O Campeonato Pernambucano faz sua estreia – e, provavelmente, sua despedida – no blog.
Desde que o Jaime me passou um link com a torcida do Sport atazanando a vida dos jogadores do clube, fiquei curioso pra ver alguma coisa do futebol pernambucano. Sábado o PFC abriu o sinal do jogo entre Santa Cruz (time do coração do grande Heitor Pontes) e Salgueiro (representante da cidade onde tudo acontece). Mas a curiosidade não é pelo futebol em si, é quase que uma questão antropológica. Vou tentar explicar. No final do jogo, com o Santa Cruz vencendo por dois a zero, entrou em campo pra garantir a vitória um zagueiro chamado Everton Sena. Fiquei me perguntando o que leva uma pessoa a ter essa profissão: zagueiro reserva do Santa Cruz. Vamos continuar com o exercício antropológico. O cara se apaixona por uma bela recifense, uma dessas que o Biza pegou agora no Carnaval – vale dizer que, com exceção da Anginha, em quem ele só tocou pra dar um jeito no cabelo, o Biza pegou todas –, aí o namoro engata, os dois decidem casar e o rapaz vai falar com o futuro sogro. Exercendo sua função de pai zeloso, o velho pernambucano pergunta ao candidato a genro: pois então, senhor Everton Sena, o que é que o senhor faz da vida? Sou zagueiro reserva do Santa Cruz. Alguma chance?
Só não dá pra dizer que a temporada de dois mil e onze do futebol brasileiro começou sábado porque a seleção subvinte fez algumas coisas muito bacanas no torneio pré-olímpico. Mas não é exagero dizer que a temporada do futebol de clubes começou sábado, com a volta do Paulo Henrique Ganso. O jogo aconteceu na Vila, Santos e Botafogo de Ribeirão Preto, e o primeiro tempo foi bem embaçado, sem que o time santista encontrasse um jeito de chegar perto do gol. Ganso entrou no intervalo, e em dez minutos o jogo tava resolvido. Há algumas décadas o futebol brasileiro não revela um jogador igual a ele. Talvez não seja o melhor de todos, até porque sempre revelamos muita gente boa e aí começaria outra discussão interminável, mas no estilo dele, fazendo essa função de maestro e organizador, há muitos anos não surgia ninguém parecido.
Ontem, pouco depois das quatro da tarde, liguei a tevê no jogo do Corinthians, mas quando vi o Moradei correndo pela lateral direita, pensei: aí não. Aí é demais. Gostar de futebol tem limite. Mudei de canal e fui pro jogo do Vasco. A escalação do time era essa: Fernando Prass, Fágner, Cesinha, Dedé e Ramón, Eduardo Costa, Rômulo, Felipe e Bernardo, Éder Luís e Élton. Achei melhor tirar um cochilo e acordar só na hora do Fla-Flu.
Só os clássicos salvam essa fase inicial e chatíssima dos campeonatos estaduais no Rio e em São Paulo. Além da rivalidade, os times entram em campo sabendo que a partida não vai decidir nada, não vai mudar nada, que todos estarão na fase final, então os jogos costumam ser disputados mas abertos. (No caso do Rio, em que o Vasco ficou fora da semifinal do primeiro turno, isso só aconteceu porque o time perdeu um monte de pontos para times pequenos. Não fosse isso, a derrota para o Flamengo não teria influência alguma.) Flamengo e Fluminense fizeram um jogo franco, mas bem fracote. No primeiro tempo o Fla foi melhor, no segundo tempo o Flu foi muito melhor. Mas nenhum dos dois, em seus momentos de superioridade, teve competência para apertar, sufocar, provocar o erro do adversário e chegar ao gol. O Flamengo desperdiçou várias oportunidades de ataque porque Ronaldinho jogou como um principiante: dominava, dava um drible e, em vez de fazer a bola correr, prendia pra dar outro drible. E o Fluminense ofereceu a derradeira aula da escola Muricy, tentando chegar ao gol de Felipe única e exclusivamente com bolas levantadas na área. Os dois times precisam melhorar muito para ambicionar algo no Campeonato Brasileiro.
Achei feio. Estava mais do que na cara que Muricy não tinha no Fluminense o mesmo ambiente e o mesmo apoio do ano passado, mas depois do desastroso início de Libertadores, sair agora é deixar uma bomba-relógio pronta pra detonar em mãos alheias. Mesmo que o clima estivesse insuportável, ele deveria segurar a onda até o time ser matematicamente eliminado da competição. Pra quem fala tanto em ética e compromisso, seria mais digno.
Mal acostumado com Careca, Romário e Ronaldo, nunca achei que Luís Fabiano fosse o centroavante ideal para a nossa seleção. Mas é um tremendo reforço para o São Paulo e sua volta é mais uma ótima notícia para o futebol brasileiro. A única coisa que me intriga é o valor que o São Paulo vai pagar por ele: sete milhões e seiscentos mil euros, diluídos por quatro anos. Sete milhões e seiscentos mil euros é o preço que times europeus costumam pagar por zagueiros equatorianos. Só como referência: no ano passado, o Chelsea pagou vinte e dois milhões de euros pelo Ramires. É bom torcer para que não haja coelho algum escondido nesse mato. Se não houver, é um excelente negócio.
