sexta-feira, 19 de agosto de 2011

É. Parece que chegou a vez do Flamengo.
Já passou da hora de todos nós entendermos o que é o Campeonato Brasileiro. Ontem à tarde, o corintiano Laerte postou um comentário aqui no blog em que previa jogos fáceis, à noite, para Flamengo, Palmeiras e São Paulo, que enfrentariam – segundo ele – timecos. Respondi o comentário pedindo calma ao Laerte e alertando que o Brasileirão não é bem assim. À noite, nenhum dos três favoritos venceu. 
De todos os candidatos ao título, o único que ainda não tinha passado por um momento crítico no campeonato era o Flamengo. Mas o empate de domingo com o Figueirense, depois de abrir dois a zero, e o desastre completo de ontem parecem indicar que a hora chegou. É normal e, a rigor, não quer dizer nada. O que não pode é acontecer na reta final, como aconteceu com o Atlético Mineiro em 2009, quando o time então dirigido por Celso Roth perdeu os cinco últimos jogos. Por falar em 2009, naquele ano o Flamengo foi campeão, mas passou por alguns perrengues terríveis. Houve um domingo em que o time fez dois a zero no Sport e acabou perdendo por quatro a dois, tomando a virada em oito minutos. Uma semana depois, levou uma chinelada de cinco a zero do Coritiba. E na noite em que perdeu do Barueri por dois a zero, lembro que meu filho Lucas tuitou que “agora só resta torcer por uma vaga na Libertadores”. Num campeonato como esse, não chega a ser nada do outro mundo um time ter duas ou três apresentações tenebrosas. A de ontem foi uma delas.
Essa história de fair play ainda vai acabar mal. No jogo de ontem entre América Mineiro e São Paulo, houve uma jogada emblemática. Numa dividida com um zagueiro americano, Lucas ficou lá estendidão no gramado e a bola sobrou para o bom volante Wellington, que dominou e olhou pra lateral do campo, como se fosse pôr a bola pra fora – até porque, o jogador caído era do time dele. Mas que nada. Malandro, Wellington percebeu meio time do América parado e lançou Ivan Piris na direita. A jogada acabou com um cruzamento perigoso afastado pela zaga, e aí quase que o bicho pegou. Foi preciso Rogério Ceni sair do gol e ir lá no meio do campo controlar a rapaziada. Eu acho fair play uma bobagem e uma hipocrisia, mas ou vale sempre e pra todo mundo, ou não vale nunca e pra ninguém. Por mim, essa papagaiada acabava de uma vez. Quanto ao jogo, gostei. O América Mineiro continua sendo um time limitado, e isso não tem mais como mudar nesse campeonato, mas vem mostrando mais organização e aguerrimento. No primeiro tempo chegou a obrigar Rogério a uma boa sequência de defesas difíceis. O São Paulo talvez seja o time de futebol mais estranho que eu já conheci. O São Paulo nunca joga bem ou joga mal, sempre joga aquilo. Às vezes dá certo, às vezes não. Falta velocidade na ligação, falta agressividade no ataque, falta o Lucas definir se vai virar craque ou se vai ficar na promessa, falta vontade de participar ao Dagoberto, falta tudo ao Juan, mas o time sempre faz partidas equilibradas, nunca vence com facilidade e nunca é facilmente vencido. (Os cinco a zero, claro, foram uma anomalia.) Ontem, mais uma vez, foi esse São Paulo. O São Paulo do jeito que vem sendo desde dois mil e nove.
Domingo eu livrei a cara dele, mas ontem foi dose. A saída do Felipe no primeiro gol do Atlético Goianiense foi digna de goleiro da quinta divisão. Ninguém conseguiu entender o que ele quis fazer ali. Léo Moura, Júnior César, Aírton e Willians tiveram atuações assustadoramente ruins, mas o problema maior foi – outra vez – o Thiago Neves. Não é que eu queira implicar com ele, mesmo porque o cara luta o tempo todo, mas é ilusão acreditar que, nas eventuais ausências do Ronaldinho Gaúcho, ele vai bater com a mão no peito e dizer “é comigo”. Não vai. É bom jogador, mas não é jogador pra isso. Entretanto, pior ainda que o desempenho do Thiago Neves foi o do Professor Luxemburgo. Até ontem o time parecia acertado e vinha jogando com segurança. Se o Renato Abreu estava suspenso, que fosse escalado o Bottinelli ou o Luiz Antônio, e pronto. Sem Ronaldinho Gaúcho, que fosse pro jogo o Vânder, ou o Diego Maurício. Mas não. Isso qualquer um faria. O gênio optou por um 3-5-2 inédito no time, a estreia de Alex Silva foi um horror, ninguém se entendeu, um pandemônio que lembrou o bando do Brasileirão de 2010. A única coisa boa foi ter perdido para o Atlético Goianiense, e de goleada. Se fosse para o Inter no Beira-Rio ou para o Vasco no clássico, a derrota seria considerada normal e neguinho continuaria a achar o time o máximo. Do jeito que foi, a bola vai ter que baixar.

