quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Campeonato estadual é que nem o belo samba de Nélson Sargento: agoniza mas não morre.
"Alguém sempre te socorre, antes do suspiro derradeiro." 
Pois é. Ao contrário do que aconteceu na Europa, o nosso futebol cresceu às custas de rivalidades alimentadas dentro das próprias cidades. Lá, poucas cidades têm mais de um time de peso. Milão, Londres, Lisboa e, talvez, Madri – essa última por causa da apaixonada e linda torcida do Atlético (vale a pena dar uma olhada nesse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=pQf-wlhhEKw&feature=related). Já no Brasil tudo sempre foi diferente, o que talvez explique por que até mesmo a Libertadores só pegou por aqui no tranco: nossos torcedores tinham uma certa desconfiança com relação a um torneio em que o Palmeiras não jogava com o Corinthians ou que o Vasco não encarava o Flamengo. Depois que a fórmula da competição mudou e passou a ter um número bem maior de times brasileiros envolvidos, que patrocinadores passaram a investir pesado e que a mídia viu ali uma ótima oportunidade de negócios, a Libertadores se impôs. 
Só que, curiosamente, a participação dos nossos times vem sendo atrapalhada pelos campeonatos estaduais, que se mantêm vivos pelos conhecidos interesses políticos das federações e porque estamos demorando muito para admitir que não há mais espaço para eles no calendário. Nem espaço e nem motivação. No ano passado vi Rogério Ceni declarar, numa entrevista ao SporTV, que se dependesse dele só disputava a Libertadores e o Brasileirão. 
Acho até que os campeonatos estaduais podem continuar, mas os clubes grandes precisam ser poupados, ganhando com isso uma pré-temporada decente. Ou eles entrariam somente na fase final, ou participariam da disputa com jogadores subvinte e três, por exemplo. 
O que não dá é pra gente continuar acreditando que o time está bom porque ganhou de seis a um do Volta Redonda, de cinco a zero do Ituano, de sete a dois do Brasil de Pelotas ou de oito a três do Tupi de Juiz de Fora. 
Aí, chega na Libertadores e perde do Tolima.

10 comentários:

  1. murta, acho mesmo que os clubes grandes não deveriam mais participar de campeonatos regionais. defendo um campeonato brasileiro com jogos só aos finais de semana e com apenas 16 times. teríamos mais tempo de descanso, pre-temporada e copas jogadas só às quartas) sem essas porcarias de atleticos de goias, e, ultimamente, até o mineiro, sem avai, sem brasiliense, são caetano, prudente, américa mineiro, carioca, paulista... só com times de verdade. teríamos os 4 primeiros brigando pela libertadores e título, os 4 últimos brigando para não cair e no meio disso tudo ficariam 8 times se matando para cima ou para baixo. isso evitaria as entregadas como nas últimas edições do campeonato e, consequentemente, o aborto que foram os títulos de flamengo e fluminense. pq num campeonato normal e disputado até o fim, o corinthians não teria entregado aquele jogo pro flamengo, nem o São Paulo e o palmeiras estregariam para o flu. logo, os campeões seriam outros times muito mais merecedores (inter e corinthians, ao meu ver). alias, apenas o carioca deveria ser disputado pelos grandes. só assim aquele bando de comentarista fraco, bairrista e filhodumaputa poderia ter algo bom pra falar das equipes do rio, após uma rodada cheia de gols contra o volta redonda, boa vista, etc e as grandes chances dos clubes na incrível taça guanabara, onde zico foi rei (acabo de comprar briga com muita gente, mas só foi rei no maracanã mesmo). Deixa os estaduais para os times pequenos, no primeiro semestre e no segundo eles se matam no brasileirinho, cheio de times e jogos sinistros. o chamado futebol verdade.

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  2. Concordo inteiramente com as primeiras doze linhas do comentário. Daí pra baixo, o texto do Jaime foi evidentemente escrito sob o efeito de alucinógenos.

    Mas vamos em frente. Vamos cuidar dos nossos doentes.

    Os títulos de Flamengo e Fluminense não foram abortos. Óbvio que, no caso do Flamengo, em 2009, Palmeiras e São Paulo entregaram o ouro de forma inacreditável, e quando o Inter acordou já era tarde. O Corinthians não jogou desinteressado só contra o Flamengo: o Corinthians jogou desinteressado aquele Brasileirão inteiro, por conta dessa idiotice de achar que a única coisa que importa é vaga na Libertadores. Ganhou a Copa do Brasil, garantiu a vaga e saiu de férias. Tanto que, uma semana antes de perder pro Flamengo, o Corinthians perdeu pro Náutico, no Pacaembu, por três a dois. Quer dizer: perder pro Náutico pode, mas se perdeu pro Flamengo é porque entregou? Conta outra.

