segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pílulas do final de semana.
Pra mim, o Ralf não fez pênalti. Foi um lance muito rápido, em que ele estava girando o corpo pra tentar cortar a jogada, e nesse movimento a bola tocou em sua mão. Não houve intenção, e o resto pouco importa. Aliás, o final de semana foi mais uma vez pródigo em pênaltis inventados. Não sei aonde essa história vai parar, mas é óbvio que ela precisa ser revista. A experiência nos mostra que qualquer mudança significativa nas regras do futebol levam cento e cinquenta anos, mas não é possível continuar desse jeito. Meu filho Lucas levantou uma tese interessante no sábado, mas vou deixar para abordá-la depois que o campeonato terminar. Por enquanto, ficamos assim: semana passada o Corinthians foi beneficiado, essa semana foi prejudicado. E em vez de serem decididos por centroavantes, meias ou laterais, cada vez mais os jogos no futebol brasileiro são decididos pelos árbitros.
Sem Dentinho (suspenso) e Ronaldo (pura ilusão acreditar que ele faria essa sequência completa de jogos até o fim do campeonato, não?), o Corinthians voltou àqueles momentos em que dependia de atuações exuberantes de Jucilei, Elias e Bruno César. Sem Bruno César, também suspenso, e com Jucilei e Elias exauridos pela absurda viagem ao Catar na reta final do Brasileirão somada ao calor soteropolitano, eu nunca imaginei ter que afirmar isso, mas a verdade é que o jogador mais perigoso do Corinthians no jogo de ontem foi o Danilo. Assim, era mesmo inevitável que o Fluminense retomasse a ponta.
Fluminense e São Paulo fizeram um desses jogos típicos de final de campeonato sob o sistema de pontos corridos. Um time brigando pelo título, mordendo a bola, chutando sola, enfiando a cabeça na trave, e o outro doido pra tirar férias. O Fluminense procurou o jogo o tempo todo, Mariano correu uma barbaridade e voltou a jogar muito bem, Conca conseguiu a proeza de participar diretamente dos quatro gols. Por outro lado, o São Paulo se defendeu enquanto não houve necessidade de fazer maiores esforços. Quando precisou de algo mais, que preguiça! Isso não tem nada a ver com entregar ou não entregar o jogo: final de campeonato com pontos corridos é sempre assim. Quem gosta não tem do que reclamar.
Lá em Minas foi parecido. O Cruzeiro ainda com esperança de brigar pelo título e querendo garantir logo sua vaga na Libertadores, e o Vasco sem qualquer interesse em nada. O Cruzeiro atropelou, fez três gols rapidamente e liquidou a fatura, com Roger fazendo grande partida. Mas o maior jogador da rodada foi, mais uma vez, o Neymar. A diretoria do Santos pensa em antecipar as férias dele, já que Neymar deve disputar o Sul-Americano Subvinte em janeiro. A torcida do Flamengo apoia a ideia com entusiasmo.
Terminei o post da última quarta-feira com a seguinte frase, sobre a escalação do Flamengo contra o Guarani: “Após cumprir suspensão automática, o centroavante Deivid deve voltar ao time. Que Deus nos ajude.” Ajudou. Demorou exatos vinte e um minutos, mas ajudou. A demora se explica, pois nosso senhor deve ter ficado um bom tempo pensando: será que eu dou uma força pra esses caras, que elegeram para a presidência a representante de um desses malditos esportes olímpicos que infernizam a vida do Flamengo, abrindo mão de manter no cargo o presidente que levou o clube ao sexto título brasileiro? Que não tiveram a competência de trazer de volta o Emerson e o Zé Roberto, entregando-os de bandeja aos rivais Fluminense e Vasco? Que estavam com o Montillo nas mãos, mas não fecharam o acerto? Que não conseguiram montar uma operação para manter o Vágner Love na Gávea? Que não entenderam a necessidade de blindar o Adriano, como o Corinthians entendeu que era fundamental blindar o Ronaldo? Que primeiro efetivaram Rogério Lourenço e depois convidaram Silas para técnico? Que contrataram Cristian Borja, Leandro Amaral e Val Baiano, como se o Flamengo fosse uma filial do Ipatinga ou do Grêmio Prudente? Depois de pensar sobre todas essas coisas, e provavelmente relevá-las para evitar a gigantesca tristeza que uma derrota no sábado provocaria, aos vinte e um minutos a sabedoria divina fez com que Deivid saísse com o tornozelo machucado. Aleluia. Diego Maurício entrou para fazer o gol que diminuiu bastante as possibilidades do time cair, embora não a ponto de eliminá-las matematicamente. Deus é grande. Mas, pelo menos esse ano, a capacidade que o Flamengo teve de fazer bobagens foi muito maior.

4 comentários:

  1. Murtinho, alegria de saopaulinos não é ganhar titulos, ou ser o melhor time de futebol do mundo, mas é ter mais titulos que o Corinthians, ser maior que o Corinthians. Fato que realmente me incomoda, pois para nós, corintianos, o mais importante é ver o time ganhar até jogo de botão.
    Atitude da torcida saopaulina: Lamentável.

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  2. Sei que o blog só fala de futebol mas, a presidente -ou será presidenta?- do Flamengo além de ter feito todas as bobagens que você citou, é do psdb. Isto explica um monte de coisas!

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  3. Inclusive, dizem, fazer o time entrar em campo com aquela pavorosa camisa azul e amarela - as cores do partido.

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  4. Então o Flamengo vai mudar o mascote, vai deixar o urubu pelo tucano?

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