8 comentários:

  1. Pois é Murta, eu ontém falei dos jogos fáceis, e percebi que os "timecos" adoram complicar vida de quem tá lá em cima na tabela, como eu acompanho mais o Corinthians do q qualquer outro time do Brasileiro, ficava pensando: Po todo ano é a mesma coisa, os caras adoram jogar bem contra o Corinthians pra crescer no campeonato, e, por muitas vezes vejo muito time ruim de doer se erguer do nada depois de um empate ou vitória contra o Corinthians. Ontém vi que não é só o Corinthians que tem apagões inexplicáveis, quando liguei a tv e vi 3 x 0 Atlético não acreditei, depois vi os outros jogos todos empatando pensei, é por isso que futebol é legal, acontecem coisas estranhas, bom, pra gente que é corinthiano a rodada foi quase perfeita, só faltava o Vasco ter tropeçado contra o Avaí. Mas não vou me iludir, ainda tem mto campeonato e cada jogo tem seu grau de dificuldade. Mas que é bom ver seu time no topo da tabela, isso é, só espero que se mantenha jogando como jogou no segundo tempo contra o Atlético.

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  2. Jorge, como você mesmo já vinha falando aqui no blog, uma hora a invencibilidade do Flamengo cairia. Acho q nem eu, nem ninguém jamais duvidou disso. Como você bem colocou, o principal responsável é o nosso técnico Luxemburgo da Vinci, que adora uma invenção. Ontem, inventou um 3-5-2 (3 zagueiros e 2 volantes, em casa contra o Atlético GO, profechô?!). E ressalte-se, o Atlético foi taticamente perfeito. Fechadinho lá atrás, com contra-ataques mortais. Agora, os 2 escanteios (que geraram o 1º e 3º gols) foram cedidos de graça, por pura lambança da zaga.
    Ofensivamente, eu esperava sim que o Thiago Neves batesse no peito e chamasse a responsabilidade, mas o único que sabe mandar o "vem cá, minha nega" pra responsabilidade na hora certa é o Ronaldinho. TN7 limitou-se a ser mais um atacante enfiado no meio dos brucutus atleticanos, esperando na área bolas a serem lançadas por Willians, Leo Moura (que já não tem mais o mesmo gás), Jr César (alguém pode apresentá-lo à linha de fundo?) e Aírton (que achei o único do meio campo q cumpriu sua função).
    Como dizíamos, um dia ia acontecer, mas precisava ser no dia que eu fui ao Engenhão?
    O profeta avisou que vamos vencer no Beira-Rio e dar aquele sapeca-iáiá no Vasco. Espero q o time entre mordido agora, principalmente o dentucinho.

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  3. Murtinho,
    Ainda bem que desta vez voce nao aliviou a desastrosa,mais uma, do goleiro Felipe, acho que nao temos um reserva a altura para fazer sombra a ele, o que seria muito fácil ser titular, o cara esta mal.
    Tenho que confessar que quando vi que o Alex Silva iria estreiar no jogo de ontem fiquei tranquilo, o cara parado entra num jogo que somos favoritos, o Atlético Goianiense nao mete medo em ninguém.
    Cai do cavalo, brasileirao e assim, e sua lembrança de 2009, ratifica tudo isso, Mas que atuação foi essa, o que o grande inventor Luxa quis fazer, que esquema ele montou?
    Defesa,meio campo e ataque, nada funcionou,todo mundo jogou mal, todos, a começar pelo Luxa, a derrota viria uma hora, mas pelo menos mais aceitável, e
    na hora do vamos ver o Thiago Neves sumiu de novo.
    Quero acreditar no profeta do Thomas para apagar este jogo, fiquei engasgado,
    e ficaremos 2 jogos sem o R10, merecidamente na seleção, então vamos pra
    cima do Inter e do Vasco.
    Por falar em seleção , Fernandinho de novo? Hulk? E será que o Ganso foi convocado pelo jogo que fez na quarta-feira contra o Coritiba que mais uma vez, para mim, nao jogou nada ?
    Se o jogo for no mesmo horário do Clone, novamente ficarei com Albieri, Juliana Paes e as marroquinas.
    Abraços, JO

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  4. magalha #ForaTiteFilhoDaPuta19 de agosto de 2011 às 16:40

    Arnaldo Czr Murtinho.. a regra desse Blog é clara..... KD o jogo do Corinthians??? KD a virada emocionante com 3 gols no segunto tempo??? O jogo do Lider limitou-se apenas ao Penalti!!!! ta de marra comigo!!!?? Foi so um sms kkkkkkk

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  5. Laerte,

    Não é só contra o Corinthians não: eles crescem contra todos os grandes. São os jogos que têm visibilidade, que a imprensa local incendeia, que fazem a torcida encher os estádios. Aí neguinho se mata em campo, e é normal.
    Discordo de você e, por tabela, também do que está nas entrelinhas do comentário do Magalha: não acho que o Corinthians tenha jogado tão bem assim no segundo tempo contra o Atlético. Teve a segurança que não vinha mais tendo e se impôs como não vinha mais se impondo, mas o que eu acho é que, pra mandar no jogo como mandou no início e chegar àqueles dois a zero, o Atlético precisou correr uma barbaridade. Não tinha como aguentar, e no segundo tempo abriu o bico rápido. Além disso, o gol do Emerson com quatro minutos deu aquela brochada, e ninguém vai me convencer que com apenas quatro minutos o Corinthians já fazia um partidaço. Foi uma vitória muito importante, principalmente pela moral recuperada. Mas não sei se o time jogou tanta bola assim.

