quarta-feira, 7 de abril de 2010

Uma seleção só com jogadores que atuam aqui.
Acredito que a Copa do Mundo tenha surgido para confrontar estilos. O jogo é um só, as regras são as mesmas, mas o jeitão de jogar varia de lugar pra lugar. Os ingleses gostam de bolas altas na área. Os argentinos tocam e se vão. O que os alemães têm de pragmáticos, os brasileiros têm de inventivos. Aí alguém teve a ideia de botar esses estilos todos se enfrentando, para ver qual deles traduzia melhor o jogo. Obviamente, quando a globalização chegou ao futebol, isso foi pro brejo. O time-base do Dunga tem apenas um jogador que atua no Brasil, o que significa que esta seleção não pode ser considerada uma legítima representante do estilo de jogo que a gente vê no país. Pelo contrário: muitas vezes, bons jogadores locais deixam de ser convocados sob o argumento da falta de experiência internacional. E outros, até menos talentosos, são chamados única e exclusivamente por isso. (O melhor exemplo do momento é o Felipe Mello: no Flamengo, no Cruzeiro e no Grêmio, era um apoiador lento e de estilo clássico; na Europa, virou um volante brigão.) A seleção argentina que vai à África do Sul também terá no máximo três ou quatro que atuam na Argentina. E por aí vai. A Copa do Mundo deixou de ser um torneio que confronta estilos, e isso é irreversível. Só que, no caso brasileiro, a gente poderia ter um critério diferente. É muito ruim essa distância entre jogadores e torcedores. Até pouco tempo, você ia ao estádio e via em ação os caras da seleção. Tanto os do seu time quanto os dos outros. Hoje você passa os olhos na lista de convocados e se depara com um Afonso, um Hulk. Não está se discutindo aqui a qualidade do jogador, mas a falta de identificação: é estranho torcer por um cara que você nunca viu jogar. O Campeonato Espanhol tem um clube, o Atlético de Bilbao, que só aceita no elenco quem tiver origem basca. Critério. Como o Brasil é um país com inesgostável capacidade de produzir bons jogadores, não seria legal adotar o critério de só levar pra nossa seleção os que atuassem aqui? Deem uma olhada nesse time: Vitor (Grêmio); Jonathan (Cruzeiro), Alex Silva e Miranda (São Paulo), Roberto Carlos (Corinthians); Sandro (Internacional), Hernanes (São Paulo), Elias (Corinthians) e Paulo Henrique (Santos). Robinho (Santos) e Kléber (Cruzeiro). Essa escalação saiu sem parar pra pensar e sem qualquer jogador do Flamengo, pra ninguém acusar o blogueiro de parcialidade. Agora, comparem com a seleção titular do Dunga e vejam quem está lá e faz falta de forma indiscutível no time que escalei aqui. Pra mim, só o Kaká. Isto não seria uma punição aos jogadores que atuam fora. De jeito nenhum. Todo mundo tem o direito de trabalhar onde quiser, e nada mais justo do que o cara querer ganhar melhor, receber em dia e exercer sua profissão em lugares com mais estrutura. Entretanto, seria uma questão de escolha: quer jogar fora, vai, beleza, mas para a seleção brasileira só iriam os que decidissem ficar por aqui. Claro que essa ideia nunca será proposta e, se for, jamais será adotada. Patrocinadores, FIFA, etc, hoje tem dinheiro grosso na parada. Mas seria bem bacana.

Um comentário:

  1. Murta.
    Eu também penso assim. Aliás, sempre pensei. Mas como vc falou primeiro, o crédito é todo seu.
    Eu fico puto com esses caras que vem lá da casa do cacete, jogam e vão embora.
    Parece masturbação, sei lá.....é esquisito.
    Não tenho muita identificação com ninguém. Sabe aqueles mulherõs da Playboy? Pois é!
    Outra coisa que eu queria falar, antes de você colocar o assunto em pauta (se é que não colocou) e eu ficar com cara de babaca de novo.
    Os campeonatos estaduais. Isso tem que acabar. O Flamengo tá jogando há quase 2 meses e só agora começa a valer. Digo a mesma coisa dos times de São Paulo.
    Será que não tem solução pra acabar com essa herança caixa água? Sei lá......algo do tipo torneio Rio-São Paulo. No mundo inteiro os times competem em torneios rentáveis e emocionantes. Aqui fica essa bosta até o meio do ano. Sábio do jeito que vc é, pensa num negócio legal aí.
    Abraço.

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