quarta-feira, 7 de julho de 2010

O futebol tem uma dívida com os holandeses. Por isso, vou torcer por eles.
A seleção da Holanda que chega à final da Copa de 2010 é diferente e bem menos empolgante do que as que chegaram às finais de 74 e 78. A de 74 era deslumbrante. Surpreendia no sistema tático defensivo quando, muitas vezes, parecia um bando de loucos correndo ao mesmo tempo em direção à linha do meio-campo, pra deixar o ataque adversário em impedimento. Ninguém nunca tinha visto aquilo. Surpreendia na parte ofensiva, com um toque de bola rápido, preciso e envolvente. Em poucos segundos os caras saíam da defesa e já estavam em condição de concluir. O time de 78 surpreendia menos – até porque todos já conheciam as novidades desde 74 – e não contou com Johann Cruyff, o maior jogador holandês de todos os tempos. Mas ainda assim era um timaço. Tanto a Holanda de 74 quanto a Holanda de 78 deram o tremendo azar de fazer a final contra equipes da casa. A gente sabe que isso tem peso decisivo no futebol, e mais ainda em copas do mundo. Chile e Coreia do Sul só chegaram entre os quatro primeiros quando jogaram em casa. A Suécia só chegou à final jogando em casa. Inglaterra e França foram campeãs do mundo uma única vez – ambas em casa. E outra: além de estar em casa, em 74 a Alemanha também tinha uma grande seleção, com Beckenbauer, Overath, Maier, Muller, Breitner, um monte de cobras. A Argentina de 78 estava longe disso, mas hoje a gente tem plena consciência de que era impossível tirar aquela copa das mãos do general Videla e do almirante Massera. A Holanda 2010 encanta menos, mas é muito equilibrada. A defesa é tão boa quanto o meio-campo, que é tão bom quanto o ataque, que é tão bom quanto a defesa. E pra ligar todos os setores, dois jogadores que entram fácil na seleção da Copa: De Jong e Sneijder. Seja contra a Alemanha (mais provável), seja contra a Espanha (sabe lá?), no próximo domingo eu vou torcer para que a bola pague ao futebol holandês a dívida que tem com ele há trinta e seis anos.

2 comentários:

  1. Prezo muito a força da tradição na Copa do Mundo. Outro dia estava pensando que, com duas exceções (agora três), a Copa está sempre entre quatro times: Brasil, Itália, Alemanha e o anfitrião. As exceções são 1986 (Maradona) e 1950 (tragédia nacional). Forte indício de que não é qualquer um que consegue ganhar uma Copa.

    Por isso estava torcendo para a Alemanha: era a última representante da tradição na África do Sul. Agora, que ganhe a Holanda, que ao menos já chegou em duas finais e em 1998 caiu nas semis. Esse time da Espanha pode não ser tão farsante quanto os anteriores, mas a história da seleção espanhola continua quase inexistente. Por isso, avante a laranja.

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  2. Pois é, Lucas, a força do anfitrião em copas é gigantesca. E justo quando montou seus melhores times, a Holanda pegou pela proa dois adversários de lascar. Acho que está mais do que na hora da seleção holandesa levar o título de campeã mundial pra casa.
    Achei bem bacana esse raciocínio de que a Copa está sempre entre quatro times. Bela sacada.
    Beijos pra você e pra Clarice.

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