Com o pouco contato que tive com a cultura pernambucana (que é realmente pouco), fica a impressão que o caso escolhido pelo blog foi um pouco infeliz: o "Santinha" não ganha nada, frequenta (quando frequenta) divisões desconhecidas para 75% dos quatro grandes cariocas, mas desperta paixões no Recife: o sogro potencial talvez visse na profissão do jovem um exemplo de fortaleza de caráter, renúncia e dedicação a um bem maior.
ResponderExcluirÉ tipo um Botafogo, pra usar um exemplo à mão.
o filhodumaputa é sem vergonha, murta. ele só vai em barca boa. se fodeu no brasileiro de 2009 qdo pegou a porcadinha em primeiro e pensou q ia ser campeão. não só perdeu o título como a vaga para a libertadores. aí, foi parar no flu e foi beneficiado pelo entrega-entrega de fim de ano. agora, tomara que ele vá para o santos e mostre o qto é ruim, perdendo a libertadores com neymar e ganso em campo e lançando para o futebol mundial o grande lateral pará, que vai ser disputado euro a euro por barcelona, milan, liverpool... na verdade quero que ele vá para o japão e fique num time bem no litoral. ele, a família dele e o uóxitou de assistente. ontem, vc não viu o jogo do São Paulo, ganhamos de 3x0 e o r.souto nem entrou em campo. pé-frio do cacete.
ResponderExcluirCampeonatos estaduais deveria mudar de nome : Pré Temporadas Estaduais..... o equilibrio so vem pq os time pequenos ficam comendo grama nas ferias ...... um absurdo maior é ver a TV negociar direitos disso em PPV
ResponderExcluirFico pensando na cabeça do Muricy agora.... rejeitou a seleção por causa de um "projeto" ...... se o Santos contratar vai ser cagada
Quanto ao meu time só tenho uma coisa a falar...... próxima encarnação quero nascer Moradei oooooo cara de sorte!!!!!!!
Caro Marcel, você tem razão, ôôô cidadão de sorte o tal de Moradei, entra temporada....sai temporada e o cara está lá no banco de reservas do timão e como num passe de mágica está entre os titulares, seja na lateral ou no meio de campo....pior....ele ganha pra jogar o que joga e nós corinthianos temos que aguentar isso.
ResponderExcluirLendo o blog do nosso amigo Jorge, sempre dou muitas risadas com os comentários do Jaime sobre o Muricy. Se você perguntar para 10 entre 10 são paulinos, todos vão vangloriar o Muricy e o Jaime não....detona o cara!!!! Parabéns Jaime...conhece tudo de futebol e tomara que o Santos o contrate.
Abraços.
luiz, vai na minha, cara. esses torcedores q vc conhece são todos malucos. eu sou o único normal. murta, uma pergunta. e se a resposta do candidato a genro for: eu cubro férias do ledio carmona...
ResponderExcluirLuiz
ResponderExcluirO Jaime é dos poucos São Paulinos q vai ao estadio ver jogo...... taí o motivo ........
Belíssima caixa de comentários.
ResponderExcluirSaud: o postzinho com sotaque pernambucano parece preconceituoso, e é. Mas podemos trazer aqui pra nossa realidade. O Rodrigo Alvim, por exemplo, chegando para o possível futuro sogro e dizendo que é reserva do Egídio. Alguma chance? Agora, comparar o Santinha ao Botafogo é pegar pesado. Lembre-se que, na Copa do Brasil do ano passado, o Santa Cruz eliminou o Botafoguinho aí no Engenhão.
Jaime, capítulo 1: não adianta praguejar. Eu só vejo jogo do São Paulo quando leio a escalação antes e o Rodrigo Souto tá lá como titular. Mas discordo dessa torcida para o Santos contratar o Muricy. Nosso futebol não merece ver o Ganso levantando todas as bolas na área e o Neymar tendo que disputar no alto com os zagueiros grandalhões.
Magalha e Luiz Eduardo: Moradei é o Robert Johnson do futebol brasileiro. Vendeu a alma ao diabo. A única diferença é que Robert Johnson era gênio.
Jaime, capítulo 2: aí é pior.
Abraços gerais.
Amigos, falando em Moradei, outro dia na Folha estávamos listando os maiores enganadores do futebol, lembramos do Bobô, aquele mesmo do Bahia, é impressionante como o cara pôde "jogar" nos maiores clubes do Brasil, sem jogar absolutamente nada. Na minha opinião é o maior deles, até maior que o Rodrigo Souto e o Moradei, é o Lédio Carmona dos gramados.
ResponderExcluirAbraços.