segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O fim de semana de um Brasileirão cada vez mais quente.
Entre os trezentos e catorze posts escritos nesses dezessete meses de blog, tenho dois prediletos. Um, publicado em 8 de fevereiro de 2011 com o título “Ilá-ilá-ilariê, ô ô ô”, citava a apresentadora Xuxa e defendia a tese de que estava mais do que na hora do Ronaldo Fenômeno se aposentar – o que aconteceu uma semana depois. O outro, publicado em 26 de maio de 2010 com o título “O Imperador voltou. O Imperador já vai. Viva o Imperador!” citava João Saldanha e falava da passagem de Adriano pelo Flamengo. O tema era simples: se lá dentro o cara resolve, não interessa a ninguém a vida que ele leva lá fora. Atleta é atleta, ok, mas cada um que segure sua onda. Não sei se o Jóbson é o que clinicamente se considera um dependente químico, mas está mais do que claro que ele precisa de ajuda e tratamento. Isso é uma coisa – que, aliás, eu nunca li em lugar nenhum que estivesse sendo feita. Outra coisa, bem diferente, é o excesso de bom-mocismo que tomou conta de cobras venenosas como Ricardinho e Carlos Alberto. Contra o falso moralismo e a favor de quem entra em campo e decide, declaro que vou torcer para o Bahia cair pra segundona. Começamos bem, com o sacode de três a zero de ontem para o Ceará. 
Estou considerando seriamente a possibilidade de lançar a campanha “Eu Acredito no Botafogo”. Não sei se o Pedro Saud, outro que veio do Rio para São Paulo, tem a mesma percepção que eu, mas é impressionante como o Botafogo é desprezado por aqui. Esquecendo Nilton Santos, Garrincha, Didi, Gérson, Jairzinho, e jogando a história no lixo, muita gente sequer o considera um time grande. É verdade que o Botafogo passou um bom tempo se esforçando pra virar pequeno, depois passou outro tanto lutando pra se reorganizar, e agora ameaça colher os primeiros frutos dessa arrumação. O time está bem direitinho, é muito ofensivo – joga com dois atacantes no papel de meias – e eu acho que vai dar muito mais trabalho do que o povo imagina. Eu acredito. 
Ao contrário dos empates com Figueirense e Internacional, que foram ruins pelas circunstâncias das partidas, o empate de ontem com o Vasco foi bom para o Flamengo. O futebol de hoje é disputado com velocidade de fórmula um e faz muita diferença jogar o segundo tempo inteiro com um a menos. E jogar com um a menos não foi o único problema: com a contusão de Alex Silva logo no comecinho, era impossível fazer a clássica manobra de tirar um atacante e botar um zagueiro, pra recompor a defesa. Sem nenhum jeito pra posição e só na base da raça, Williams foi improvisado por ali e até que deu conta. A arrumação tática do Flamengo no segundo tempo mostrou que Vanderlei Luxemburgo seria um ótimo técnico se não fosse gênio. Se não fosse teimoso. Se não fosse cabeça dura. Ele insiste em manter o Welinton no time, e a jogada do Welinton no lance da expulsão foi merecedora de rescisão de contrato imediata. 
Igual ao Santos, o Vasco está na curiosa situação em que tanto faz ser segundo ou décimo-sexto. Só o que vale é ser campeão e só o que não pode acontecer é ficar entre os quatro últimos. Mas com a saída do Anderson Martins para o Qatar, creio que o clube perdeu qualquer esperança de brigar pelo título. Eu jamais apostaria nisso, por achar o ataque vascaíno muito fraco, mas a pontuação e a classificação do time falam mais alto que qualquer palpite de blogueiro vagabundo. E tá na cara que Ricardo Gomes foi acertando as coisas a partir da segurança trazida pela dupla de zaga, Dedé e Anderson Martins. Dizem que o Vitor Ramos, que chegou há pouco ao elenco, é bom jogador. Se não for, um abraço, porque com Renato Silva não dá. 
A expulsão do Carlinhos Paraíba com trinta minutos de jogo deixou o São Paulo em situação ainda mais difícil que a do Flamengo. Era mais tempo com um a menos, era na casa do adversário e era contra o time mais talentoso do país. Entretanto, o São Paulo fez mais contra o Santos do que o Flamengo contra o Vasco, e só não ganhou o jogo porque parece que lançaram uma nova regra no futebol que proíbe driblar o goleiro. O tricolor ganhava de um a zero e teve duas ótimas chances com Wellington e Dagoberto, que entraram cara a cara com Rafael e concluíram em cima do goleiro. É verdade que Rafael saiu muitíssimo bem nos dois lances – ele vai sempre bem nessas bolas, porque é rápido e corajoso –, mas a melhor opção para Wellington e Dagoberto era o drible no goleiro. Foi bom ver o Lucas fazer três jogadas sensacionais (o gol em linda arrancada individual, o toque para Wellington no lance em que o volante perdeu a chance de matar o jogo e outra arrancada muito boa), foi bom ver o Neymar dando os dribles e o trabalho de sempre, mas o melhor de tudo foi ver o Ganso distribuir bem o jogo, marcar, aparecer na área e empatar a partida com um chute indefensável da entrada da área, completando uma jogada que ele mesmo começara. É evidente que tudo isso foi facilitado por estar com um a mais, mas foi muito bom ver o Ganso começar a voltar a ser o Ganso. 
O Palmeiras jogou melhor que o Corinthians o tempo todo. Mesmo no início, quando o Corinthians parecia levar mais perigo e fez um desses gols que está na moda – o cara cruza, ninguém encosta na bola e ela entra –, o Palmeiras era mais consciente, tocava melhor a bola e tinha os jogadores mais bem espalhados em campo. Um dos problemas do Corinthians é que o Leandro Castan dá um carrinho, a galera vem abaixo. O Jorge Henrique dá um pique de quarenta metros e põe a bola pra lateral, a torcida começa a cantar o hino. O Ralf dá uma voadora no atacante adversário, aí então é a catarse. Mesmo levando bola nas costas em todos os jogos, o zagueiro Chicão continua sendo o máximo. Paciência. Cada um que saiba do que gosta. Mas a verdade é que o fato da torcida do Corinthians comemorar tudo e vibrar com qualquer coisa às vezes passa a falsa impressão de que o time está jogando bem. (Corintianos, não me queiram mal. O Flamengo também é um pouco assim.) De qualquer modo, coisas estranhas aconteceram ontem em Presidente Prudente. A mais estranha delas: apesar de ter sido um jogo de futebol, o melhor em campo foi o Luan. Eu, hein.

