quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Será que agora vai?
Não foi uma exibição de gala. Não foi uma vitória inesquecível. Mas ontem, no segundo tempo, a gente pôde ver algo pelo menos parecido com o que se espera de uma seleção brasileira. Rapidez, vontade, jogadas individuais, risco. Lucas jogou o que não joga já muito tempo pelo São Paulo – e espero que não volte a jogar domingo –, Cortês fez o que eu não vi nenhum outro lateral-esquerdo fazer na seleção nos últimos cinco ou seis anos. O time argentino é fraco, mas não importa: é a Argentina. E recentemente a gente enfrentou seleções piores, com atuações de dar vergonha. 
É claro que, no Morumbi, Casemiro vai chegar rachando no Ronaldinho e, se for preciso, Ralf vai jogar Diego Souza no alambrado de São Januário. Mas não há como negar que é muito mais bacana ver uma seleção brasileira formada pelos caras que a gente acompanha de perto toda semana. É legal ver o goleiro botafoguense Jefferson dando força ao zagueiro vascaíno Dedé, depois de um vacilo qualquer. Ver o santista Neymar espirrando água no são-paulino Rhodolfo durante a comemoração. E essa opinião não se baseia unicamente no romantismo: a verdade é que não há hoje, no exterior, nenhum jogador brasileiro que seja imprescindível à seleção. Júlio César? Lúcio? Robinho? Pato? Não. Nenhum. 
De um lado, os clubes brasileiros com cada vez mais grana da tevê e dos patrocinadores. Do outro, os clubes argentinos em processo de empobrecimento. Assim, sempre que o duelo entre as duas seleções se restringir aos jogadores que atuam em seus próprios países, o Brasil será favorito. Ao contrário do que tem acontecido aqui, todos os grandes jogadores argentinos estão fora. 
Por falar em Cortês: o cara fez um campeonato carioca muito bom pelo Nova Iguaçu. O Flamengo se interessou, mas de forma acanhada, e ele acabou no Botafogo. Será que Vanderlei Luxemburgo não conseguiu enxergar o potencial dele? Mas justo o nosso Professor & Planejador Master? Ou será que não molharam devidamente as mãos que deveriam ser molhadas para que o negócio fosse adiante?

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O maior vexame da temporada.
Algumas coisas que a gente observa em certas partidas nos deixam desconfiados. Jogador de futebol não é flor que se cheire, e quando você vê o Flamengo jogar como vem jogando ou quando você vê o Palmeiras fazer o que fez ontem, a primeira coisa que vem à cabeça é que há algo de podre entre quem joga e quem treina. Porque aquilo não existe.  
O primeiro tempo do Flamengo contra o América Mineiro conseguiu ser pior do que já tinham sido as inacreditáveis atuações contra Bahia e Atlético Paranaense. No segundo, o time teve pelo menos vergonha na cara, embora a vitória só tenha vindo porque o adversário era o lanterna do campeonato, um time que serve para sustentar minhas convicções contrárias ao sistema de rebaixamento e subida do jeito que ele é feito. Comentando a atuação de cada jogador rubro-negro, o jornal “O Globo” foi brilhante na hora de analisar o Jael: “Sua atuação confirmou que, esse ano, o melhor atacante do Flamengo é sempre aquele que não entra em campo”. Irretocável.  
