A bola tratada com carinho.
Costumo desconfiar de jogos de muita rivalidade que terminam em goleadas, porque quase sempre esses placares são mentirosos. Quando dois clubes grandes se enfrentam e o jogo acaba quatro ou cinco a zero, é porque houve o raro caso de um dos times aproveitar todas as oportunidades que surgiram, enquanto tudo dava errado para o outro lado. Acontece no futebol. É óbvio que um placar de cinco a zero não permite contra-argumentos, mas pode ser enganoso.
Todos sabem que o blog é um hobby. Daí que foi impossível acompanhar Barcelona e Real Madrid ao vivo. Assistir a jogo do Campeonato Espanhol ao vivo, numa segunda-feira às seis da tarde, é justa causa. Como não tinha muito interesse em ver Goiás e Independiente – não dá pra levar a sério uma final com Marcão e Otacílio Neto em campo, certo? –, aproveitei a noite de quarta pra conferir o teipe do clássico espanhol. Já vi diversos times de futebol extraordinários, já vi placares avassaladores, já vi goleadas humilhantes, já vi torcidas envergonhadas, mas poucas vezes vi coisa parecida.
O Barcelona deu um vareio de bola desde os cinco minutos do primeiro tempo, num genial toque do Messi quase da linha de fundo, encobrindo Casillas e fazendo a bola explodir na trave, até os acréscimos, quando Sérgio Ramos perdeu as estribeiras e desandou a distribuir bordoada. Mas o auge do chocolate aconteceu nos vinte primeiros minutos do segundo tempo, quando o Barça fez o terceiro e o quarto gols e passou a jogar numa movimentação alucinante, com uma troca de passes rigorosamente precisa. Tudo de primeira, de letra, de calcanhar, enquanto o time do Real Madrid e seu técnico José Mourinho pareciam atônitos, sem entender o que estava acontecendo.
Lembro que, quando éramos crianças, meu pai gostava de nos levar para assistir às apresentações dos Globetrotters no Maracanãzinho, contra times que eram treinados (e ganhavam) para sofrer humilhações. Barcelona e Real Madrid foi bem parecido com aquilo. Além de ter sido um tapa na cara dos que se defendem com dezoito volantes, atacam com um ou no máximo dois abnegados e não param de levantar bolas na área para o tal homem de referência. O meio-campo do Barcelona tem três caras que jogam muita bola (Busquets, Xavi e Iniesta), o time usa três atacantes (Messi, Pedro e David Villa) e fez os cinco gols em jogadas de bola no chão. Homem de referência? Na Catalunha isso deve ser crime sujeito a pena de morte.
murta, segue um link q mostra tudo isso q vc falou.
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=fvBcF0Sml7Q&feature=player_embedded
Valeu, conselheiro. Obrigado pela belíssima contribuição.
ResponderExcluirAbraço.