    Abração.

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  6. Thomas,

    O time do Flamengo não pode achar que é bom. Não pode achar que, se jogar com o Atlético Goianiense na Cidade Maravilhosa, vai ganhar fácil. O time do Flamengo só funciona se entrar mordendo, atento, concentrado, marcando com seriedade, e a gente tem que reconhecer que o que mais tem contribuído pra isso é o meio-campo com Aírton, Willians e Renato Abreu.
    Outra coisa que precisamos admitir é que, a partir do momento em que Vanderlei Luxemburgo definiu o time, ele cresceu. Você sabe de cabeça o time titular da conquista de 2009? Tenho certeza que sim. Nesse momento, a torcida do Flamengo sabe de cor o time que, se não houver desfalques por suspensões ou lesões, Luxemburgo vai mandar a campo. O problema é que, sempre que alguém não pode jogar, ele cria uma fórmula fantástica que só funciona na cabeça dele. Paciência.
    Mas eu quero destacar uma parte do seu comentário que acho importantíssima, e que acaba juntando com o que escrevi depois do empate com o Figueirense. Falo da história dos escanteios desnecessários. Não vou dourar a pílula: Felipe falhou feio nos dois gols de cabeça, sobretudo no primeiro, mas a gente não enxerga o cara que perdeu a bola boba lá na frente e gerou o contra-ataque; a gente não vê o zagueiro que se atrapalhou todo e acabou cedendo o escanteio desnecessário. É como aquele chavão que os treinadores não cansam de repetir: não tem que marcar a conclusão lá dentro da área, tem é que não deixar cruzar. Muito bem lembrada a história dos escanteios de graça.
    Ali na Lauro Muller, atrás do Canecão, onde vivi até casar, a gente tinha um amigo, o William, que fazia parte da equipe de aqualoucos (ainda existe isso?) do clube Guanabara, na entrada da Praia de Botafogo. Um dia, William caiu mal, enfiou os cornos na água e levantou todo ensanguentado. O técnico da equipe não quis muita gracinha e mandou na lata: vai lá, lava o rosto, estanca o sangue e volta pro treino; se não, nunca mais você vai querer pular na água. Faço minhas as palavras do técnico dos aqualoucos e espero que você esteja no Engenhão no jogo contra o Vasco.

    Abração.

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  7. Jó,

    Quero deixar bem claro que eu não sou fã do Felipe, porque acho que ele tem o mesmo defeito que o Bruno tinha e que é imperdoável num goleiro: não passa confiança. E o Bruno, inclusive, me parecia mais técnico. Mas agora não tem jeito. Como você disse, o Felipe é o que temos e vamos com ele até o fim do campeonato.
    O esquema que Luxemburgo adotou na quarta-feira tem nome: desastre completo. O duro é que ele jamais vai reconhecer isso, e com certeza continuará inovando.
    Eu sou contra a convocação do Ronaldinho, do mesmo modo que sou contra a do Júlio César e a do Lúcio. Muita gente defende a tese de que seleção é momento, ok, mas numa entrevista ao “Bem, Amigos”, um pouco depois da derrota da nossa seleção para a Holanda, na última Copa, e antes mesmo do anúncio do novo treinador, Ricardo Teixeira garantiu que a palavra de ordem seria renovação. Bem diferente disso, tá parecendo que a intenção do Mano Menezes é segurar o emprego, ou ao menos sair dele com algumas justificativas boas na ponta da língua.

    Grande abraço pra você e beijo nas meninas.

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  8. Magalha, você é mesmo uma figura!

    O que acontece, rapaz, é que alguns assuntos me parecem muito bacanas, e se ficarem perdidos lá no meio do post passam batidos. De qualquer forma, minha opinião sobre a virada do Corinthians está aí em cima, na resposta ao comentário do Laerte. Não é fácil, pra time nenhum, virar um jogo no Campeonato Brasileiro depois de tomar dois a zero, e é claro que há mérito nisso. Mas me pareceu previsível.
    Por exemplo: naquele Santos x Flamengo, quando Neymar fez o terceiro gol fiquei com a certeza absoluta de que o jogo tinha acabado. Aliás, quanto mais cedo acabasse, melhor. Nesse jogo do Corinthians, de jeito nenhum. Mesmo com o primeiro tempo terminando dois a zero pro Atlético, algo me dizia que o time mineiro não teria como segurar a onda.

    Abração.

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