Resultados surpreendentes e desastrosos são comuns no Campeonato Brasileiro, e todos os times passam por eles. Mas o que o Palmeiras conseguiu fazer ontem foi inadmissível. Quase indigno. Do jeito que o futebol está corrido, jogar com dois a menos por mais de trinta minutos chega a ser desumano. Mesmo assim, o Palmeiras não soube aproveitar a vantagem, não soube tocar a bola, não soube cansar o adversário, não soube matar a partida. Deixar o Atlético Goianiense empatar aquele jogo foi pior do que qualquer goleada que alguém tenha sofrido no campeonato. Não tenho visto muitos jogos do Palmeiras, mas estou surpreso com o Kleber. Apesar do seu conhecido descontrole – como naquela expulsão contra o São Paulo aos dois minutos de jogo, na Libertadores de dois mil e dez –, é o tipo de atacante que eu admiro, por não dar descanso à zaga adversária. Gostaria que ele tivesse ido para o Flamengo naquela confusão armada no início do campeonato. Mas o Kleber não tem jogado. Não tem brigado, não tem provocado, nada de nada. Jogar mal por algumas rodadas pode acontecer, mas aquela apatia é injustificável. Aquele desinteresse é altamente suspeito.  
Botafogo e São Paulo fizeram um jogo bem bom. Velocidade, marcação, cinco ou seis chances de gol pra cada lado. O Botafogo cometeu um erro imperdoável: achar que, ao terminar o primeiro tempo ganhando de dois a zero, tinha fechado a tampa. Nessa altura do campeonato, todo mundo já devia ter aprendido que não há no Brasileirão 2011 time tão superior aos outros a ponto de fazer dois a zero e poder parar de jogar. Talvez por ter corrido demais no primeiro tempo, o Botafogo parou, amarrou o burro na sombra, deixou o São Paulo crescer e perdeu a chance de virar o líder virtual do campeonato, por causa do jogo a menos. Já o São Paulo fez bonito, e podia ter feito ainda mais se o Rivaldo não quisesse, justamente, fazer bonito. Uma bola daquelas é pra sentar a bota e estufar o barbante, furar a rede. Hoje de manhã falei com Jaime pelo msn, e nenhum de nós dois conseguia entender: o cara já foi eleito o melhor do mundo, já foi campeão mundial, tá rico, é reconhecido, não tem que provar nada pra ninguém. Por que não encher o pé, fazer o gol e ganhar o jogo? Em vez disso, aquele totozinho.  
Não vi nada de Corinthians e Bahia. Mas espero contar com a presença do Magalha nos comentários para os xingamentos de praxe ao Tite.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O empate que deixou a manhã aqui na agência meio sem graça.
Não me lembro de já ter largado livro no meio, por pior que ele fosse. Nunca saí durante filme algum, nem mesmo nos do Oliver Stone. Mas ontem eu não aguentei. Vi o jogo do Flamengo até os vinte e três minutos do segundo tempo, quando Vanderlei Luxemburgo decidiu tirar do banco e mandar pro campo aquele atacante dos infernos. Mudei de canal e fui ver São Paulo e Corinthians. Agora de manhã eu li que, nos vinte e cinco minutos em que esteve no gramado, o suposto centroavante participou de apenas uma jogada, perdendo um gol cara a cara quando faltavam dois ou três minutos para a partida acabar. O Flamengo segue firme em sua campanha pra garantir vaga na Sul-Americana do ano que vem.
O Corinthians jogou contra o São Paulo do mesmo jeito que o Flamengo jogou contra o Corinthians: todo fechado, arriscando pouco e só na tocaia. Clássico, times equilibrados, o empate não era ruim pra nenhum dos dois, nada mais natural que se ficasse nisso. O empate só não foi bom pra mim: com um ou outro ganhando, era certo que eu me divertiria bastante hoje aqui na agência; com o zero a zero, o dia tá chocho toda vida. O primeiro tempo foi absolutamente tricolor, mas as melhores chances do segundo foram corintianas: a cabeçada que Emerson errou da risca da pequena área e aquele contra-ataque iniciado com o escorregão do Rodrigo Caio, que Willian desperdiçou depois da boa arrancada do Sheik. Assim que acabou o jogo, e ainda instalado no Setor Azul, Jaime mandou uma mensagem com essas três singelas palavrinhas: "jogo de cagão". Discordo. Não foi um mau jogo. Não foi jogo de compadre. O problema é que se criou uma expectativa muito grande, e é óbvio que, por estar em casa e pelo momento conturbado do Corinthians, a torcida tricolor esperava devolver a chinelada do primeiro turno e instalar de vez a crise. Bobagem. Chineladas como aquela só acontecem por acaso, e não adianta ficar chateado com a falta de pegada do São Paulo. Já escrevi dezenas de vezes aqui: o São Paulo é assim. O que pode mudar isso atende pelo nome de Luís Fabiano. 
