Poupando gols.
Ontem falei do tico-tico no fubá que meu pai volta e meia usava, para definir times que trabalhavam bem a bola mas não sabiam concluir. Um pouco mais tarde, depois de ter visto alguns momentos de Argentina e Grécia, lembrei de outra do velho. Fluminense doente, ele não se impressionava quando eu chegava em casa empolgado porque o Flamengo tinha vencido o Bonsucesso por cinco a zero. Meu pai dizia: “Isso, assim que eu gosto. Faz cinco no Bonsucesso, dezoito no São Cristóvão, aí quando chegar o jogo contra o Fluminense, vocês já gastaram os gols todos”. Estou preocupado com o Messi. Em primeiro lugar, porque ele é a única coisa nessa Copa que impressiona. O time do Brasil é forte e pode chegar, acho que o equilíbrio da Holanda faz dela uma boa candidata, mas o que existe de diferente nessa Copa é o Messi. Só. Em segundo lugar, tem a história dos gols. Se meu pai gostava quando o adversário gastava os gols antes da hora, tá dando a impressão de que o Messi está poupando. Não por livre e espontânea vontade, mas simplesmente porque eles não têm acontecido. Só que é irreversível: uma hora vão ter que acontecer. Contra a Nigéria, o goleiro Enyeama fez três grandes defesas em três conclusões do Messi. Contra a Coreia do Sul, um dos gols do Higuaín foi inacreditável: Messi fez toda a jogada pela meia-esquerda, bateu forte, o goleiro rebateu, ele emendou de primeira, a bola tocou na trave e correu quase que sobre a linha do gol, indo ao encontro de Higuaín que apenas a empurrou pra dentro. Ontem, em jogada bem parecida, Messi fez tudo certo, chutou, o goleiro grego rebateu e Palermo aproveitou. É certo que os gols do Messi vão sair. Por isso, vale muito a pena torcer para a Argentina sair antes.
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