quinta-feira, 8 de abril de 2010

A agonia dos estaduais.
Quando vi o comentário do Valois em cima do post de ontem, eu estava justamente dando uma olhada na tabela do Campeonato Paulista, para escrever algo sobre os estaduais. Percebo duas grandes diferenças entre o paulista e o carioca. A primeira é a grana, já que os clubes pequenos de São Paulo têm muito mais condição do que os do Rio. Exemplo: apesar de já se aproximar do final da carreira, não existe a menor chance de um jogador com a qualidade do Marcos Assumpção atuar num pequeno do Rio. A realidade é outra. A segunda diferença é que essa história de os pequenos do Rio não fazerem mais seus jogos contra os grandes em casa acaba com a graça. Quando eu era moleque, lembro do sufoco que os grandes passavam pra ganhar do Olaria na Rua Bariri, do Bonsucesso em Teixeira de Castro, do Campo Grande em Ítalo del Cima. Se eu não estiver enganado, o único time pequeno que jogou em casa contra os grandes no atual campeonato foi o Volta Redonda. Aí os jogos ficam chochos. Apesar de alguns absurdos (o Santo André mandar seu jogo contra o São Paulo em Piracicaba, com outros clubes interessados no resultado, é totalmente antiesportivo, não?), os pequenos de São Paulo costumam jogar em casa. É bem verdade que isso só dura durante a fase de classificação, porque a final é sempre no Morumbi ou no Pacaembu. Ou seja: no Campeonato Paulista, os pequenos têm o direito de chegar às finais, mas não o de ser campeões. No Campeonato Carioca, nem isso. Outro problema é que, provavelmente por falta de estrutura para manter divisões de base, os pequenos deixaram de ser clubes formadores. Didi começou no Madureira, Gérson no Canto do Rio, Dadá Maravilha no Campo Grande, Ronaldo Fenômeno no São Cristóvão. Hoje os pequenos revelam pouco e costumam montar seus elencos com o que sobra dos grandes. O que parece indiscutível é que, tanto no Rio quanto em São Paulo, os campeonatos sofrem de inchaço. O carioca deveria ter no máximo dez clubes, e o paulista doze. Isso proporcionaria muito mais equilíbrio. Querem um exemplo? Se o Campeonato Paulista fosse disputado pelos times que terminaram a fase de classificação nos doze primeiros lugares, esse monte de goleadas que o Santos tem aplicado se reduziria a uma: cinco a zero sobre o Grêmio Prudente, e mesmo assim lá na quarta rodada, quando o ex-Barueri ainda se rearmava. A campanha do Santos continuaria sendo excelente e o time teria boa vantagem sobre os demais, mas não haveria essa quantidade de massacres que temos observado. Entretanto, ao contrário do Valois, eu não gostaria que os estaduais acabassem. Tradição e rivalidades regionais são muito importantes e precisam ser levadas em conta. Mas é óbvio que esses campeonatos têm que ser revistos e repensados. Com menos clubes na disputa e os pequenos voltando a jogar em casa para aumentar as surpresas e as emoções, acho que ainda há espaço para eles.

2 comentários:

  1. Tirando o fato de que os estaduais, melhor planejados e dimensionados, funcionam como uma boa pré-temporada para os grandes.

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  2. Os estaduais poderiam se transformar em regionais. Criariam-se novas ligas, tradições e rivalidades.

    Por exemplo, que graça tem o Campeonato Gaúcho? Uma competição rasteira de 10 clubes inexpressivos (à exceção dos 2 grandes), que no final quem leva ou é o Grêmio ou o Inter.

    Não seria muito mais empolgante uma pré-temporada que juntasse 2 ou 3 estados?

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