Para encerrar: quem não viu não sabe o que perdeu. A melhor coisa da quarta-feira futebolística foi a encapetada jogada de Neymar enlouquecendo o lateral do América Mineiro, no lance que deu origem ao escanteio no gol do Borges. Procurei na internet, pra disponibilizar aqui, mas não achei. Se alguém conseguir, por favor, manda aí.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O campeonato só tá do jeito que tá porque o Santos não está nele pra valer.
Três coisas interessantes no jogo entre São Paulo e Ceará. Primeira: esse time está com um jeitão que lembra aqueles do tricampeonato. Vai ser campeão? Não sei e acho difícil, mas joga naquele mesmo estilo, sem encantar, sem convencer, mas botando os pontinhos no bolso. Depois do Flamengo, o São Paulo foi o time que eu mais vi jogar nesse Brasileirão, e a única vez que vi jogar bem de verdade foi contra o Grêmio, no comecinho do primeiro turno. Mas não larga o osso e está brigando com força lá em cima. Segunda: o Lucas foi mal de novo e só apareceu quando a partida estava três a zero. Aí driblou fácil, deu caneta, arrancou, fez uma bela jogada no gol do Rivaldo. Continuo apostando no Lucas, mas aquilo ali me deixou com a pulga atrás da orelha. O futebol tem vários caras que eu chamo de “artilheiro de jogo fácil” e minha amiga Fernanda chama de “ampliador de placar”. É gente que faz graça quando a partida está liquidada, que só brilha quando o adversário está morto, que lidera o olé depois que os outros se mataram pra definir o resultado. Tenho uma antipatia infinita por esse tipo de jogador, e como gosto do Lucas, espero que tenha sido só um acaso e que a suspeita não se confirme. Terceira: São Paulo x Ceará foi um bom exemplo pra gente compreender por que o futebol é o que é. O Ceará fez um primeiro tempo melhor, mais firme na defesa, mais rápido na saída de bola, mais envolvente e perigoso no ataque, enquanto o São Paulo parecia estar num daqueles dias. Mas a partir dos quarenta e dois minutos, tudo mudou. Uma falha do goleiro Fernando Henrique, que não saiu pra cortar o cruzamento no gol de cabeça do Juan, e outra do lateral Vicente, que estava bem à frente do Piris no lance do segundo gol, mataram o jogo. O segundo tempo foi um treino. 
Fernando Prass, Fágner, Dedé, Renato Silva e Jumar; Eduardo Costa, Rômulo, Felipe Bastos e Diego Souza; Éder Luís e Élton. Quem vê futebol só no papel e enxerga apenas as individualidades não acredita que essa escalação tenha saído da vigésima-quarta rodada na liderança. Só que a gente esquece que futebol é conjunto, e se você vai conseguindo montar o quebra-cabeça, de forma que uma ou outra qualidade compense um ou outro defeito, pode ser que a coisa funcione. No papel, o time do Vasco não mete medo em ninguém; no campo, é difícil de ser batido. O primeiro tempo contra o Grêmio foi pau a pau, e o gol logo no início deu ao Vasco a possibilidade de jogar com mais segurança, enquanto o Grêmio teve que se abrir. E assim como aconteceu lá no Morumbi, o segundo gol em São Januário matou o jogo. Não acredito que o Vasco consiga segurar a gambiarra até o fim. Não creio que tenha time pra ser campeão. Mas com a tranquilidade trazida pelo título da Copa do Brasil, que pôs o time na Libertadores do ano que vem, tá fazendo um campeonato muito acima das suas possibilidades. 
