terça-feira, 8 de junho de 2010

O surgimento do Bruno César é uma prova do sumiço dos olheiros.
Artigo primeiro, parágrafo único: Bruno César não é craque. Todos de acordo, podemos seguir com o raciocínio. Mesmo não sendo craque, nas poucas partidas que disputou pelo Corinthians ele já mostrou que tem lugar no time. Em um dos posts de 12 de abril, elogiei o então pouco conhecido Bruno César após uma das partidas do Santo André pelo Campeonato Paulista, mas sua afirmação no Corinthians é fundamental, até porque Corinthians é Corinthians e Santo André é Santo André. Peguem o Roger, atual artilheiro do Brasileirão, e o coloquem – como já colocaram – no São Paulo, no Palmeiras, no Fluminense: é um poste vestido com a camisa nove. Ponham o Roger em times como o Sport, o Vitória ou o Guarani: é um gol atrás do outro. Futebol tem dessas coisas. Mas esse post quer tratar do seguinte: por que o Corinthians perdeu tanto tempo, lábia, energia e, acima de tudo, dinheiro, para trazer Tcheco, Danilo, Edu, etc., quando a melhor maneira de cobrir a saída de Douglas estava aqui ao lado? É verdade que Bruno César ainda não atuava pelo Santo André na medíocre campanha do time no último Campeonato Brasileiro, mas jogava por perto e ninguém viu. Houve um tempo em que os grandes clubes brasileiros – todos, sem exceção – tinham olheiros em suas folhas de pagamento. O Flamengo teve um que virou lenda, o Mineiro, mas todos tinham. Esses caras saíam pelo Brasil afora assistindo às mais despretensiosas peladas, checando indicações que raramente se confirmavam, garimpando, filtrando, fazendo um trabalho de abnegação e paciência em que havia muito mais fracassos do que sucessos. Mas os poucos sucessos compensavam. Foi assim que Waldemar de Brito levou Pelé de Bauru para o Santos, foi assim que Celso Garcia levou Zico de Quintino para o Flamengo. Não pode ser simples acaso, mas o fim dos olheiros coincide com o reinado dos empresários no gigantesco negócio em que o futebol se transformou. Ou então, o que é mais provável: os olheiros continuam dando duro por aí, mas não trabalham mais para os clubes. Trabalham para os empresários.

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