos anos oitenta, com Zico, Júnior e Andrade de um lado, Toninho Cerezo, Reinaldo e Éder do outro, dá dó. No post de ontem eu escrevi sobre os dois problemas que vejo no Corinthians. Se eu fosse escrever sobre os problemas do Flamengo, teria que passar no mínimo o fim de semana no computador. Se bem que a torcida rubro-negra teve uma boa surpresa: o atacante Diogo estreou muito bem. Se mexe muito, cai para os lados do campo, volta pra buscar jogo, parte pra cima, luta e perturba os zagueiros o tempo todo. Quem não teve uma boa surpresa foi o próprio Diogo, coitado, que foi obrigado a jogar sozinho e deve ter saído de campo rezando para o Deivid estrear logo.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Corinthians irregular, Fluminense voando.
Para seguir na briga pelo título até o final do campeonato, o Corinthians precisa resolver dois problemas: a falta de vitórias fora de casa e um ataque meio capenga. A única partida vencida fora foi contra o Grêmio, mesmo assim num momento em que o tricolor gaúcho ainda estava às voltas com a disputa da Copa do Brasil e poupava jogadores. Enquanto isso, o Fluminense já soma cinco vitórias fora de casa, inclusive contra adversários dificílimos como o Santos na Vila e o Avaí na Ressecada. O Corinthians tem um time bastante bom até o meio-campo. O goleiro pode não ter carisma, mas está indo bem, os laterais funcionam, a zaga é ótima, o meio-campo é excelente. Mas na frente a coisa complica, ainda mais depois de Ronaldo ter afirmado que o corpo começa a pedir para parar. Souza ajuda, mas não decide. Iarley se esforça, mas não resolve. Jorge Henrique é um jogador muito útil, mas é mais um ala do que propriamente um atacante. Gosto do Dentinho, só que um time para ser campeão brasileiro não pode depender do Dentinho. Não conheço William Morais. Se ele entrar e funcionar, acaba o problema. Mas se não for o caso, a ausência de um ataque mais incisivo pode ser fatal. 
Já o Fluminense está muito bem. O time encontrou um jeito simples e eficiente de jogar, semelhante ao que deu certo no São Paulo do recente tricampeonato e no Flamengo do ano passado: defesa sólida, saída rápida, contra-ataques mortais e conclusões precisas. Vale lembrar que o Flamengo chegou ao título de 2009 assim. Adriano e Petkovic ficaram como os destaques, mas a defesa era muito firme: nos últimos seis jogos, tomou apenas dois gols. Eram poucas oportunidades por jogo, só que muito boas e quase sempre aproveitadas. Ontem, no Serra Dourada, Deco jogou os noventa minutos, participou dos gols com jogadas descomplicadas e de enorme eficiência, e mostrou que ele pode ser, para o Fluminense 2010, o mesmo que foi o Pet para o Flamengo 2009. Percebo que aqui em São Paulo as pessoas continuam sem acreditar muito no Fluminense – é possível, aliás, que a autorreferência do futebol paulista seja tema de post em breve. Só que, enquanto ninguém acredita, o Flu vai abrindo vantagem. Daqui a pouco, pode ser tarde demais.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Da série "A língua é o chicote do corpo" (5).
Ontem à noite – louvado seja o horário eleitoral gratuito – vi o Fluminense x Vasco que tinha gravado no domingo. Foi mesmo um bom jogo, com o louco do Carlos Alberto arrebentando (apanhou feito boi ladrão, deu dois passes preciosos para os gols do Vasco e quase decidiu a partida com uma boa jogada no último minuto). Mas o destaque ficou com o comentarista Paulo César Vasconcellos. Aos doze minutos do segundo tempo, o Vasco vencia por dois a um, e ele disse o seguinte: “O Fluminense tem que jogar com o Mariano, porque lá do outro lado o Júlio César é totalmente improdutivo.” Três minutos depois, Júlio César empatou o jogo.
Washington e Neto matando na canela.
Como acontece em todo clássico disputado e nervoso, houve muitas falhas. Diguinho deu mole no segundo gol do Vasco, Felipe e Zé Roberto falharam feio no gol de empate do Fluminense, Carlos Alberto perdeu um gol feito no primeiro tempo e Deco perdeu um inacreditável já no finzinho. Mas aos vinte e três minutos do segundo tempo, aconteceu uma das jogadas mais bizarras do campeonato. Washington recebeu uma bola no meio-campo, quis devolver de primeira, bateu de canela e caiu de costas no chão. No início do ano, quando Adriano começou a exagerar nas bobagens que vinha fazendo já há algum tempo e Washington de vez em quando empurrava umas bolas pra dentro jogando pelo São Paulo, o ex-jogador e atual comentarista Neto escreveu em seu blog que não dava mais para o Adriano ser convocado e que, para o lugar dele, Dunga deveria chamar o Washington. Como o próprio Neto diria com seu exagerado sotaque caipira: brincadeira!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Pílulas do final de semana.
Não acredito em reencarnação, mas posso estar enganado. Se estiver, na próxima oportunidade eu gostaria de vir Val Baiano. A vida do cara é uma teta. É um jogador de futebol que se movimenta num espaço menor do que o meu quarto e passa o jogo inteiro conversando com os companheiros, tentando convencê-los a enfiar uma bola pra ele, nesse espaço menor que o meu quarto e de frente pro gol. Aí ele manda a bola pra dentro – supostamente, claro, porque em quatro jogos como titular do Flamengo isso ainda não aconteceu –, fica com a fama de homem-gol e belisca um salário que deve estar em torno dos cem mil reais. Vidão. 
A presença de Mano Menezes no jogo entre Botafogo e Avaí parece ter sido mau negócio para Jobson e Maicosuel. Jobson teve a pior atuação desde a sua reestreia e Maicosuel, apesar de ter cavado mais o jogo, também não esteve bem. Há um pouco de exagero na pretensão de ambos em ser lembrados para a seleção brasileira, mas aí é aquela história: a torcida esperneia, a imprensa põe lenha na fogueira, a onda cresce, etc. Mas o fato é que os dois vinham jogando muito. E sábado no Engenhão, com Mano na plateia, os dois sumiram. 