    No caso do Fluminense, em 2010, bastava um pingo de comprometimento por parte do Corinthians pra levar o caneco. Já escrevi no blog e não custa repetir: como é que um time que pretende ser campeão empata com o Vitória e o Goiás na reta final do campeonato? Ganhasse os dois jogos, levava o título. O resto é choro.
    Aliás, em relação a entregar ou não entregar, sou radical: só o que resolve é o mata-mata.

    Os comentaristas cariocas são horrorosos sim. Do mesmo jeito que são horrorosos os comentaristas paulistas, mineiros, baianos, ingleses, chineses ou ucranianos. Comentarista de futebol é uma profissão que não deveria existir, porque ou o sujeito fala do que já aconteceu (e aí não precisa, né?) ou o sujeito faz previsões e se estrepa. Não foram os comentaristas cariocas que encheram a bola do Fernandinho depois dos quatro gols na estreia, contra o Monte Azul. Não foram os comentaristas cariocas que encheram a bola do Fernandão depois dos dois toques de calcanhar na estreia contra o Cruzeiro.

    Quanto ao Zico, aí certamente o Jaime já tinha passado para drogas pesadas.

    O cara foi quatro vezes campeão brasileiro, campeão da Libertadores, campeão Mundial Interclubes, e só jogou no Maracanã? Isso é não querer enxergar. Zico não ganhou a Copa do Mundo. Ponto. Mas esse é um raciocínio que nos leva a achar que o Luisão foi melhor que o Careca, o Zinho melhor que o Cruijff e o Kléberson melhor que o Platini.

    Tamos aí, conselheiro.

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  3. como hoje eu to ousado, aí vai: e na europa, como ele foi? e "jogou na merda da udinese" não é desculpa. o napoli não era nada antes do maradona. mas tudo bem. vc é flamenguista e tem mais é que defender um cara q te deu tantas alegrias no maraca. assim como palmeirenses defendem ademir da guia e corinthianos defendem o sócrates. grandes campeões de porra nenhuma em lugar algum. cara foda é campeão em todo lugar, cara q qdo chama a responsabilidade e resolve. isso sim é ser foda, ser craque mesmo. o zico, numa lista de craque, fica atras de muita gente. maradona, romario, ronaldo, zidane, gaucho... caras q jogaram muito em qqer jogo, contra qqer zagueiro, qqer goleiro. pega os lances geniais do zico. vê quem era o marcador, vê se o goleiro não era japonês, vê se não era um amistoso da seleção. na hora q o bicho pegou, errou penalti. se fosse contra o madureira, bateria de letra e festa na geral do maraca. mas não te culpo pq tem coisa pior, são paulino q defende o kaka, por exemplo. esse nem campeão contra o união bandeirante foi.

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  4. Tava indo bem. Mas a discussão não tem como continuar a partir do momento em que um dos debatedores declara que Renato Gaúcho foi melhor do que o Zico. Camisa de força no homem.

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  5. ronaldo gaúcho, não renato.

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  6. Porra, Jaime, foi uma brincadeira. Minto: foi uma opção tática para o momento do jogo. Tinha combinado com a Valéria dar um pulo na Leroy Merlin para ver umas coisas pra casa, e precisava ir embora. Mas como não gosto de deixar comentário sem resposta (são poucos os que leem, menos ainda os que comentam, aí os que se dignam a comentar merecem uma atenção especial), apenas tirei da área. Ia até exagerar: ia falar do Gaúcho, um centroavante mediano que foi campeão brasileiro pelo Flamengo em 92, mas aí mesmo é que ninguém entenderia nada.

    Agora é sério.

    Não vejo problema em achar o Zidane, o Romário e o Ronaldo melhores que o Zico. Dos que você citou, eu só acho o Maradona, mas essa é uma briga de cachorro grande e conta muito o que cada um prefere num jogador. Só para ilustrar: reconheço que o Gérson foi mais jogador de futebol do que o Rivelino, mas eu gostava mais de ver o Rivelino jogar. Era um meio-campista ofensivo, que partia pra dentro, driblava, batia de fora, deixava o jogo muito divertido.

    O que acho complicado no seu raciocínio é que você leva padrões de hoje para o passado, e aí a coisa não funciona. Vou tentar explicar.

