Ainda não pintou o campeão.
Copa do Mundo é uma competição que jamais é vencida por uma seleção badalada. Brasil em 50, Hungria em 54, Holanda em 74, Brasil e Argentina em 82, Brasil em 2006. Nenhuma delas venceu. A explicação está no próprio conceito do jogo, que permite a vitória do mais fraco, e também do torneio, que a partir das oitavas é eliminatório. Quando um time se destaca, todos ficam de olho, estudam como marcá-lo e sabem que, se conseguirem se superar naqueles noventa minutos, acabam com o bicho-papão. Derrubam o mito. E não há nada mais bacana no futebol do que a queda de um mito. É claro que a Espanha ainda pode ser campeã, mas o mito caiu. O que, para a seleção espanhola, foi um grande negócio: é muito melhor tomar uma chacoalhada na primeira fase, ainda com tempo para se recuperar, do que no mata-mata, quando se perder acaba. Embora não tenha alcançado a badalação da Espanha, a Argentina é outro mito dessa copa. Digamos, um mitinho, que se deve ao craque que realmente é o Messi, ao grande futebol do Verón, aos gols de Milito definindo jogos decisivos da temporada europeia. Mas algo me diz que hoje, no último minuto do primeiro tempo, o mitinho começou a cair: a zaga argentina é muito pior do que a gente pensava. A falha de Demichelis no gol sul-coreano foi bisonha. Ele tem toda a pinta de galã da novela das seis, porte, cabeça erguida, rabo de cavalo, mas um futebolzinho de lascar. Como diz meu amigo Serginho, é um mentiroso. Além disso, Gutierrez é muito fraco, Heinze não dá mais e Samuel, que continua sendo um zagueiro firme, sentiu a coxa e saiu machucado. A verdade é que Maradona não tem defesa, e do jeito que se joga futebol hoje em dia, é quase impossível ganhar a Copa do Mundo só com um bom ataque. Ou alguém acha que a Argentina vai fazer três ou quatro gols contra a Itália, contra a Inglaterra, contra o Brasil? Vai nada – do mesmo modo que o Chelsea e o Barcelona não conseguiram fazer os gols de que precisavam contra a Inter de Milão, na Liga dos Campeões. Espanha e Argentina continuam sendo fortes candidatas, mas estão longe, muito longe, de ser imbatíveis. As coisas ainda estão bastante equilibradas, e acho que a gente precisa ver muito mais o potencial de cada seleção do que os resultados até agora. Por isso, pra mim, só França e Itália estão fora da briga.
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