Na derrota de ontem para o Atlético Paranaense, na Arena da Baixada, o técnico Rogério Lourenço pôs em campo os quatro jogadores que têm se revezado com inigualável incompetência no ataque do Flamengo. No primeiro tempo, Leandro Amaral e Val Baiano. No segundo, Vinícius Pacheco e Cristian Borja. Como, em breve e se Deus quiser, o ataque rubro-negro será formado por Deivid e Diogo, ficou a impressão de que o treinador usou uma estratégia típica de pré-temporada, pra ver quem poderia ser utilizado como reserva. Rogério Lourenço perdeu seu tempo e esgotou minha paciência. Leandro Amaral, Val Baiano, Vinícius Pacheco e Cristian Borja deixaram claro, mais uma vez, que não podem vestir a camisa de nenhum clube grande do Brasil. 
É difícil falar qualquer coisa sobre jogos de futebol que se transformam em massacres. Corinthians e São Paulo foi um massacre. Além dos três gols corintianos, Rogério Ceni fez três defesas sensacionais, em chutes de William, Bruno César e Alessandro. Enquanto isso, do outro lado, o goleiro Júlio César só espiava o jogo. O Corinthians fez um partidaço, e o São Paulo apenas confirmou que, pelo menos até agora, é a maior decepção do Campeonato Brasileiro. Com o futebol que vem jogando e a campanha que vem fazendo, o time do Morumbi já desponta como o grande favorito para a Copa do Brasil do ano que vem. 
Fernandão é um jogador inteligente, de porte elegante, toques bonitos e pouca utilidade. A torcida do São Paulo se encantou e se iludiu com uma estreia em que tudo deu certo – essas coisas acontecem com frequência no futebol –, contra o Cruzeiro pela Libertadores, só que o sucesso durou pouco. Fernandão foi um excelente atacante, mas já há um certo tempo vem vivendo do que fez até 2006. Saiu do Inter em 2008 numa fase péssima e logo depois de ter falhado nos dois gols do Sport que eliminaram o time gaúcho da Copa do Brasil – coisa rara na vida de um atacante. Seu retorno ao futebol brasileiro, no ano passado, esteve longe de ser o que ele imaginava: o Inter não o quis de volta e sua temporada no Goiás foi tão malsucedida que o time chegou a cair de produção depois que ele entrou. Como sou flamenguista, não tenho do que reclamar: Fernandão fez um dos gols na vitória do Goiás sobre o São Paulo que pôs o Flamengo na liderança do Brasileirão 2009, a uma rodada do final. Mas acho que, talvez pela posição em que atua e apesar do seu belo estilo, não dá mais pra ele jogar em time de ponta. 
Espreme daqui, espreme dali, o que Sérgio Baresi fez de diferente no comando do São Paulo foi trocar o primeiro volante. Casemiro pode até ser muito bom de bola, mas todo mundo sabe que o maior problema do São Paulo é na armação, e não na proteção à zaga. Calejado ou iniciante, badalado ou desconhecido, parece que a única coisa que os nossos treinadores sabem fazer é trocar um volante por outro. 
O gol de Elias contra o Flamengo e os dois gols que ele fez ontem contra o São Paulo deixam no ar uma pergunta inquietante: será que Mano Menezes vinha escalando Elias na posição errada? 
Domingão velho de guerra, eu já tinha visto Atlético Paranaense x Flamengo e Corinthians x São Paulo. Interessado na possível estreia do Deco, e porque gosto muito dos atacantes Emerson e Zé Roberto, botei Fluminense e Vasco para gravar. Mas quando me preparava para assistir à terceira partida do dia, percebi que minha mulher consultava sorrateiramente a lista telefônica, com certeza à procura do número de algum hospital psiquiátrico. Desisti da ideia e achei melhor começar a leitura de “Homem comum”, do Philip Roth, emprestado por meu amigo Gobato. Mas tudo leva a crer que foi um jogão.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Quinta-feira feliz para palmeirenses, flamenguistas e, sobretudo, santistas.
Palmeiras e Flamengo tiveram uma boa quinta-feira, mas nenhuma das duas tão bacana quanto a do Santos. 
O time treinado por Felipão conseguiu uma classificação improvável. Mesmo jogando em casa, não é fácil virar, contra nenhum time da primeira divisão do futebol brasileiro, um mata-mata em que se perde a primeira por dois a zero. O Vitória pareceu mais acanhado do que de costume, acreditando demais na história de que bastava fazer o tempo passar. Tanto é verdade que o grande goleiro Marcos, em seu histórico jogo de número quinhentos com a camisa do clube, fez apenas uma defesa em toda a partida – e mesmo assim uma defesa simples para um goleiro da qualidade dele. Apesar dos três a zero, o Palmeiras esteve confuso na maior parte do jogo, com uma escalação muito mexida. E quando Felipão percebeu que era bobagem manter os três zagueiros e deslocou Fabrício para a lateral esquerda, aí foi um desastre. Fabrício eu conheço, começou lá no Flamengo e tem chance de se transformar num dos bons zagueiros do nosso futebol, mas para a lateral não leva o menor jeito. O que valeu mesmo foi a raça de todo o time, além do golaço do Marcos Assunção. Agora, vamos combinar que, mesmo com toda a pressão de ter que vencer por três gols de diferença e sem jogadores importantes como Kléber e Lincoln, a comemoração foi um tanto exagerada, não? Era só a classificação para as oitavas de final da Sul-Americana. No dia em que o Palmeiras ganhar a Libertadores, ou eu volto pro Rio ou fico um mês sem sair de casa. 
A possível boa notícia pro Flamengo foi a contratação da nova dupla de ataque, formada por Deivid e Diogo. Por enquanto, é apenas uma possibilidade, porque a gente nunca sabe. Deivid fez sucesso no Santos, no Cruzeiro e no Corinthians, e Diogo apareceu muito bem na Portuguesa de Desportos. Mas é ver para crer. De qualquer modo, qualquer coisa viva no ataque rubro-negro é melhor do que Val Baiano e Cristian Borja. É mais ou menos como diz o slogan do Tiririca: pior do que tá não fica. 
