segunda-feira, 16 de maio de 2011

Grêmio entrega, Santos confirma e treinadores penduram a melancia no pescoço.
Sexta-feira, no facebook, meu grande amigo e compadre Beto Callage sugeriu um post sobre o Gre-Nal. Não sou trouxa: além de grande amigo e compadre, o Beto é sócio e vice-presidente de Criação da maior e melhor agência de propaganda do Sul do país – a DCS –, e a gente nunca sabe o dia de amanhã. Portanto, vamos ao post. Foi um jogaço, mas o Grêmio entregou um título que parecia definido aos quinze minutos do primeiro tempo, quando Lúcio fez um a zero. O futebol gaúcho é conhecido por sua disciplina defensiva, pela rigidez na marcação, pela pegada. E como o tricolor só perdia o campeonato se levasse três gols, estava pelada a coruja. Mas o Grêmio é um time estranho. Há muito tempo vi uma entrevista do Pelé no "Programa do Jô" em que o Rei dizia que, no período que passou nos Estados Unidos, vivia se envolvendo em discussões sobre o nosso futebol e o futebol americano. Segundo Pelé, o argumento que ele mais usava era o de que, enquanto no futebol americano apenas o quarterback pensava, no nosso futebol os vinte e dois em campo precisavam pensar o tempo todo. Quem vê o Grêmio jogar tem absoluta certeza de que só quem pensa ali é o Douglas. Victor é o melhor goleiro do Brasil, Mário Fernandes, Rodolfo e Fábio Rochemback são bons jogadores, Leandro promete, mas pensar mesmo, só o Douglas. É nítido que Renato Gaúcho comanda o time com amor e dedicação, tenta fazer as coisas darem certo, mas as possibilidades são ralas. O Grêmio perdia por três a um, precisava de pelo menos um golzinho pra levar a decisão aos pênaltis e jogava com três volantes de marcação – por evidente falta de opção. Mas meu querido amigo Beto não precisa se desesperar: se o clube mantiver os seis jogadores aqui citados e puder trazer dois ou três bons reforços, dá pra brigar bem no Campeonato Brasileiro. Mas que esse título estava no papo, ah, isso estava. O Internacional tem um elenco forte – apesar de sérios problemas na defesa –, mas isso é assunto pra quando o Brasileirão começar. Até porque não há torcedor do Inter que seja meu amigo, meu compadre e sócio de agência de propaganda. 
Muricy tem razão. Depois do jogo ele disse que ontem o Santos tinha sido muito melhor e que o Corinthians não conseguira ameaçar o domínio santista. Verdade. Houve o gol meio sem querer do Moraes, houve um chute do Willian que Rafael defendeu e não houve mais nada. A diferença de qualidade entre os dois times é gigantesca e não pareceu, em momento algum, que o Corinthians poderia ficar com a taça. E acho que não é o caso de responsabilizar unicamente o goleiro Júlio César, sob o pueril argumento de que se o jogo foi dois a um e ele falhou no segundo gol, se não tivesse falhado o resultado seria um a um. Futebol não funciona assim. Muito provavelmente, se ele não tivesse falhado, o gol do Corinthians também não teria acontecido. De qualquer modo, é bom ficar de olho no Júlio César, que vem entregando a rapadura em momentos decisivos. E é nos momentos decisivos que a gente identifica os grandes goleiros. 
Um dos piores negócios da história do futebol brasileiro foi feito pelo Flamengo no final da década de sessenta. O Flamengo revelara um ponta-direita bom driblador e inteligente, chamado Zequinha. O Botafogo tinha um ponta-direita rápido como um raio e burro feito uma porta, chamado Zélio. O Botafogo propôs a troca de Zélio por Zequinha, no pau, e o Flamengo topou. Zélio não ficou um ano sequer na Gávea e sumiu. Zequinha brilhou no Botafogo e chegou à seleção brasileira. Vendo a decisão paulista de ontem, lembrei dessa história e fiquei curioso: qual foi o gênio do Departamento de Futebol do São Paulo que propôs ou aceitou trocar o Arouca pelo Rodrigo Souto? 
No meio da semana passada, o Flamengo triturava o Ceará em Fortaleza, ganhava por dois a zero e uma goleada parecia iminente. Até que o treinador Wagner Mancini pôs em campo o atacante Osvaldo, que mudou o jogo: pelo lado esquerdo do ataque, sofreu a falta que se transformou no primeiro gol cearense; pelo lado direito, sofreu a falta que determinou a expulsão de Ronaldo Angelim. Ontem, pela quinta ou sexta vez consecutiva, o Corinthians melhorou quando Tite pôs Willian no lugar de Dentinho. E lá em Porto Alegre, Falcão escalou um time como o torcedor do Inter jamais tinha visto. Tomou o primeiro gol, deu uma sorte danada de não levar o segundo (Júnior Viçosa entrou livre e chutou em cima de Renan), e aí pôs Zé Roberto no lugar de Juan, recolocando as coisas no devido lugar. Zé Roberto construiu todo o lance no gol de empate de Leandro Damião, sofreu o pênalti do terceiro gol e, já no finzinho da partida, fez uma grande jogada que terminou com uma cacetada da entrada da área, e que só não virou o golaço do título porque Victor fez uma defesa extraordinária. A pergunta é óbvia: por que alguns técnicos não escalam, de saída, o que têm de melhor? Eu fico achando que eles querem passar a imagem de gênios, de caras capazes de operar a mágica mexida que vai mudar a partida, de treinadores que, como se diz modernamente, sabem “ler o jogo”. Espertalhões.

