quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A revisão das previsões.
Logo depois da interrupção do Campeonato Brasileiro, para a Copa do Mundo, me arrisquei numa previsão sobre os candidatos ao título, com a ressalva de que tudo poderia mudar por causa da janela europeia de transferências. Agora, com a janela fechada, chegou a hora de rever as previsões. Naquela ocasião, apontei seis favoritos: Corinthians, São Paulo, Internacional, Palmeiras, Flamengo e Fluminense. Vou rever um por um. 
No ano passado, o sheik Emerson formou uma excelente dupla com Adriano e foi titular do Flamengo até a vigésima-primeira rodada do Brasileirão, quando deixou o clube pra jogar na Arábia. Seu substituto foi Zé Roberto, que cumpriu bem a missão, ajudou o Flamengo a levantar o título e voltou para a Alemanha. Esse ano, Emerson e Zé Roberto estavam doidos pra jogar novamente pelo Flamengo, só que o clube não conseguiu a grana necessária pra trazer nenhum dos dois. (Não me perguntem de onde saiu a grana pra trazer Deivid e Diogo.) Pois bem. Nas dez rodadas pós-Copa, Emerson, pelo Fluminense, e Zé Roberto, pelo Vasco, já marcaram sete gols. Mais do que todo o time do Flamengo no mesmo período. Aliás, o Flamengo fez, nesses últimos dez jogos, o mesmo número de gols que o meia Elias, do Atlético Goianiense, fez sozinho nos últimos dois. Ridículo. Deivid e Diogo podem ajudar o time a seguir no campeonato com uma campanha menos vergonhosa, mas tá na cara que não dá mais pra disputar o título. Menos um na briga. 
Desde que vim para São Caetano, há cinco anos, essa é a pior temporada do São Paulo. Planejamento tosco, contratações equivocadas, técnico honesto mas sem pegada. O time vai melhorar e subir na tabela com a chegada do Ilsinho e a volta do Alex Silva, mas a distância pra quem está na ponta ficou grande demais. Menos dois na briga. 
Não sei exatamente por que, mas eu ainda acredito que o Palmeiras tem chance. Nunca achei o time ruim como, às vezes, a própria torcida palmeirense acha, mas faltava força ofensiva. A chegada do Kléber diminuiu bastante o problema, só que aí coincidiu com a saída do Cleiton Xavier, agora veio o Valdívia, ou seja: tem que arrumar tudo de novo. Essa janela é um inferno, mas não há o que fazer a não ser conviver com ela. Apesar de ser reticente em relação aos superestimados poderes dos técnicos, reconheço que Felipão é um treinador carismático, que pode ajeitar as coisas, fazer um bom trabalho, unir time e torcida. Aí, se Fluminense e Corinthians vacilarem tanto quanto Palmeiras e São Paulo no ano passado, o verdão pode entrar na briga. É verdade que nem o Felipão acredita nisso – não sei se com sinceridade ou se por estratégia –, mas não acho impossível. 
O Inter perdeu dois jogadores muito importantes, Sandro e Taison, o que o deixou mais fraco que Fluminense e Corinthians. Mas ainda é um bom time e está de moral elevada pela conquista da Libertadores. Além disso, parece que vai conseguir mandar seus jogos no Beira-Rio, o que é fundamental para sonhar com alguma coisa. Se o Inter esquecer esse maldito Mundial de Clubes e voltar suas atenções para o Campeonato Brasileiro – um título que não levanta desde 1979 –, vai dar trabalho. 
Fluminense e Corinthians permanecem como os dois grandes favoritos, apenas com as posições trocadas: antes da interrupção do campeonato, o Corinthians liderava e o Flu vinha em segundo. As colocações se inverteram, mas os dois permanecem muito fortes. Não perderam jogadores na janela, mantiveram o nível, seguem firmes e focados. O Fluminense tem um problemão: se o Maracanã realmente for fechado, o time vai sentir. Não sei exatamente por que o Maraca precisa ser fechado agora, se o estádio de Itaquera e a nova Arena da Fonte Nova só começarão a ser construídos em janeiro de 2011. Coisas da triste política de picuinhas que tomou conta do futebol brasileiro. 
O maior problema do Corinthians não é apenas o maior: é também o mais gordo. Até Andrés Sanchez já admitiu que precisamos aceitar o Ronaldo do jeito que ele é agora. E agora ele é um jogador sem a menor condição de aguentar o tranco de um campeonato longo e extremamente competitivo. Com Ronaldo, é preciso montar todo o esquema de jogo em torno de um atacante que mal corre e pouco se movimenta; sem Ronaldo, o Corinthians apresenta carências ofensivas que podem pesar na hora do vamos ver. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Mas como não existe time perfeito, são grandes as chances do coringão levar o caneco mesmo sem resolver esse embrulho. 
Quando comecei a pensar nessa revisão, cheguei a considerar as possibilidades de Santos e Cruzeiro, mas acho que não vai dar pra nenhum dos dois. Mesmo com as saídas do Robinho, do André e do Wesley, estava disposto a incluir o Santos na briga, porque time que tem Neymar e Paulo Henrique é candidato ao título de qualquer campeonato que dispute. Mas a contusão do Ganso muda tudo. Sem ele, fica muito difícil. O Cruzeiro tem sido, nas últimas temporadas, um dos bons times do futebol brasileiro. Tem um elenco equilibrado e padrão de jogo definido, mas atrapalha muito o fato de ter se transformado num time itinerante, que joga hoje em Uberlândia, amanhã em Ipatinga, depois de amanhã em Sete Lagoas. Tudo é Minas, mas a casa do Cruzeiro é o Mineirão e não tem jeito. Lá o time conhece os segredos, as dimensões, os buracos, a altura da grama, as referências. Pode parecer que não, mas tudo isso conta. Agora, é esperar. No dia cinco de dezembro saberemos, de tudo isso, o que estava certo, o que bateu na trave e o que foi a mais rematada bobagem.

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