7 comentários:

  1. Olha, acho que é só aqui em São Paulo não, e cito dois exemplos:

    1) já notei entre tricolores cariocas certa obsessão em menosprezar o Botafogo, assim aproximando o Flu de Flamengo e Vasco "entre os grandes"

    2) se o Botafogo ainda fosse visto com o respeito que sua história em tese impõe, o Lucas veria o time como um rival, e não como um segundo time de estimação.

    Isso posto, acordei hoje mesmo querendo fazer uma provocação aqui no blog: findo o primeiro turno, temos três cariocas entre os cinco primeiros. E aquela história de que o futebol carioca é uma piada e uma farsa etc etc, doutor Jaime?

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  2. Caro Murtinho,

    Pelos seus comentários sobre o Ganso, ele "voltou" a ser o grande Ganso, e estou começando a chegar a conclusão que o negócio dele é comigo pois não tenho esta sorte de vocês, apesar do gol bonito que ele fez, já vi também Fio Maravilha,Serginho Chulapa entre outros fazerem belos gols, mas não vou desistir do Ganso, e sempre vejo além do Neymar no jogo do Santos um belo jogador, defendendo, atacando, se apresentando e de vez em quando fazendo um golzinho, trata-se do Arouca, como está jogando.
    Assisti a 3 jogos inteiros na rodada, o de sábado entre Flu X Botafogo, e no domingo, Fla X Vasco e Cruzeiro X Atlético, e nos outros jogos dava de vez em quando uma olhadinha, e considero o jogo de sábado o melhor da rodada, pelo Botafogo,por tudo que vem mostrando e crescendo, e acho que a própria torcida do Botafogo tem que acreditar e saber que hoje é o time que melhor está se apresentando, e se manter essa postura, ratifico suas palavras, vai dar trabalho, e passo a priorizar aos jogos do Fogão ao invés do Santos, a não ser que sejam em horários diferentes, e claro, também não tenha jogo do Mengão.
    Quando começava a sentir uma ponta de segurança na nossa zaga com Alex Silva,vem a contusão, e como se não bastasse, que trivela foi aquela do "grande" zagueiro do Luxa?
    Posso estar enganado, mas nossa zaga é tão sofrível que será que o Jean com o Alex Silva (volta quando?) não formariam uma boa zaga, pior não ficaria, e com a contusão e a expulsão, tudo foi lucro para o Mengão,não tendo muito o que comentar, pois novamente a raça rubro-negra imperou, ainda bem, pois poupamos o Cagalhão Parrudo, Felipe e Jael (é brincadeira,rsrsrsr), este último mesmo não jogando.
    Acrescentando uma provocação a mais ao cometário do Pedro Saud, com um pouco mais de capricho do Fluminense, poderíamos ter 4 cariocas entre os 5 primeiros colocados, alguém duvida?