    Calculo que você tenha pouco mais de vinte anos a menos que eu, e é difícil ter a percepção de como as coisas funcionavam há três ou quatro décadas. Pra começar, os torcedores e os times brasileiros estavam pouco se lixando pra Libertadores, por exemplo. Se houvesse um Palmeiras x São Paulo pelo Campeonato Paulista no domingo e um Palmeiras x Boca Juniors pela Libertadores na quarta, o Palmeiras jogava completo contra o São Paulo e poupava os titulares contra o Boca. Claro: à medida que o time avançava na competição a torcida ia se empolgando, e se o título viesse havia as comemorações e as gozações sobre os rivais. Mais ou menos como é a Copa Sul-Americana hoje. Ninguém dá a menor bola pra ela, todo mundo entra com time reserva, até que um dia neguinho acorda e fala: ih, rapaz, a gente pode ganhar essa porra. É assim que a gente é.

    Ademir da Guia brilhou no Pacaembu porque lá era o lugar que ele tinha pra jogar. Fazer o quê? Os campeonatos paulistas e brasileiros que ele ajudou o Palmeiras a conquistar, engolindo a bola no meio-campo, valiam tanto quanto vale a Libertadores hoje. Quem não aceitar isso não vai compreender a importância e reconhecer a qualidade de caras como Ademir da Guia, Dirceu Lopes, Sócrates, Falcão e Júnior.

    (Por questões de espaço e limite de caracteres, continua no próximo comentário.)

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  7. (Continuando.)

    Não acho que o Kaká jogue no time das feras que você citou no seu comentário, mas você é rigoroso demais com ele. Como cobrar títulos pelo São Paulo, se Kaká saiu daqui com, sei lá, dezoito ou dezenove anos? Nem deu tempo.

    Óbvio que Zico no Japão foi uma brincadeira de ganhar dinheiro, igual à de Pelé no Cosmos. Em termos de futebol levado a sério, nenhuma das duas passagens serve pra nada. E também me irrito quando alguns idiotas mostram a porra de um gol de calcanhar que o Zico fez lá como sendo um dos mais bonitos da carreira dele. É ridículo, mas é pra enganar a massa, né?

    Eu garanto a você que o Zico foi muito mais do que isso, e encher esse texto de exemplos seria cansativo. Vou falar só de três, todos fora do Maraca.

    Um: na semifinal do Brasileirão de 82, o Flamengo pegou o Guarani. Primeiro jogo no Rio, segundo em Campinas. O Guarani tinha um time forte, Careca, Jorge Mendonça, etc, estava invicto em casa durante toda a temporada e abriu o placar. O Flamengo ganhou de três a dois, com três gols de Zico. Dois: final desse mesmo Brasileirão contra o Grêmio - que, sem querer provocar, ganhara o campeonato do ano anterior em cima do São Paulo, no Morumbi. Primeiro jogo no Maraca (um a um), segundo jogo no Olímpico (zero a zero), jogo-extra novamente no Olímpico: um a zero Flamengo, gol de Nunes, passe sob medida de Zico. Três: final da Libertadores contra o Cobreloa em campo neutro, em Montevidéu. (Isso mesmo, contra o Cobreloa. Mas são vocês, são-paulinos, que acham a Libertadores o máximo, eu não.) Resultado: dois a zero, dois gols do Zico.

    Quanto ao famigerado pênalti: não há quem pratique esporte em alto nível que não tenha fracassado um monte de vezes. Existe até um comercial genial da Nike com Michael Jordan, em que ele fala mais ou menos isso: quantas vezes o time precisou dele, e ele falhou; quantas vezes a vitória esteve nas mãos dele, e ele errou o arremesso. Pelé e Tostão falharam em 66. Ronaldo tremeu - que nome tem aquilo? - em 98 e foi uma decepção em 2006. Claro: esses caras ganharam a copa em outro momento, e Zico não. Isso faz muita diferença no currículo, concordo, mas não dá pra concordar com a ideia de que o Zico só jogou no Maracanã.

    Aí, repito, é não querer enxergar.

    Abração.

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  8. Murta e Jaime,
    E o Pato?

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  9. murta, tem algum grande lance dele na europa? em algum grande jogo da seleção? coisas de craques de verdade, sabe? acho melhor parar por aqui. você já ta usando jogador de basquete como exemplo...

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  10. Talvez você tenha razão.

    O Zico jamais realizou um lance sequer de craque de verdade. Foi o principal jogador do time nas conquistas dos campeonatos brasileiros de 80, 82, 83 e 87, da Libertadores e do Mundial Interclubes, matando todas na canela e chutando todas de bico. Tudo isso, como você diz, foram abortos. (Depois, os comentaristas cariocas é que são bairristas.)

    Apesar de gostar da discussão (falar nisso, cadê a prometida cervejada?), concordo com a proposta de paz, até para dar prosseguimento ao blog. Mas confesso que fiquei encasquetado com essa sua fixação pela Europa. Coisa estranha.

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