quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Faz mais um pra gente ver.
Fio Maravilha foi, na virada da década de sessenta para a de setenta, uma espécie de Obina dos dias de hoje. Os estilos eram diferentes: enquanto Fio atuava como meia-atacante, tinha habilidade e visão de jogo, Obina é um centroavante forte, raçudo e que não dá sossego aos zagueiros. Fio também nunca foi craque, mas estava longe de ser um perna de pau. Só que, ao ser folclorizado – igual ao Obina – viu sua imagem profissional ir pro brejo. Infelizmente, acontece muito no futebol brasileiro. (Escrevi um post mais ou menos sobre isso no dia 30 de março, com o título “A diferença entre jogo emocionante e jogo bom”, em que eu falava do Zinho, um dos mais vitoriosos jogadores da história recente do nosso futebol e que terminou a carreira com o apelido e o estigma de “Enceradeira”, depois de uma gracinha inconsequente de um comentarista obtuso.) 
Mas o Fio apareceu aqui por causa do Neymar. Engraçado como o futebol também vive seus momentos de moda. Nos meus tempos de moleque, cavadinha não era algo tão comum. Agora, qualquer jogadorzinho de série D faz gol de cavadinha. Por outro lado, naquele tempo, quem entrasse livre na área se sentia quase que na obrigação de driblar o goleiro antes de empurrar a bola pra rede. Hoje parece que é proibido. 
No jogo entre Inter e Santos, disputado no último sábado no Beira-Rio, Neymar fez uma tabela rápida com Zé Eduardo e saiu na cara do Renan. Na hora de concluir, ele ameaçou tocar no canto esquerdo do goleiro, que caiu. Não precisava nem driblar: bastava seguir conduzindo a bola, pra tirar Renan do lance e ficar com o gol escancarado. Mas não. Neymar não apenas ameaçou como realmente empurrou a bola no canto anunciado, praticamente atrasando pro goleiro do Inter. 
O holandês Robben cometeu esse mesmo erro duas vezes na final da Copa do Mundo. Tivesse driblado Casillas, a festa seria em outra capital europeia. Ou seja: o tal gol de placa que Fio Maravilha fez num amistoso contra o Benfica e que serviu de inspiração para um dos grandes sucessos de Jorge Benjor, esse tipo de gol a gente não tem visto mais não.

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