terça-feira, 21 de setembro de 2010

Se vai ganhar a Copa, não sei. Mas o cara conhece.
O Mano Menezes que eu queria ver há pouco mais de um mês no "Bem, Amigos!", mas Galvão Bueno, Jô Soares e Ivan Lins me forçaram a desistir, vi ontem no "Roda Viva". O cara é um excelente entrevistado. Conhece profundamente o assunto, organiza bem o pensamento, fala com clareza e ainda teve paciência com a Marília Gabriela, que provou estar à altura da nossa imprensa especializada: não sabe nada de futebol. Fiquei feliz, também, por ver o Mano defender alguns raciocínios que já foram abordados aqui no blog, ou no mínimo em conversas com a rapaziada. 
Quando o jornalista Paulo Moreira Leite, com seu jeitão de maestro da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, insinuou que Zagalo não fizera nada na seleção de setenta, Mano e Mauro Betting (de quem eu gosto) rebateram na hora. Mano aproveitou pra dizer que aquele foi o melhor time de futebol que ele já viu jogar, inclusive com conceitos táticos que servem de referência até hoje. 
Questionado sobre uma possível diferença de tratamento para Ronaldo, no Corinthians, confirmou que havia sim, e que, se você pegar um jogador cheio de conquistas e outro que ainda está começando, é normal e recomendável que o tratamento seja diferente. 
Quando Michel Laurence perguntou se ele não achava que Dunga poderia ter ligado para o Fenômeno seis meses antes da Copa, pra dizer que contava com ele e estimulá-lo, Mano deixou claro que esse não é o papel do treinador da seleção brasileira. Ao contrário: Ronaldo é que precisaria ter arrebentado nos jogos e treinamentos, para mostrar a Dunga e ao país inteiro que não podia deixar de ser convocado. 
E quando Mauro Betting brincou com o esquema tático de Mano no Corinthians, o falso quatro-três-três que era, na verdade, quatro-cinco-um (por sinal, muito parecido com o Flamengo dos anos oitenta), Mano riu, concordou e tirou uma, dizendo que, enquanto os jornalistas esportivos continuarem mais preocupados com as fofocas do que com o jogo, sempre será fácil dizer pra eles que aquilo era quatro-três-três. Em outras palavras: é fácil enrolar jornalista esportivo, porque ele não entende nada do que acontece dentro de um campo de futebol. 
Mano admitiu, ainda, que o Corinthians de Adílson Batista está mais rápido do que quando ele deixou o clube. Deu um baile. Poderia ter havido um pouco mais de provocação por parte dos jornalistas. Por exemplo: como ele explica o fato de alguns técnicos, inclusive ele, ganharem trezentos, quatrocentos, quinhentos mil reais por mês e perderem um campeonato brasileiro para um técnico que assumiu o time campeão ganhando quinze? Outro: depois de tanto planejamento, tanto sonho sonhado e tanto dinheiro investido, como ele explica a eliminação na Libertadores para o time que, naquele momento, melhor traduzia o conceito de esculhambação? Faltaram algumas coisinhas, mas foi um programa bem bacana. Merecia continuação.

2 comentários:

  1. viu que diferença? imagine se o primeiro candidato a técnico tivesse ficado com o cargo? q merda de entrevista seria?

    "jeitão de maestro" foi muito boa.

    ResponderExcluir
  2. Murta, tbm adorei o Roda Viva. Nosso técnico é elegantao né? Achei um lord.
    Beijosss

    ResponderExcluir