E a grande notícia da quinta-feira veio mesmo da Vila Belmiro. A correta decisão do Neymar é surpreendente para um cara de dezoito anos, e o monumental esforço de engenharia financeira, que certamente o Santos teve que fazer, deve servir de inspiração para todos os nossos clubes, que só sabem revelar e vender, revelar e vender, revelar e vender. É preciso acabar com essa história dos europeus levarem nossos craques pelo preço que quiserem. Um ano depois de comprar o Ramires do Cruzeiro, o Benfica o vendeu para o Chelsea por três vezes mais. E o Cruzeiro ficou com cara de otário. O Santos foi valente, competente, não se impressionou com os valores oferecidos, correu atrás e conseguiu. Golaço.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Vitória e título com os nervos à flor da pele.
A catimba na final da Libertadores começou antes mesmo da bola rolar, com a provocação do mexicano Bautista durante a execução do hino brasileiro. Uma boa oportunidade pra gente perguntar: o que é que hinos nacionais têm a ver com partidas de futebol? Aqui em São Paulo, o ouvirundum é executado até mesmo em jogos do Ituano contra o Mogi-Mirim, e creio que todos concordam que não há nada que justifique essa banalização. Hino nacional em jogos entre seleções é até compreensível – embora desnecessário –, mas por que na final de ontem da Libertadores, se pelo menos metade do Rio Grande do Sul estava torcendo contra o time brasileiro? E, provavelmente, muito mais da metade do México torcia contra o Chivas? 
Os jogos da Libertadores costumam ser tensos, brigados e tecnicamente ruins. Na decisão, essas características são potencializadas. O primeiro tempo foi chato, e o que salvou foi o bonito gol de Fabián no finalzinho. No segundo tempo, o gol de Rafael Sóbis surpreendeu o Chivas e acalmou o Inter. O resto foi consequência. Celso Roth conseguiu seu primeiro título importante, mesmo teimando em manter Giuliano no banco. Ele é melhor do que qualquer outro jogador de meio-campo do Inter, e talvez seja melhor até do que todos eles juntos. 
É impressionante como a Libertadores mexe com os nervos e altera a forma de jogar dos times brasileiros. Em condições normais de temperatura e pressão, o Chivas não aguenta um mata-mata com o Vitória ou o Atlético Paranaense. Mesmo nervoso, mau-humorado e com dor de cabeça, o time do Inter é algumas dezenas de vezes superior ao do Chivas. Mas, enquanto os mexicanos tinham um plano de jogo – cozinhar a partida até os vinte e cinco ou trinta do segundo tempo, e aí então partir para tentar a vitória que levaria aos pênaltis –, o Inter não sabia o que fazer com a gigantesca vantagem que trouxe de Guadalajara. De qualquer modo, no final deu a lógica e o time gaúcho conseguiu seu segundo título. Agora só falta um para se igualar ao poderoso Olímpia do Paraguai.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O melhor time do futebol brasileiro é o do Delcir. 
Em recente programa esportivo da ESPN, o âncora perguntou ao jornalista Paulo Vinícius Coelho o que estava por trás do sucesso do Avaí. PVC respondeu na lata: a LA Sports. E completou: LA Sports é a mesma empresa que esteve na retaguarda do Paraná quando o time fez um ótimo Brasileirão em 2006 e ficou com uma das vagas para a Libertadores 2007. Só que adiantou pouco. O Paraná não passou da fase de grupos na Libertadores, não montou uma boa estrutura, começou a despencar e hoje está em décimo lugar na segunda divisão, distante oito pontos da zona de classificação. 
É por essas e outras que sou a favor da subida e descida exclusivamente pelo critério de ranking, o que reduziria o aventureirismo. Todos sabemos que o futebol se transformou num negócio de cifras estonteantes, e onde há muito dinheiro nunca há ingenuidade. Mas as coisas deveriam ter um limite. 
Com a possível exceção do São Paulo, os grandes times do futebol brasileiro se armam com a ajuda de empresas ou de empresários. Outro dia vi o lateral Kléber, do Inter, dizer que os direitos federativos dele pertenciam ao Delcir. “Direitos federativos” equivalem, hoje, ao que a gente conhecia como “passe” no passado. E Delcir é o empresário Delcir Sonda, dono de 50% dos direitos do Bruno César, 22% do Dentinho, 10% do D’Alessandro, 10% do Taison, 45% do Ganso e 40% do Neymar. Repito: não há como olhar com ingenuidade para todo o volume de dinheiro que passou a girar em torno da bola, mas será esse um modelo adequado para a reestruturação do futebol brasileiro? 
Em 2004, o apaixonado presidente da Unimed resolveu fazer o Fluminense ganhar tudo e montou um time com Romário, Edmundo, Roger, Ramón e Léo Moura. Só que a receita era esdrúxula: enquanto os jogadores contratados pela Unimed ganhavam uma fortuna e recebiam rigorosamente em dia, os outros tinham salários muito menores e constantemente atrasados. Não há time de futebol que resista, e o Flu não chegou sequer à final do Campeonato Carioca. 
Mas há algo mais perverso nessa história do Avaí e do Paraná: clubes grandes como o Vasco, o Palmeiras, o Grêmio, o próprio Fluminense podem passar por períodos turbulentos, mas não deixam de ser grandes. Seguem em frente e, daqui a pouco, voltam a vencer. Se alguém virou rubro-negro no ano passado por causa do título brasileiro e está decepcionado com o lamentável time desse ano, em breve vai se alegrar novamente (toc-toc-toc). Mas, e se um garoto de Curitiba começou a se interessar por futebol em 2006, vibrou com a campanha do Paraná, escolheu o time para torcer e agora o vê em queda livre rumo ao precipício? E se amanhã a LA Sports realiza os lucros e abandona o Avaí, como parece ter feito com o Paraná? 
Sei lá. É difícil apontar um caminho diferente, mas é fácil constatar que esse que está aí não serve.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pílulas do final de semana.
