Rapidinhas do final de semana.
Como todo mundo sabe, esse blog trata única e exclusivamente de futebol. Por isso, nada a declarar sobre Flamengo x Atlético Paranaense. O Flamengo está de castigo e enquanto não voltar a jogar bola, não vai ser assunto aqui. Quanto ao Atlético Paranaense, apesar da vitória, também não praticou futebol. Vamos em frente.
Podem falar o que quiserem, mas o Grêmio com Celso Roth é outra coisa. Voltou a ser o time valente e difícil de ser vencido que a gente se acostumou a ver – já tinha dado bastante trabalho ao Corinthians, no Pacaembu – e mesmo que não consiga chegar à ponta da tabela, é certo que vai fazer uma bagunça no campeonato. Mário Fernandes, Júlio César, Fernando e Douglas jogaram à beça, e o que falta ao time é ataque. André Lima é mais um terceiro zagueiro do que propriamente um atacante.
Alguém influente no São Paulo, ou seja, o Rogério Ceni, precisa urgentemente convidar o Casemiro pra tomar um café e falar sério com ele. O teor da conversa deve ser mais ou menos esse: ô menino, não que você seja mau jogador, pelo contrário, mas se continuar com essa máscara amarrada na cara, você nunca vai chegar nem perto de jogar o que você pensa que já joga. Lento, dispersivo, fiteiro, intocável, reclama de tudo. E se não mudar agora, não muda mais.
Aliás, uma das queixas recorrentes da torcida do São Paulo diz respeito ao jeito blasé de alguns dos seus jogadores. Além de Casemiro e Dagoberto, a lista agora tem mais um: Cícero. É fácil perceber que o cara conhece o jogo, meio-campista que sabe defender e atacar, tem categoria e estilo, é bom na bola aérea, mas às vezes dá a impressão de que entrou em campo depois de ter encarado a Feijoada da Lana. Quem tá se dando bem no time é o João Filipe, que não teve muitas chances no Botafogo mas vem fazendo boas partidas na zaga são-paulina. Tenho até medo do que vou escrever agora, e espero que a torcida tricolor me perdoe, mas ontem eu gostei do Juan. Acontece, uai, fazer o quê?
Quando comecei a ver futebol, uma das coisas sagradas era que barreiras não podiam se mexer. Barreira que se mexe mata o goleiro. Sempre. Mas como certas coisas evoluem pra trás, algum espertalhão inventou que a barreira tem que andar, tem que saltar etc. Ninguém precisa ser gênio pra perceber que, se a barreira anda, ela muda de posição, a não ser que haja meses de ensaio com Carlinhos de Jesus. E quando a barreira salta, aí então é um deus-nos-acuda. Barreira está ali pra dificultar a vida do cobrador, e não para atrapalhar o goleiro. O chute do Fred ontem foi quase ridículo, bem no meio de uma barreira formada por apenas três jogadores. Só que os três se adiantaram, se mexeram, pularam, foi um pra cada lado e a bola pro fundo da rede. Mas não adianta: na próxima falta todo mundo vai correr, se mexer, saltar e, depois que a bola entrar, todo mundo vai reclamar da falta de sorte.
O bom centroavante das sobrancelhas feitas (ah, imaginem o que neguinho não estaria falando se ele jogasse no São Paulo!) sentiu falta do Emerson e ontem não viu a cor da bola. Eu gosto muito dos dois, e a cada jogo fica mais evidente que eles se completam. Quando o Corinthians não pode contar com um ou com outro, o desempenho ofensivo cai muito. No jogo de ontem, no Engenhão, Diego Cavalieri foi pegar na bola pela primeira vez aos trinta e sete minutos. E no segundo tempo sequer sujou o uniforme.
Os últimos campeonatos brasileiros deixaram clara a importância de um sistema defensivo eficiente. O Flamengo teve Adriano e Petkovic, o Fluminense teve Conca e Fred, mas as defesas funcionavam e os times levavam poucos gols. Em seus três títulos consecutivos, o São Paulo sempre teve zagas fortíssimas. Depois de muito tempo, o Fluminense está conseguindo jogar novamente com Gum e Leandro Eusébio. Nenhum dos dois é craque, nenhum dos dois encanta, mas os dois juntos funcionam. Formaram a melhor dupla de zaga do Brasileirão do ano passado, e não é à toa que, a partir do reencontro, o time subiu. Futebol é mais complexo do que parece, e quem olhar só lá pra frente se estrepa.
Queria entender o que aconteceu com o Botafogo, mas não consegui ver o jogo. Entretanto, as meninas do Jó e a torcida alvinegra não devem se preocupar. Essas derrapadas são comuns no Campeonato Brasileiro e não representam grandes coisas. (Escrevi isso aqui outro dia, mas vale repetir: no Brasileirão de dois mil e nove o Flamengo perdeu de cinco a zero desse mesmo Coritiba, e acabou campeão. Assim como no estadual de dois mil e dez o Botafogo perdeu de seis a zero do Vasco, e também ficou com o título.) Além do mais, o próximo jogo é contra o Flamengo, que está aí mesmo pra ressuscitar qualquer um.
Reitero que não vou falar do Flamengo, mas quem viu o jogo de ontem em Macaé e o jogo de ontem em Porto Alegre certamente ficou sem entender como é que o técnico da seleção brasileira convoca o Renato Abreu e não convoca o Douglas. Não quero comparar talento, qualidade do toque de bola, visão, equilíbrio em campo, nada disso, mas Douglas é hoje o único jogador do futebol brasileiro que tem um estilo pelo menos parecido com o do Ganso. E o mais engraçado é que, quando podia convocar jogadores do mundo inteiro, inclusive os craques extraordinários do esfuziante Shaktar Dohnet, Mano Menezes convocou Douglas. Agora que ele só pode chamar quem joga no Brasil, Douglas fica de fora. Que diabo de critério é esse?