sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Começou a esquentar.
A questão não é que todo mundo esteja jogando a favor do Corinthians. A questão é que, num campeonato tão equilibrado como esse, em que é normal ganhar e perder, subir e descer, se um time se mantém forte e estável, ele dispara. Abrindo o leque e considerando que os cinco primeiros na tabela são candidatos ao título, na rodada do último final de semana só o Inter venceu – além do Corinthians, claro. Já no meio da semana, Fluminense e Cruzeiro também ganharam, mas aí quem perdeu foi o Inter. Ou seja: enquanto um tropeça aqui e outro ali, o Corinthians abre a vantagem. Ainda não estamos na reta final, que só começa de verdade na trigésima rodada, mas já nesse domingo o Corinthians tem, diante do Inter em Porto Alegre, a chance de conquistar uma das que o PVC chama de “vitórias improváveis” que levam ao título. É parada dura e tem tudo para ser um jogaço. Se der Inter, o time gaúcho mostra cacife pra brigar até o fim; se der Corinthians, vai ficar difícil segurar a equipe de Adílson Batista, mesmo que ainda falte tanta água pra rolar. 
Contra o Santos, o Corinthians mostrou novamente o que tem sido sua marca característica: a consistência. Mesmo nos momentos em que é dominado, o time consegue segurar a bronca, não deixa o adversário matar o jogo e se recupera. E a maior força é mesmo a do conjunto. Tem gente jogando o fino, principalmente Jucilei e Elias, mas é um time em que sai um, entra outro, e a pegada não muda. Já o Santos, hoje uma equipe bem diferente daquela do primeiro semestre, teve que encarar a rebordosa da crise entre Neymar e Dorival Jr. Era um desses jogos que poderiam ajudar a embolar o campeonato, mas os santistas cometeram tantas besteiras administrativas que ficou difícil não entregar o ouro. Fizeram um a zero, fizeram dois a um, e não deu outra: entregaram. 
O Flamengo fez, contra o Grêmio em Porto Alegre, sua melhor partida no segundo turno, embora ainda distante de ter feito uma grande partida. Teve equilíbrio, procurou manter a posse de bola, abriu o jogo pelas pontas e contou com mais uma boa atuação do goleiro Marcelo Lomba. Léo Moura jogou muito e Diogo mostrou que pode ser bastante útil. O problema é que todos os ataques pararam nos pés do Deivid. Val Baiano fez falta. Além disso, o time tem sofrido da síndrome do cobertor curto: quando a defesa estava firme, o ataque não marcava; agora que o ataque faz seus golzinhos (foram nove nos últimos quatro jogos), a defesa virou uma peneira. Dos cinco gols que o time levou contra Fluminense e Grêmio, três foram idênticos: bola parada levantada na área, um desvio na primeira trave e o complemento mortal. Falta ao Flamengo o que tem sobrado no Corinthians: a bendita consistência. 
Parece que certos jogadores entram em campo com uma vontade irrefreável de fazer bobagem. O Vasco, cheio de empates na tabela e precisando muito da vitória sobre o Botafogo para se aproximar da turma da frente, vencia por dois a um, tinha um a mais (Herrera fora expulso) e o relógio já passara dos quarenta do segundo tempo. Aí o Botafogo levanta uma bola despretensiosa na área, o tal do Titi sobe todo desajeitado e mete a mão, de graça. Pênalti, Loco Abreu bate, barbante. PC Gusmão deveria dar uma de Dorival Jr., chamar Titi no canto e decretar: filho, você tá de castigo. Quinze dias sem jogar. 
Um olhar simplista sobre um jogo que termina cinco a um vai chegar às conclusões óbvias que a gente lê nos jornais ou assiste na tevê. Massacre, passeio, show de bola, etc. Fora o placar, Fluminense e Atlético Mineiro não foi exatamente isso. É bem verdade que o tricolor sempre teve a partida sob controle, mas as coisas só se resolveram com a expulsão do volante atleticano Alê, aos dezoito do segundo tempo. Aí sim: com um a mais em campo, contra um adversário entregue e desesperado, ficou fácil fazer o terceiro, o quarto e o quinto. De um jeito ou de outro, o resultado mantém o Flu na briga e levanta o astral do time, que andava meio derrubado. 
Vanderlei Luxemburgo, assim como seu colega Leão, segue firme em sua descida rumo ao ostracismo. Sua passagem pelo comando do Atlético foi patética, deixando o time durante quinze rodadas na zona do rebaixamento e com uma defesa que atingiu, no jogo de ontem, a inacreditável marca de quarenta e cinco gols sofridos. É uma pena ver o mais talentoso dos treinadores brasileiros perder a mão de vez, mas serve de punição por sua opção clara pelo business, ao trocar a vontade de ganhar dentro de campo pela gana de ganhar cada vez mais fora dele.

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