quinta-feira, 1 de julho de 2010

A Copa e a queda em série de alguns mitos do futebol internacional.
Uma das muitas coisas bacanas de uma Copa do Mundo é que ela muda padrões e quebra referências, às vezes pro bem, às vezes pro mal. (Muita gente aponta a derrota da seleção brasileira em 82 como a principal responsável pela onda de defensivismo que tomou conta do futebol brasileiro – e, principalmente, das nossas seleções.) 
Os cinco ou seis fiéis leitores do blog sabem da irresistível atração que o blogueiro sente pela derrubada de mitos que o futebol sempre traz, embora a gente nunca aprenda. Nessa Copa, pelo menos três deles já caíram: Itália, Inglaterra e técnicos ultrabadalados. 
A eliminação da Itália ainda na primeira fase, com apenas dois pontos ganhos, representa o fim de um dos maiores mitos do futebol internacional: essa baboseira de que a seleção italiana sempre começa mal e acaba bem. Isso até pode acontecer quando eles têm bons jogadores – como tinham em 82 e em 2006 –, mas o time desse ano era uma baba danada. Quem viu alguns jogos do Milan na última temporada pôde perceber que o Pirlo é um jogador muito próximo da aposentadoria, e no entanto era ele a única chance da seleção italiana mostrar um futebol ao menos razoável. Portanto, vamos acabar com essa tolice: não existe essa história de que a Itália sempre começa mal e acaba bem. 
Já a Inglaterra costuma chegar às copas com a fama de ter um sistema defensivo sólido, um time que dificilmente apresenta grandes talentos ofensivos mas que é difícil de ser batido. Com o catiripapo que tomou da Alemanha, levando gol até em saída de tiro de meta, esse papo também foi pro espaço. Ouvi dizer que a ausência do Rio Ferdinand foi fatal. Tenham paciência. Se o intransponível sistema defensivo britânico depende do futebol do Rio Ferdinand, aí mesmo é que o mito foi pro brejo. 
Juntas, Inglaterra e Itália ajudaram a derrubar mais um mito: o dos supertreinadores. Capello e Marcello Lippi, além de Domenech, saíram da competição bem antes do que se esperava. Capello levou para a África do Sul o mérito de, entre outras coisas, ter “recuperado a auto-estima da seleção britânica”. Não vi nada disso. O time mostrou falta de personalidade nas três partidas da primeira fase, até mesmo na única que venceu. Pode parecer um paradoxo, mas a melhor exibição da Inglaterra foi na derrota por quatro a um para a Alemanha. Houve o fracasso do Rooney, é verdade, mas ele não tem culpa. A culpa é da vulgarização da palavra craque: Rooney é um atacante muito bom; craque é outra coisa. 
A Itália também colaborou para que os supertreinadores fossem desmascarados, com as fraquíssimas atuações da equipe de Marcello Lippi. Assim como no caso da Inglaterra, a melhor atuação italiana foi na derrota. Domenech é uma piada, mas é estrela, uai. Fazer o quê? Os quatro treinadores que disputam o título de verdade – Dunga, Bert van Marwijk, Maradona e Joachim Low – não têm nada de astros superpoderosos. Melhor assim. 
Alguns outros mitos ainda podem cair até o final da Copa, mas é bom esperar pra não escrever bobagem. O blog volta na segunda.

3 comentários:

  1. Murta. Sabe quando vc está numa reunião de briefing, tem uma idéia, mas não fala nada por vergonha e o cara que está do seu lado tem a mesma idéia, mas fala e todo mundo acha genial?
    Pois é! Agora que o Brasil está fora da Copa, quero dizer umas coisas, ainda que me sinta um pouco envergonhado por reconhecer que meu conhecimento sobre futebol só supera o da minha mãe, que, quando vê o logotipo das Casas Bahia no canto do vídeo, pergunta por que o jogo está sendo na Bahia. Vamos lá.
    Nunca vina minha vida tão pouco interesse na seleção ou na Copa. Não sei o que aconteceu, mas em outras Copas sentia mais interesse, as pessoas torciam mais, sei lá. Parece que tá todo mundo cagando e andando pra Copa e o que escuto o tempo todo é"quando é que o Brasileirão vai recomeçar?".
    Outra coisa: a maioria dos torcedores brasileiros (principalmente aqueles que não têm Net nem Sky, ou seja, 95% do Brasil) nunca viu muitos dos nossos jogadores jogando por seus times, ou se viram, foi por muito pouco tempo.
    Você notou como todos os jogadores são amiguinhos demais? Acho isso esquisito pra cacete. Os caras vivem se abraçando, sorrindo, se frequentando, e o que é pior, se falam na lingua nativa dos caras!!!! Muito próximo dos adversários e distante demais da gente!
    O fato é que eu não tenho a menor sintonia, carinho, admiração ou identificação com a nossa seleção. Se você quer saber a verdade, não senti nada com a eliminação.
    Tem alguma coisa muito esquisita, né não?
    Sei que não entendo pôrra nenhuma de futebol, mas eu gosto muito. Tô sempre no Maraca vendo o Mengão. Meu avatar no MSN é um urubu ou algum simbolo do mengão, enfim, eu gosto dessa pôrra.
    Em função disso tudo, queria deixar aqui um tema pra discussão: não seria melhor que a seleção brasileira fosse formada apenas por jogadores que atuam no Brasil?
    Eu sei que tem muito craque jogando lá fora, mas será que não é melhor a gente ter uma seleção mais próxima da gente, que tenha mais identificação?
    Nunca vi uma Copa tão esquisita na minha vida. Fico aguardando suas sábias considerações.
    Saudações rubr-negras!!!!!
    Abs, Valois.

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  2. Valois,

    No dia 7 de abril, escrevi um post com o título "Uma seleção só com jogadores que atuam aqui", que está rigorosamente de acordo com o que você diz. Nele, cito o famigerado Felipe Melo e constato a falta de identificação entre nós, torcedores brasileiros, e jogadores que não sabemos direito em que clubes estão ou - pior - que nunca vimos atuar. Me arrisquei até a sugerir uma escalação só com caras que jogam no Brasil, e olha que deu um time bastante bom. Dá uma olhada lá. Dia 7 de abril. Abração.

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  3. Fui lá ver. E o pior é que eu já tinha lido...rsrs
    De qualquer maneira, fica o registro da revolta e de uma alternativa. Abração!

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