Os seis grandes candidatos ao título do Brasileirão 2010.
Dando sequência ao post de ontem, hoje vou falar das minhas apostas para o Campeonato Brasileiro desse ano. Por uma questão de reconhecimento e respeito, começo pelo líder. O Corinthians tem três grandes vantagens e um problemão. Vantagem número um: abriu uma diferença que pode pesar na reta final, embora não tenha sido decisiva no ano passado. (Na metade do segundo turno, o Palmeiras estava nove pontos à frente do Flamengo.) Vantagem número dois: dos seis candidatos, é o único que não encontrará dificuldades com o mando de campo. O São Paulo não terá o Morumbi, o Palmeiras não terá o Parque Antártica, o Inter não terá o Beira-Rio, Flamengo e Fluminense não jogarão no Maracanã – o que, no caso do Flamengo, pode ser mortal. Só o Corinthians continuará jogando em sua casa, o Pacaembu. Vantagem número três: apesar de, provavelmente, ter que se conformar com a perda de dois ou três bons jogadores, o elenco é equilibrado e as reposições não devem ser tão traumáticas. O problemão do Corinthians é que, desde que começou essa história de pontos corridos, ninguém conseguiu vencer o Brasileirão de ponta a ponta. Largar na frente virou maldição.
O São Paulo é a força de sempre. Ao contrário do que costuma acontecer, contratou mal e sem critério no início do ano, mas foi se ajeitando aos poucos. No entanto, sua participação no Brasileiro vai depender muito da trajetória na Libertadores. Apesar do futebol excessivamente pragmático – e por isso, na maioria das vezes, chato de se ver –, continua sendo o time mais consistente do país.
Na arrancada que levou o Inter ao vice-campeonato no ano passado, Mário Sérgio provou que um técnico determinado pode fazer o time engrenar. Jorge Fossati foi má escolha e fez o Inter perder tempo. Outra vantagem da equipe gaúcha está no fato de manter os mesmos jogadores do segundo semestre de 2009. Não saiu ninguém, e se todos permanecerem após a janela, esse entrosamento vai acabar contando.
Em um dos posts de 20 de maio, escrevi que não vejo, na equipe do Palmeiras, problemas tão críticos quanto os próprios palmeirenses costumam apontar. Precisa de um lateral esquerdo e de dois bons atacantes – agora um só, com a volta do Kléber. Como não deve perder ninguém na janela e a ideia é se reforçar ainda mais, posso até ser o único, mas considero o Palmeiras um bom candidato.
O Flamengo é a incógnita de sempre. Tanto pode fazer tudo certo, quanto se superar nas tolices e absurdos. Quando ninguém esperava nada do time – cheguei a ver o flamenguista Renato Maurício Prado falar em risco de rebaixamento, após a derrota para o Avaí por três a zero, na segunda rodada do segundo turno –, levantou a taça. O Maracanã vai fazer muita falta, mas tudo no Flamengo é imprevisível. Se começar a acertar e os outros derem mole, como aconteceu no ano passado, é um time que tem peso e tradição no Brasileiro.
Espero que, a essa altura, meu amigo e grande conhecedor de futebol Jaime Agostini já tenha desistido de ler o post. Chegou a hora de falar do Fluminense e elogiar o trabalho de Muricy – que, para os que não sabem, é odiado pelo Jaime. O Fluminense está fazendo tudo direito. Do time que conseguiu a inacreditável recuperação no ano passado, só foi embora o bom atacante Maicon. Os outros estão todos lá. Carlinhos não é nada de excepcional, mas acertou a lateral esquerda, e fala-se de uma lista de reforços que pode tornar o time ainda mais robusto. Dinheiro, parece que há. Acho fracos os dois volantes que vêm jogando, Diogo e Diguinho, mas a verdade é que Muricy deu padrão de jogo ao time, ajeitou a defesa, deixou mais rápida a ligação entre o meio e o ataque, e aumentou em muito a competitividade. Ganhou com sobras do Atlético no Mineirão e do Avaí na Ressacada, não tomou conhecimento do Flamengo, fez o dever de casa contra Atlético Goianiense e Vitória no Maraca, e mesmo nas duas derrotas (Ceará e Corinthians, ambas fora de casa), jogou melhor que seus adversários. Temos o hábito de superestimar o trabalho dos treinadores, que quando não atrapalham já fazem muito, mas é preciso dar a mão à palmatória. Muricy está indo bem à beça, e se continuar nessa pegada o Fluminense pode chegar lá.