    Grande Abraço,

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  3. jaime, com o rabo entre as pernas,29 de agosto de 2011 às 08:01

    olha só q blz de post. tudo bem comentado, de maneira igual. o carlinhos paraíba é um jumento. um dos piores passadores de um time que tem a melhor média de passes certos do campeonato. tudo bem que a maioria é toquinho de lado, mas nem isso esse verme acerta. o gol do cícero contra o ceará foi passe dele, mas vcs tinham q ver o quanto ele errou até sair esse. por falar em cícero, aí preciso da ajuda do pessoal do rio pra me dizer se ele pode jogar de volante, no lugar do carlinhos paraíba. pq se ele consegue fazer essa função o carlinhos paraiba q vá pro inferno. coloca o wellington e o casemiro ali mais parados e deixa o cicero dando o primeiro combate e saindo pro jogo. não sei se dá pra fazer isso. fica como cornetagem de torcedor, mas acho q o paraíba vai mesmo ficar um tempinho no banco depois dessas (corinthians, coritiba e santos)e não tô muito afim de ver o jean de volta. o avc do ricardo gomes poderia ser em ouutro ex-técnico do meu time. o pessoal aqui já sabe em quem, né? pedro, não tenho oq falar. na verdade tenho, mas acho bobagem dizer que o campeonato tá nivelado por baixo e todo aquele "blá, blá, blá" q a gente ouve por aí para justificar a boa campanha carioca no campeonato. vamos ver até qdo vai isso e, principalmente, quem vai ser campeão. ficar entre os 5 primeiros do segundo pra baixo não vale nada. só que esse ano ninguém vai entregar nas 2 últimas rodadas. é bom resolver o campeonato antes disso. mas confesso que não esperava essa campanha dos clubes do rio. vou ficar bem quietinho no meu canto.

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  4. Magalha FORA TITE FILHO DA PUTA!!!!29 de agosto de 2011 às 08:06

    Mantenho o meu comentario do posto passado sobre o Tite so nao vou coloca-lo denovo pq o Gabriel pode assustar..... e maus amigo Jaime ja me disse q meus dias tao contados comentando esse blog......

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  5. Ninguém me chamou na conversa, mas me arrisco a dizer que até ali o Cruzeiro, 8º se não me engano, o título está em aberto. A diferença é de uns 10 pontos, com os bons elencos de Inter e Cruzeiro, se conseguirem se arrumar, vão chegar para brigar. Dos 8 primeiros, o único que não vejo brigando seriamente pelo título é o Palmeiras que, no máximo, belisca a última vaga da Libertadores (mesmo assim não apostaria nisso), e o Botafogo que... bem, é o Botafogo, né?

    Quanto ao Vasco, os únicos jogos que vi foram os contra o Flamengo e não tenho como mensurar a ausência que Anderson Martins fará ao time, mas Renato Silva, esse sim, vai afundá-lo.
    Mas acho que o time vai sentir muito a ausência do Ricardo Gomes, sequer se sabe se ele volta a trabalhar como técnico. O cara pegou o time em frangalhos no início do ano (lembram das derrotas no Carioca?) e levou ao título na Copa do Brasil e terminou o 1º turno em 4º no Brasileiro. Pode ser o início (espero) da decadência da nau vascaína. E que fique bem claro que, apesar de torcer contra o time, torço pela recuperação do Ricardo Gomes.

