terça-feira, 6 de julho de 2010

Hoje tem semifinal da Copa. Mas o que importa é o nome do nosso novo técnico.
Aqui não perdemos tempo. Logo depois de dançarmos para a forte e equilibrada – embora não tão encantadora – seleção holandesa, já estamos discutindo apaixonadamente o nome do próximo técnico, aquele que vai nos renovar e nos redimir. Ontem vi alguns trechos dos programas esportivos do SporTV e da ESPN. Como ambos têm problemas sérios, embora inversos, não há ser humano que consiga assistir a qualquer um dos dois o tempo inteiro. O Linha de Passe deveria ser veiculado na Espanha, com o slogan “Hay gobierno? Soy contra!”. O Linha de Passe é contra tudo e contra todos. Já o Bem, Amigos é intragável por ser excessivamente chapa-branca. A entrevista de ontem com Ricardo Teixeira foi um irritante festival de sorrisos cúmplices, bajulação e baba-ovismo. Ricardo Teixeira fez o papel de sempre, lavando as mãos diante do fracasso como se ele fosse o presidente da Confederação Dinamarquesa de Futebol. 2006? Culpa do Parreira e sua excessiva liberalidade. 2010? Culpa do Dunga e seu cativeiro. Aí vem a frase falsa e feita: “Quando você está sobrevoando o Oceano Atlântico, não dá mais pra voltar.” Sim, mas quem foi que escolheu o piloto? Ricardo Teixeira não falou de nomes, e sim de um projeto. Quer um treinador que tope a parada de renovar a seleção brasileira, evitando a convocação, desde já, de caras que não terão condição de estar na Copa de 2014. Disse também que dirigentes, jornalistas e torcedores precisarão de paciência para conviver com eventuais fracassos durante o percurso, já que o objetivo será, única e exclusivamente, 2014. Copa América, Copa das Confederações, nada disso importa. Concordo. Mas faltou um dos entrevistadores (Galvão Bueno, Paulo César Vasconcellos, Renato Maurício Prado e Arnaldo César Coelho) lembrar ao presidente da CBF que ele teve discurso idêntico quando Leão era o técnico da seleção brasileira e disputou uma Copa das Confederações com um time todo improvisado. Nossa participação foi um fiasco, e Leão já desceu no Galeão demitido. No final do programa da ESPN, José Trajano afirmou, segundo ele com noventa por cento de chances de acerto, que o próximo técnico da seleção brasileira será Leonardo. Sei não.

2 comentários:

  1. Acho que as declarações do Ricardo Teixeira mostram que a CBF vive num estado permanente de imediatismo, em que só interessa o problema mais recente. Em 2006 o problema foi a farra dos jogadores, então em 2010 colocou-se a equipe no cativeiro. Em 2010 o problema foi a falta de renovação, então em 2014 jogaremos a Copa com a seleção sub-17. Sempre parece que o problema da seleção é um só e resolvê-lo é garantir a vitória.

    ResponderExcluir
  2. O Bem Amigos foi uma aula de como se faz um programa pra lá de "chapa branca" e outra aula de como não se faz jornalismo. Talvez desse certo convidar alguém do Linha de Passe - não vale o Juca Kfouri - para fazer o contraditório.
    Minha sugestão para técnico da seleção é Maradona. Seríamos campeões em 2014? Não sei, mas seria muito divertido, muito.

    ResponderExcluir