Não dá para comparar os atuais times do Fluminense e do Flamengo. Entretanto, a maior discrepância entre os jogos dos dois, nesse final de semana, esteve nas arquibancadas. Sessenta mil pessoas foram ao Maracanã assistir a Fluminense e Inter. Menos da metade disso foi ao Maracanã assistir a Flamengo e Ceará. Explicações podem e devem ser solicitadas à presidente-nadadora Patrícia Amorim. 
Nos noventa minutos do jogo de sábado, o Flamengo só conseguiu mandar três bolas na direção do gol cearense: um escanteio em que Petkovic tentou o gol olímpico e Diego espalmou sem dificuldade por cima do travessão; uma falta de meia distância que Renato Abreu bateu com violência e Diego pôs para escanteio; e o pênalti (discutível) que o Pet converteu. Há muito tempo eu não vejo um time do Flamengo tão fracote. 
O saudoso Dr. Antônio Cláudio Murtinho dizia que “urubu, quando tá de azar, o debaixo caga no de cima”. Com o Fluminense está acontecendo o contrário. À parte a indiscutível competência e o bom futebol que o time vem jogando, tudo dá certo. Tanto no domingo passado, contra o Grêmio, quanto ontem, contra o Inter, o time abriu o placar em dois chutes do Mariano que só entraram porque foram desviados por zagueiros adversários. 
No jogo de ontem, no Maracanã, o meia-atacante Oscar entrou no lugar de Tinga aos trinta e cinco do primeiro tempo. Por sua atuação absolutamente improdutiva, foi substituído aos doze do segundo tempo. Jogou, portanto, menos de vinte e cinco minutos. Oscar era tratado a pão-de-ló no São Paulo, e criou uma crise danada ao entrar na Justiça atrás de seu direito de deixar o clube. Como ele era a grande esperança de craque e a maior promessa das divisões de base, fica mais fácil entender por que Muricy relutava tanto em utilizar os jogadores formados em Cotia. 
O jogo entre Corinthians e Avaí mostrou, mais uma vez, que no futebol a camisa pesa e o vento vira. Caio, que está fazendo um ótimo campeonato pelo time catarinense, passou pelo Flamengo e não jogou nada. Já no Corinthians, até pouco tempo todo mundo reclamava da ausência de um meia. Agora que o time tem um bom meia, parece que falta capacidade de conclusão ao ataque. 
Na semana passada, no jogo Corinthians x Flamengo, houve um lance com Léo Moura e Jorge Henrique dentro da área que os comentaristas esportivos acharam pênalti. Ontem, no jogo Corinthians x Avaí, houve um lance com Eltinho e Jorge Henrique dentro da área que os comentaristas esportivos acharam pênalti. Eu não teria dado nenhum dos dois. Aliás, se eu fosse juiz de futebol, jamais marcaria pênalti algum em cima do Jorge Henrique. 
O Botafogo tem hoje seis atacantes em seu elenco. Jobson, Herrera, Loco Abreu, Edno, Caio e Maicossuel – este último é um meia de origem, mas também pode jogar mais à frente. Todos os seis são melhores do que qualquer um dos atacantes do Flamengo. Como o Botafogo não nada em dinheiro, claro está que o problema do Flamengo é muito menos de falta de grana e muito mais de incompetência. 
No jogo de ontem contra o Vitória, em Salvador, Paulo Henrique Ganso parecia totalmente sem saco de jogar sem Robinho, Neymar, André e Wesley. Vai ter que se acostumar. E vai precisar mesmo de muita paciência. 
Felipão venceu. Vanderlei Luxemburgo venceu. Até Rogério Lourenço venceu. Rodada estranha.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Para ser bom técnico é fundamental ter sido mau jogador?  
Lothar Matthaus foi um dos maiores jogadores da história do futebol alemão. Um pouco antes do jogo entre Alemanha e Argentina, pela Copa da África do Sul, ele disse o seguinte à revista Kicker: "Maradona não tem um sistema, não tem um conceito. Ele confia nas qualidades individuais, e acho que isso não será suficiente contra uma seleção como a nossa, que joga de forma compacta e está menos pressionada que a Argentina." 
Juan Sebastián Verón é um dos maiores jogadores da história do futebol argentino. Esta semana ele deu uma entrevista à rádio La Red em que descascou Maradona. Criticou a escalação de Máxi Rodrigues e Di Maria no meio-campo, não por falta de qualidade dos dois, mas por suas características, que acabaram deixando Mascherano sobrecarregado na proteção à zaga. Discordou do posicionamento de Messi, que precisava voltar muito para buscar jogo. Meteu o pau na escolha de um treinador sem experiência. Resumindo: saiu atirando pra tudo que é lado. Descontando-se o fato de que, numa decisão incompreensível, Maradona tenha deixado Verón fora do time nos momentos mais importantes da Copa, o que certamente contribuiu para o desabafo do craque, parece que tanto Matthaus quanto Verón acertaram na mosca. 
E esse é mais um dos grandes mistérios e encantos do futebol: por que será que craques fantásticos (Maradona, Falcão, Júnior) se transformam em treinadores malsucedidos, enquanto jogadores menos que medíocres (Vanderlei Luxemburgo, Felipão, Mano Menezes) conseguem virar técnicos de respeito?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Libertadores, mostra tua cara.
Estava disposto a torcer pelo Chivas, mas não vai dar não. Se for pra torcer por time ruim, já tenho o meu e me basta. Nada contra o Inter, mas quem costuma ler o blog sabe da minha implicância com a importância que a Libertadores passou a ter na vida futebolística brasileira. E como idiossincrasia é – que nem amigo – coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, gosto de colecionar fatos e argumentos que deponham contra o torneio e exponham suas mazelas. (É claro que quando o Flamengo estiver bem e com boa chance de disputar o título, vou achar Libertadores o máximo. Mas como Zico já alertou que isso é coisa para, no mínimo, quatro ou cinco anos, há tempo de sobra pra continuar implicando.) 