    Pronto, e agora q eu falei, o Palmeiras vai acabar levando essa bodega com o Botafogo brigando até o final. Ou vice-versa.

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  6. Com relação ao Ganso concordo com o JÓ, acho um puta dum enganador: em quase todos os jogos fica tocando pro lado e em todos os jogos se esconde os 90'. Ele me lembra, nas peladas da Lauro Muller, o seu Dinoráh!

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  7. Saud,
    Que brincadeira é essa de segundo time de estimação? Depois que o Martin nasceu, esse moleque acha que virou gente e anda pondo as manguinhas de fora. Sinto que preciso ter uma dessas sérias conversas de pai pra filho.

    Jó,
    Não, o Ganso ainda está longe de ser o mesmo jogador do primeiro semestre do ano passado, mas pelo menos voltou a jogar – ele realmente não vinha jogando nem pedra em santo. Agora, se você não gostava do Ganso no primeiro semestre do ano passado, aí é outro papo.
    Concordo: Arouca tá comendo a bola. E pensar que ele foi pro Santos trocado pelo Rodrigo Souto.
    Acho que as meninas aí da sua casa devem estar felizes e orgulhosas com a campanha e o desempenho do Botafogo. Tenho gostado muito de ver o time do Caio Jr. jogar, e espero não queimar a língua. (Desde pequeno a gente aprende que há coisas que só acontecem ao Botafogo.)
    Pois então, rapaz, eu também achava que a coisa ia se ajeitar ali com o Pirulito, e aí vem essa contusão no joelho. O problema da zaga do Flamengo é que quando joga o Welinton eu acho que deveria jogar o David Brás, quando joga o David Brás eu acho que deveria jogar o Jean, quando joga o Jean eu acho que deveria jogar o Welinton. Conclusão: nenhum deles presta pra muita coisa, e a gente vai ter que contar com o poder de marcação do nosso meio-campo pra não se embananar definitivamente. O negócio tá feio.

    Jaime,
    Grato pelo reconhecimento. Não sei se ainda posso me incluir aí nesse “pessoal do Rio” – quando Cícero passou pelo Fluminense, eu já estava aqui em São Caetano –, mas vi várias partidas dele nessa posição que você tá falando. Isso acontecia quando o time estava perdendo e precisava de mais ofensividade, mas sua ideia é boa. Agora, vem cá: e o tal do Cañete? Vai ou não vai? Serve ou não serve? Não dá pra saber, né: Adílson não põe o cara pra jogar.

    Magalha,
    Vou repetir o que já disse uma vez ao Luiz Eduardo aqui na caixa de comentários: vocês não podem cair na provocação do Sr. Jaime Agostini. É ardiloso, catimbeiro, faz intriga, joga um contra o outro, uma peste. É o Ricardinho do varejo.

    Thomas,
    O raciocínio é perfeito, e o exemplo de 2009 tá aí pra confirmar. O Flamengo encerrou o primeiro turno daquele ano com vinte e sete pontos, enquanto Inter e Palmeiras terminavam com trinta e sete. Esse ano, Cruzeiro e Inter, ambos com vinte e sete, podem perfeitamente chegar pra brigar. Daí pra baixo já acho difícil.
    Escrevi num post recente que o Vasco tinha uma pontuação muito acima das expectativas, e só consigo atribuir isso à firmeza da zaga. E assim como não canso de reclamar dos nossos treinadores, não há como negar que Ricardo Gomes vinha fazendo milagre. O time vai sentir e não deve segurar a onda não.

    Mário,
    Acho que a gente se desacostumou a ver armadores que nem o Ganso em campo. Toca pro lado sim, às vezes desaparece sim, mas é meio por aí mesmo. Não dá pra querer que o cara deixe os atacantes na cara do gol dez vezes por partida. É aquele meia clássico, organizador, que sumiu do nosso futebol e faz muita falta, pra contrabalançar a correria.
    De qualquer modo, pra quem participava daquelas nossas peladas, a comparação com o seu Dinorah é divertidíssima.

    Abração pra todos e um beijo pro Mário, que – pra quem não sabe – é meu irmão. Um dos irmãos tricolores que me obrigavam a assistir aos Fla-Flus na torcida do Fluminense.

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