segunda-feira, 14 de junho de 2010

As três piores coisas dos três primeiros dias de Copa.
A europeização das seleções da África negra. O frangaço do goleiro inglês Green. A desastrada atuação do centroavante argentino Higuaín. 
Já vimos Camarões, Gana e Nigéria praticando um futebol no mínimo divertido. Velocidade, malemolência, riscos, ofensividade, alegria. Mas agora que todos os jogadores dessas seleções atuam no futebol europeu, dá dó ver Nigéria e Gana jogando como se fossem a Suíça e a Suécia. Não por acaso, a mais bacana das seleções africanas, até agora, foi mesmo a da África do Sul, com seu time formado por jogadores que atuam no próprio país. 
O frango de Green é consequência direta de um futebol em que há excesso de dinheiro. Se pegarmos os seis primeiros colocados do último campeonato inglês, temos o seguinte quadro: o goleiro do Chelsea é da República Tcheca; o do Manchester United é holandês; o do Arsenal é espanhol; o do Tottenham é brasileiro; o do Manchester City é irlandês; o do Aston Vila é norte-americano. Robert Green é goleiro do West Ham United, time que terminou a última temporada em décimo-sétimo lugar. É mais ou menos como se o goleiro titular da seleção brasileira atuasse no Náutico. Pra quem tem dinheiro sobrando, é sempre mais cômodo comprar feito do que formar, e o resultado é que há muito tempo não aparece um grande goleiro nascido na Inglaterra. 
Higuaín vai ser a senha pra falar um pouco mais da seleção Argentina. Gente, o time não é isso tudo não. Tem o Verón, de quem sou fã de carteirinha, mas ele não aguenta mais um jogo inteiro no mesmo ritmo. Tem o Messi, sobre quem não é preciso dizer nada. Tem outros bons jogadores. Mas tem problemas, e como. O goleiro é atabalhoado e não inspira a menor confiança. Também não há novidade em falar na fragilidade dos zagueiros de Maradona. Mesmo contra um time taticamente acuado e tecnicamente pobre, deram mole em vários lances, oferecendo oportunidades de gol a um adversário que não as queria. Carlito Tevez jogou bem, mas estranhei a posição em que foi escalado: armando, indo buscar a bola muito atrás, tendo mais a função de servir os companheiros. Quanto a Higuaín, francamente: sem velocidade e meio grossão, lembrou o nosso Washington em seus piores dias. Ah, mas ele é titular do Real Madrid. E daí? Ah, mas ele pôs Milito no banco. E daí? Por falar em Milito, vale lembrar que ele nunca foi reconhecido na Argentina e que com trinta anos de idade jogava no Genoa, da turma intermediária do futebol italiano. Foi pra Inter de Milão na última temporada e, temos que reconhecer, arrebentou. Só que aí vem a história: em vez da gente olhar para o Milito como um bom atacante que está em boa fase, enxergamos no Milito um centroavante excepcional – que ele nunca foi e não é. A grama do vizinho é sempre mais verdinha, como ensinavam nossas tataravós. É claro que a motivação de jogar contra a Nigéria é uma, e a de jogar contra Brasil, Itália ou Alemanha é outra. Mas vocês já pensaram no cipoal de críticas que tomaria conta da imprensa e no pessimismo que inundaria os cento e noventa milhões de brasileiros, se a nossa seleção ganha do fraco time da Nigéria por apenas um a zero? Pois os argentinos fizeram festa, no campo, na arquibancada e em Buenos Aires. Sou um grande admirador do futebol argentino, não abraço essa ideia de torcer contra a seleção argentina por princípio, mas o time deles não tem nada de bicho-papão.

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