Começo pelos dois times que estão na decisão. Enquanto todo mundo se quebrava na fase de grupos, o Chivas aterrissava diretamente nas oitavas de final, devido ao risível critério da gripe suína. Lamentável. Por outro lado, se levarmos em conta o conceito de placar agregado – que é o que vale num mata-mata em dois jogos – o Inter, simplesmente, não ganhou de ninguém. Nas oitavas, o placar agregado foi três a três com o Banfield; nas quartas, dois a dois com o Estudiantes; na semifinal, dois a dois com o São Paulo. Acho o time do Inter muito forte e o considero um dos grandes candidatos à conquista do Brasileirão 2010, mas a verdade é que, na Libertadores, o Inter não venceu nenhum dos três duelos a partir das oitavas de final. E só chegou à decisão por conta do critério do “gol fora vale dois”, tão discutível que é abandonado no momento mais importante do torneio. Ah, mas todo mundo sabe que o regulamento é assim. Certo, mas o fato de todo mundo saber não significa que ele seja correto. 
Temos outras aberrações. Jogos são disputados em cidades com mais de quatro mil metros de altitude, a única coisa capaz de explicar a derrota da seleção argentina para a seleção bolíviana por seis a um, nas eliminatórias da última Copa. Diego Souza, que participou do jogo da nossa seleção lá, disse que mal conseguia se mexer em campo, de tanta dor de cabeça. Onde está a esportividade disso? 
E o que dizer da primeira partida da final disputada em campo de grama sintética, com os jogadores calçando aquelas chuteirinhas que a gente usa pra brincar no Playball? E o estádio em que o Flamengo enfrentou a Universidade do Chile, coisa de fazer qualquer cidadão sulsancaetanense sentir um imenso orgulho do Anacleto Campanella? E existe algo mais sem pé nem cabeça do que essa história de que, se um time mexicano for campeão, não disputa o mundial de clubes no final do ano? 
Agora, preciso confessar que tem uma coisa de que eu gosto muito na Libertadores: o critério de arbitragens. O juiz de ontem, o argentino Hector Baldassi, deveria ser convidado para uma temporada de palestras e aulas práticas aqui no Brasil, para que os nossos fresquíssimos juizinhos aprendessem como é que se apita jogo de futebol. 
Para terminar o post e arredondar o texto, explico a ideia inicial de torcer pelo Chivas, e repito: nada contra o Inter. Mas eu acho ótimo quando a Libertadores é conquistada por Once Caldas, Olímpia, LDU e coisas do gênero. Sempre que um timeco desses leva a taça, fica um pouquinho mais exposta a verdadeira cara do torneio.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Depois de muito tempo, ontem entrou em campo uma verdadeira seleção brasileira.
Deixando claro um posicionamento: adoro futebol e detesto amistoso. Querem me ver de cara amarrada, é só me convidar para assistir aos Amigos do Zidane contra os Amigos do Ronaldo. Acho um saco. Futebol tem que valer três pontos. Mas como a nossa seleção não terá que disputar as eliminatórias, esse meu gosto terá que ser revisto, porque os amistosos passarão a ter muito mais importância. 
Adiante. Agora de manhã eu conversava com meu amigo Alex Borba e chegamos a uma proposta. O Brasil é um país tão pródigo em leis, que não custava nada criar mais uma: só pode ser convocado para a seleção brasileira quem souber jogar bola. E revoguem-se as disposições em contrário. Não dá mais pra ficar chamando jogador porque é evangélico, porque é comprometido, porque é bom pai, bom filho e bom marido. Amistoso é amistoso, sei, e a seleção dos Estados Unidos está longe de ser a seleção holandesa, mas ontem não havia em campo, com a camisa amarela, ninguém que não soubesse jogar futebol. 
A seleção brasileira ganhou a Copa de 70 e perdeu a de 82 jogando bonito. Ganhou a de 94 e perdeu a de 90 jogando feio. Ganhou a de 2002 e perdeu a de 98 ficando no meio termo. Futebol é assim: ganha-se e perde-se jogando bonito ou feio, com esquemas ofensivos ou retrancados. Daí que não há nada mais pretensioso, arrogante e falso do que o conceito do “futebol de resultados”. Se ele garantisse a vitória, ninguém diria nada. Mas não garante. Ontem jogamos pra frente, sufocamos, não paramos o jogo inteiro, tínhamos apenas um volante – que não briga com a bola – e não corremos perigo em momento algum. Fizemos dois bonitos gols, chutamos duas bolas na trave, tivemos pelo menos mais três ou quatro chances. Por outro lado, também não dá pra dizer que, se esse time e essa filosofia estivessem na África do Sul, teríamos levantado a Copa. De novo: pode ser que sim, pode ser que não. Mas, sem dúvida nenhuma, foi um começo para devolver a todos nós o prazer de ver a seleção brasileira de futebol. 
Para encerrar: em jogo que tem o Ganso em campo, o ingresso devia custar muito mais caro, não?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O homem de referência. O cara que faz gol. O estorvo.
Às vésperas da decisão do Campeonato Brasileiro de 2000, entre Vasco e São Caetano, um repórter do jornal O Globo entrevistou Romário. Respondendo a uma das perguntas, o Baixinho elogiou o time adversário e citou três jogadores como destaques: o lateral César, o volante Claudecir e o meia Esquerdinha. O repórter provocou: e o Adhemar? Resposta curta e grossa: chuta forte, né? 
Adhemar era o centroavante do São Caetano, que chutava uma barbaridade mas não fazia nada além disso. Tinha marcado gols importantes na campanha, sempre com chutes violentos de fora da área e cobranças de falta de longa distância. Só que, na cabeça do Romário, era óbvio: se o cara não se mexe, não sabe matar uma bola, não tem colocação e malícia dentro da área, não pode ser difícil marcá-lo. Dito e feito. O primeiro jogo, no Palestra Itália, terminou um a um, e quem fez o gol do São Caetano foi César. Bem marcado por Odvan e Júnior Baiano, Adhemar não viu a cor da bola. O segundo jogo, no Maracanã, terminou três a um para o Vasco, e quem fez o gol do São Caetano foi Adãozinho. Adhemar não viu a cor da bola. 