5 comentários:

  1. Murta, concordo com você, o Julio César não tem culpa nenhuma da derrota, previsível por sinal. O time é muito ruim, com muita boa vontade seguraria o Alessandro, Chicão, Castan, Ralf e Liedson, de resto mais ninguém, sem contar o técnico que é um inútil. O Dentinho nunca foi lá aquela maravilha, era apenas esforçado, depois que começou a namorar a Samambaia, deixou para se esforçar apenas com ela. Contrataram o Alex, achei uma boa, mas o Corinthians precisa de muito mais, a começar por um técnico. Estou preocupado, acho que o Corinthians não ficará nem entre os 10 primeiros no brasileiro e se o Tite ficar....não quero nem pensar....
    Abraços.

    ResponderExcluir
  2. Perfeita análise do Grêmio.
    Texto de mestre.
    E nesse GreNal o Douglas nem foi bem marcado, se fosse, o Grêmio não jogaria.
    Essa história de ter só um pensador
    tá virando rotina nos últimos tempos do Grêmio, ficamos anos dependendo do Tcheco, veja só.
    Abração !

    ResponderExcluir
  3. Não sabia,mlk, beleza! Dizendo o q aqueles caras da tv não percebem ou não "podem" dizer.Virei fã.

    ResponderExcluir
  4. Luiz Eduardo:
    Só não concordo com você em relação ao Chicão. Não chega a ser um David Brás, claro, mas é lento e procura compensar a lentidão arriscando toda hora a linha do impedimento – que é bom recurso, mas precisa ser bem treinado e posto em prática por zagueiros muito técnicos. Não funcionou contra o Tolima, não funcionou ontem contra o Santos, não tem rolado não. Alex é ótimo jogador, mas é preciso ficar de olho na condição física dele. Eu sempre desconfio quando times europeus liberam seus craques com facilidade.

    Beto:
    Com mais gente para ajudar o Douglas no meio e pelo menos um atacante de responsa, dá pra montar um time forte. Só não pode é perder os melhores do elenco, porque aí é vestir um santo pra despir outro. Renato Gaúcho tem feito um bom trabalho, e se tiver mais opções, pode deslanchar.

    Paulinho:
    É uma honra ter você por aqui, prestigiando esse humilde blog. E pensar que tudo começou naquelas peladas com bolinhas de papel, lá na Criação da Caio.

    Abraços pros três.

    ResponderExcluir
  5. magalha o correspondente internacional17 de maio de 2011 às 05:34

    Luiz o Julio Mao de Alface anda entregando e nao e de hj... ele e bom nas bolas em q fecha o angulo cara a cara mas tds ja sacaram q o chute de longe nao e seu forte... quando o Corinthians comecou a anunciar jogador td dia ja vi q era um cala boca pq vamos perder kkkk
    gracas a deus nao vi o jogo ... to de ferias e quando cheguei no hotel o jogo acabou.... ja li q o Tite fica ... o Andres foi afirmar q ta com ele e nao abre... isso tb me cheira "tentamos varios tecnicos e nenhum topou"
    Luiz se brigarmos pela Sulamericana vai ser muito

    ResponderExcluir