Tostão costuma dizer que “gol, qualquer um faz”, e aí está o Washington que não deixa ninguém mentir. O que um bom centroavante precisa fazer é muito mais do que empurrar a bola pra dentro. Se a área estiver congestionada, tem que cair pra direita, cair pra esquerda, buscar jogo, tabelar, abrir espaço, jogar sem bola, inverter com o meia, preparar jogadas. Isso é um atacante. Era isso o que faziam os melhores centroavantes brasileiros que vi jogar: Careca, Reinaldo, Roberto Dinamite, Romário e Ronaldo Fenômeno. 
Recentemente, inventaram uma estupidez sem tamanho chamada “homem de referência”. Um cara grande e grosso que quase sempre mata na canela e atrapalha o andamento das jogadas do seu time. Um estorvo. Claro: a bola sobra, ele põe pra dentro, mas aí até eu que sou mais bobo. O que as pessoas não conseguem entender, e acho indesculpável que isso aconteça também com os treinadores, é como esse tipo de jogador prejudica um time. Pra ele aproveitar a chance de gol que aparece, dezenas de outras chances deixam de ser criadas, simplesmente porque ele não é mais do que um poste na entrada da área. Os outros dez têm que jogar por ele, jogar pra ele, e a gente ainda precisa ouvir dos comentaristas especializados que “a bola não está chegando”. 
O Brasil ganhou a Copa de 2002 com Ronaldo Fenômeno de centroavante. A de 94 com Romário. A de 70 com Tostão improvisado, já que nem centroavante ele era – mas como jogava! Não cheguei a ver Vavá (nosso centroavante nos dois primeiros títulos mundiais, em 58 e 62), mas imagino que soubesse jogar. Até porque, se não soubesse, com certeza Nilton Santos, Zito, Didi, Pelé e Garrincha não o aturariam. 
Enquanto a cultura dos “caras que fazem gols” predominar, seremos obrigados a conviver com André Lima, Rafael Moura, Ortigoza, Marcel, Val Baiano e tantos outros a maltratar a pobre da bola, que não tem culpa por eles terem escolhido a profissão errada.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pílulas do final de semana.
Ontem à tarde, no Pacaembu, o Corinthians enfrentou um time esquisito, que usava uma estranha camisa com listras horizontais azuis e amarelas. E ainda mais esquisitos do que o uniforme eram alguns caras dentro dele. De qualquer modo, os torcedores cariocas devem estar orgulhosos com a chegada do Madureira à primeira divisão do futebol brasileiro. 
No final do jogo contra o Vasco, Cristian Borja perdeu um gol incrível, que daria a vitória ao Flamengo. No finzinho do primeiro tempo do jogo com o Corinthians, Cristian Borja perdeu outro gol incrível, que faria o jogo virar empatado. Cristian Borja foi contratado por saber fazer gols. 
Perder por um a zero para o Corinthians no Pacaembu, jogando com um a menos desde o primeiro minuto, não pode ser considerado um mau resultado. Não, ninguém do Flamengo foi expulso. Mas o camisa nove do time atende pelo nome de Val Baiano. 
Sábado, contra o Atlético Mineiro no Engenhão, o Botafogo fez a melhor exibição do fim de semana. Comandado por Vanderlei Luxemburgo, o Atlético está numa fase em que tudo dá errado. Não há o que fazer, a não ser torcer pra fase passar depressa. Mesmo assim, nos minutos finais Luxemburgo pôs em campo um garoto chamado Jackson, que joga como meia-atacante e pareceu ser muito bom. Olho nele. 
Atlético Paranaense e São Paulo fizeram uma partida pobre até a metade do segundo tempo, quando Cléber Santana abriu o placar e o jogo animou. Rogério Ceni fez várias defesas boas, Renato Silva esteve atrapalhado como sempre, Ricardo Oliveira está completamente sem ritmo e Fernandão provou, mais uma vez, que seria um bom reforço se os jogos durassem só quarenta e cinco minutos. Pregou logo no início do segundo tempo e sumiu. No Atlético Paranaense, o técnico Carpegiani continuou o festival de lambanças iniciado sábado passado, contra o Fluminense, e segue firme em busca do título de treinador mais confuso do Brasileirão 2010. 
Por pior que seja o momento do Grêmio, nunca é fácil ganhar dele em Porto Alegre. E o Fluminense não precisou de muito tempo para botar os três pontos no bolso. Não há dúvida: o tricolor carioca vai brigar pelo título, mas resta ver como o time reagirá à época das vacas magras, porque é certo que ela virá. É impossível atravessar todo o Campeonato Brasileiro jogando em alto nível. Chega bem no final quem consegue ficar o menor tempo possível acumulando más exibições e poucos pontos. 
O Corinthians fez muito menos do que deveria. Talvez tenha havido um excesso de respeito pelo Flamengo – um Flamengo que não faz por merecer respeito algum –, mas era jogo para três ou quatro, fácil. E o time ainda correu o risco de tomar o gol de empate nos minutos finais, com duas boas defesas do Júlio César em chutes do Vinícius Pacheco e do Michael. De qualquer forma, valeu pela estreia na arquibancada do Gabriel, filho do meu amigo Magalha. Mais um para o bando de loucos. 
Não pesquisei a respeito, por isso agradeço se alguém puder explicar: Jucilei, volante do Corinthians, e Victor, goleiro do Grêmio, foram convocados por Mano Menezes. Tanto o Corinthians quanto o Grêmio jogaram às quatro da tarde de domingo. Por que Jucilei pôde jogar ontem e Victor foi obrigado a viajar com a seleção no sábado? 
Goiás um, Palmeiras um. Desde a estreia, já foram cinco jogos e nenhuma vitória. Felipão tá parecendo o Rogério Lourenço, só que dezessete vezes mais caro. 
Este é um blog fundamentalmente de texto, mas algumas exceções precisam ser abertas. Agradecendo ao auxílio luxuoso do Daniel Sarti, que deu a dica, segue abaixo um link com quarenta e quatro fotos maravilhosas da Copa do Mundo. Vale muito a pena. 
http://www.boston.com/bigpicture/2010/07/2010_world_cup_comes_to_a_clos.html

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A torcida do São Paulo está presa na armadilha que ela mesma montou. 
Algo me diz que essa história começou assim: depois de ganhar o Brasileirão em 91 e a Libertadores em 92 e 93, o São Paulo entrou em um período de seca, só encerrado com a terceira vitória na Libertadores, em 2005. Justo no ano em que o Corinthians acabaria conquistando seu quarto título brasileiro, superando o São Paulo na competição. Junte-se a isso o fato de o Corinthians jamais ter vencido a Libertadores, e pronto: estava montado o briefing, e a torcida tricolor passou a vender a qualquer custo a ideia de que o único campeonato que interessa é a Libertadores. 
Quis o destino – ou, para ser justo, a organização e a competência são-paulinas – que o time do Morumbi ganhasse os três brasileiros seguintes, em 2006, 2007 e 2008. Só que aí a armadilha já estava instalada. A própria torcida do São Paulo acabou acreditando na teoria criada para azucrinar os corintianos e se convenceu de que, se não for a Libertadores, nada mais importa. O São Paulo vence três vezes seguidas o campeonato mais disputado do mundo, e pouco importa. (Tanto que o técnico foi demitido, mesmo com a faixa de tricampeão brasileiro no peito, depois de mais uma eliminação na Libertadores.) O São Paulo entrega o Brasileirão 2009 de bandeja, com sua forte defesa tomando sete gols em dois jogos, e não importa. O São Paulo passa o ano jogando pedrinha, e não importa: vêm aí os seis jogos decisivos da Libertadores que irão nos redimir. 
Nesses sete meses e cinco dias de 2010, o São Paulo fez duas boas partidas: as duas contra o Cruzeiro, pelas quartas de final da Libertadores. Só. No dia seguinte à pior apresentação que eu já vi do time, no empate em zero a zero com o horroroso Universitário de Lima, no Morumbi, quando o São Paulo seguiu na competição devido à vitória nos pênaltis, torcedores vestiam orgulhosamente a camisa tricolor enquanto corriam aqui no Parque Chico Mendes. A atuação na noite anterior fora vergonhosa, mas não importa: o time seguia na Libertadores, e isso é o que vale. 
Pois agora a torcida do São Paulo está aí nessa encrenca. Foi a quinta eliminação consecutiva na Libertadores, todas para times brasileiros – o que em breve talvez venha a ser assunto de mais um post. E não tem remédio, porque não adianta ganhar o Brasileirão, o Paulista, a Copinha, nada, nem mesmo se for um título atrás do outro. 
Pra sair dessa enrascada, tenho um conselho: contratar um meia de verdade. Não tem? Tem sim, basta procurar direitinho. Difícil vai ser convencer o Rogério Ceni de que o time pode ter um ídolo maior do que ele.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Proponho uma campanha para o Santos não abandonar o Campeonato Brasileiro.
Foi comovente a dedicação do Vitória ontem à noite, na tentativa de virar a situação pra cima do Santos. O zagueiro Wallace e o meia Elkesson só faltaram morrer dentro de campo, mas a diferença de qualidade entre um time e outro era muito maior do que qualquer vontade. Poucos jogadores no futebol brasileiro – e mundial – sabem bater na bola do jeito que Neymar bateu no cruzamento para o gol do Edu Dracena. Aliás, não foi cruzamento: foi um passe sob medida, como quem diz "vai Dracena, em vez de ficar fazendo lambança lá atrás, vê se mete essa bola pra dentro e garante logo esse título". Sempre que o Ganso toca na bola, mesmo que seja para dar um passe de dois metros, é bonito. Poucas vezes vi um jogador tão elegante e tão mascarado quanto o Ganso, mas o curioso é que ele consegue ser um mascarado que joga simples. E joga pro time. E joga demais. Pena que, com a mentalidade bolivarista que tomou conta dos nossos dirigentes, técnicos e torcedores, a garantia da vaga na Libertadores deve tirar o Santos da disputa do Brasileirão, do mesmo modo que aconteceu com o Corinthians no ano passado. Acho isso de uma idiotice absoluta, mas é assim que tem pensado o futebol brasileiro. Tomara que o Santos consiga fazer diferente, porque é muito bacana ver esse time jogar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Chivas na final da Libertadores, Brasil garantido no mundial de clubes.
Ontem o futebol brasileiro garantiu presença naquele mundial de clubes meio mambembe, que esse ano irá acontecer em Abu Dhabi. Uma vez vi uma entrevista do Fernando Baiano, que jogou no Corinthians, no Flamengo e em muitos outros clubes. Ele estava defendendo o pé-de-meia num desses lugares de grande tradição futebolística – Dubai, Catar, por aí – e dizia que os jogos lá tinham em média mil e quinhentos torcedores. Modéstia à parte, eu já joguei pra mais gente do que isso, nos antigos e inesquecíveis torneios de pelada do Aterro do Flamengo. Mas vamos em frente. Ontem o Chivas eliminou a Universidade do Chile, e como os times mexicanos não podem chegar ao mundial de clubes via Libertadores, quem seguir adiante após o confronto de amanhã entre Inter e São Paulo estará garantido em Abu Dhabi. Não vi o jogo, mas o que aconteceu com a Universidade do Chile acabou sendo uma eliminação anunciada. Já nas oitavas, o time escapou por pouco: depois de vencer o Alianza em Lima por um a zero, complicou o jogo em casa, perdia por dois a um até o finzinho e conseguiu o gol de empate, que lhe garantiu a vaga, só nos acréscimos. E nas quartas, contra o Flamengo, idem. Ganhou no Maraca por três a dois, dando a impressão de ter liquidado a parada, mas perdeu em casa por dois a um, levando a classificação no sufoco. Ao contrário do que acontece com noventa e nove por cento dos clubes na Libertadores, é um time que parece jogar melhor fora. Até que ontem, finalmente, a casa caiu. 
Hoje sai o primeiro representante brasileiro na Libertadores 2011. Da mesma forma que o Sport conseguiu reverter a vantagem do Corinthians em 2008, existe a possibilidade do Vitória virar pra cima do Santos. Mas é bem mais difícil. O Santos-2010 é melhor do que era o Corinthians-2008, o Sport-2008 era melhor do que é o Vitória-2010, e naquele ano o time pernambucano perdera a primeira partida por três a um, o que é bem mais vantajoso do que perder por dois a zero, não me perguntem exatamente por quê – ou melhor, leiam o post de 21 de maio, com o título “Desde quando, no futebol, um gol vale mais que o outro?”. O Santos tem tudo pra levantar a taça. Pena que, na Libertadores do ano que vem, não estarão mais o Robinho, o André e, provavelmente, o Neymar, o Ganso e o Wesley. Ou seja: quem se classifica para a Libertadores é um time, quem disputa a Libertadores é outro. Coisas do nosso mendicante futebol.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Eu queria ver o Mano ontem. Mas não deu não.
Independentemente de torcer ou não para o Corinthians, gostar de futebol faz de todos nós um bando de loucos, capazes que somos de perder várias tardes de sábado assistindo pela tevê a Novo Horizontino x Sapopemba e outras bizarrices. Essa loucura nos reserva grandes surpresas, ora boas, ora desagradáveis. Às vezes um jogo despretensioso vira um espetáculo cheio de emoção e grandes lances, às vezes uma partida que promete muita empolgação se revela de uma chatice ímpar. Eu já devia estar acostumado com essas coisas do futebol, mas ontem à noite fui mais uma vez surpreendido. Vi, no final de semana, chamadas do Bem, Amigos anunciando a presença do Mano Menezes. Como o cara é competente, articulado e safo, me interessei. Mas quando liguei a tevê, já no meio do programa, o quadro era assustador: Galvão Bueno e Jô Soares escolhiam a música que Ivan Lins iria interpretar. Tremi. Ali estavam, juntos e ao vivo, três dos personagens mais chatos do esporte, da televisão e da música popular brasileira. Galvão Bueno, Jô Soares e Ivan Lins. Juro que prefiro ver três Copas do Mundo com Gilberto Silva, Josué e Felipe Melo no meio-campo. O Mano ficou pra próxima.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pílulas do final de semana.
Em um dos posts da semana passada, escrevi que técnico bom é o que não atrapalha. No jogo de sábado entre Fluminense e Atlético Paranaense, Carpegiani encheu o blog de razão. Escalou mal o time, deixando o bom meia Branquinho no banco, e fez substituições desastrosas logo no início do segundo tempo, tirando dois zagueiros para pôr dois atacantes e transformando o que era um jogo equilibrado numa barbada para o Fluminense.  Atrapalhou à beça.
Washington reestreou no Flu fazendo dois gols e participando ativamente do outro. Mas quem viu o jogo teve vários motivos para confirmar como Washington é ruim. Coisas do futebol. (Aguardem: em breve, um post dedicado a esses caras que “fazem gols”.) 
Os últimos cinco anos me deram a certeza de que eu jamais veria isso, mas vi: no finzinho do jogo de sábado, no Morumbi, vi o Ceará pressionando o São Paulo e a torcida tricolor implorando ao juiz para acabar a partida o mais rápido possível. Se o título da Libertadores não vier, o bicho vai pegar. 
Não entendi. Palmeiras e Corinthians faziam um jogo com um monte de caras correndo, brigando, se arrebentando, e só dois pensando: Lincoln e Bruno César. Aí o Felipão vai e tira o Lincoln, Adílson Batista vai e tira o Bruno César. Depois reclamam que o futebol brasileiro não tem mais meia-armador. 
Ewerthon, do Palmeiras, é da estirpe daquele Éder Luís que jogou no Atlético Mineiro, no São Paulo e ontem estreou no Vasco: tem excesso de velocidade e escassez de inteligência. Está sempre adiantado em relação à zaga e ainda se faz de vítima, perguntando ao bandeirinha quando ele vai deixar de marcar os impedimentos. Provavelmente, quando ele parar de ficar impedido. Como diria a Oi, simples assim. 
Quem viu os minutos finais de Flamengo e Vasco pode ter ficado com a impressão de que o Flamengo foi avassalador. Ah, que mentira que é essa história de melhores momentos no futebol. 
É verdade que o técnico Rogério Lourenço não tem grandes opções, mas ele ontem se superou e conseguiu escalar uma dupla de ataque ainda mais fraca do que Diego Maurício e Vinícius Pacheco: Val Baiano e Cristian Borja. Val Baiano não é surpresa (é outro para estrelar, em breve, o post sobre os caras que “fazem gols”) e Cristian Borja briga o tempo todo. Com a bola. 
Das duas, uma: ou os defensores do Flamengo são proibidos de recuar bolas para o goleiro Marcelo Lomba, ou o goleiro Marcelo Lomba passa a ficar pelo menos uma hora e meia, após os treinos, treinando chutões pra frente em bolas atrasadas. Não há um jogo do Flamengo em que ele não mate a torcida de susto. 
Assim como as arbitragens do tipo não-me-toque, tão frequentes nos campeonatos estaduais, viciam nossos jogadores, parece que a lamentável paradinha teve o mesmo efeito. Ninguém mais sabe bater pênalti. Nessas cinco rodadas do Brasileirão pós-Copa, Chicão do Corinthians perdeu dois pênaltis em dois jogos seguidos, Róbston do Atlético Goianiense perdeu contra o Vasco, Paulo César e Róbson do Grêmio Prudente perderam no mesmo jogo contra o Santos, Neymar perdeu pela Copa do Brasil, e ainda devo ter esquecido alguém. 
O goleiro Fernando Henrique, do Fluminense, passa o jogo inteiro se benzendo. Já disse aqui no blog que não me meto com a religião de ninguém, mas vou achar muito engraçado no dia em que alguém chutar lá do meio da rua e a bola entrar justo quando Fernando Henrique estiver com a mão no Espírito Santo. Amém.