Não dá pra dizer que o Flamengo jogou bem, mas pelo menos jogou. Assim, o time sai do castigo e volta a ser assunto no blog. Alex Silva cometeu um erro infantil de marcação no gol de Loco Abreu, mas é inegável que deixou a defesa mais firme. A volta de Aírton também ajudou. Entretanto, o Botafogo só não fechou o jogo no primeiro tempo porque Felipe fez duas ou três boas defesas, enquanto o Flamengo pouco chegou. Já vi centenas de vezes times terminarem os jogos com um a menos, mas devido à irritante teimosia de Vanderlei Luxemburgo, que quer provar o improvável, o Flamengo é o único time da história do futebol que começa os jogos com um a menos. Com a entrada de Jael no intervalo e um mínimo de movimentação na frente, o time empatou aos quatro minutos, foi melhor que o Botafogo no segundo tempo e teve a bola do jogo, num chute de Renato Abreu, livre e já dentro da área, em que Jefferson fez grande defesa. Jael é desajeitado e briga com a bola, mas pelo menos se movimenta e perturba o adversário. Já o centroavante queridinho do Luxemburgo é um poste dentro de campo. Haja paciência. 
O miolo de zaga do Corinthians trava um sensacional duelo com o do Flamengo pra ver qual deles leva mais gols em bolas paradas. Semana passada escrevi sobre a importância de defesas firmes para a conquista do Brasileirão, e vendo Corinthians e Flamengo fazerem tanta bobagem ali atrás, fiquei curioso e dei uma espiada na tabela. No período em que abriu boa vantagem no campeonato, o Corinthians levou apenas quatro gols em nove jogos. A partir da derrota para o Cruzeiro, o Corinthians disputou quinze partidas e só não levou gol em duas. (Com o Flamengo vem ocorrendo algo semelhante, mas não é do Flamengo que se trata nesse parágrafo.) Ontem o time fez um bom primeiro tempo, mas no segundo o Santos botou a bola no chão, saiu pro jogo, e aí não há quem segure. O Santos é o único time diferente do atual futebol brasileiro. Mas como perdeu pontos demais no início, por causa da Libertadores, e deve se desinteressar do campeonato justo na parte decisiva, por causa do Mundial Interclubes, não dá pra considerar o time candidato ao título. Por isso o Brasileirão está do jeito que está: tirando o Santos, os outros times são muito parecidos e tudo pode acontecer. Ontem, jogando de um jeito diferente, um pouco mais na armação do que na frente, Neymar só fez confirmar que é, disparado, o maior jogador do país. Dá gosto ver o que o moleque faz com a bola.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Rapidinhas do final de semana.
Como todo mundo sabe, esse blog trata única e exclusivamente de futebol. Por isso, nada a declarar sobre Flamengo x Atlético Paranaense. O Flamengo está de castigo e enquanto não voltar a jogar bola, não vai ser assunto aqui. Quanto ao Atlético Paranaense, apesar da vitória, também não praticou futebol. Vamos em frente. 
Podem falar o que quiserem, mas o Grêmio com Celso Roth é outra coisa. Voltou a ser o time valente e difícil de ser vencido que a gente se acostumou a ver – já tinha dado bastante trabalho ao Corinthians, no Pacaembu – e mesmo que não consiga chegar à ponta da tabela, é certo que vai fazer uma bagunça no campeonato. Mário Fernandes, Júlio César, Fernando e Douglas jogaram à beça, e o que falta ao time é ataque. André Lima é mais um terceiro zagueiro do que propriamente um atacante. 
Alguém influente no São Paulo, ou seja, o Rogério Ceni, precisa urgentemente convidar o Casemiro pra tomar um café e falar sério com ele. O teor da conversa deve ser mais ou menos esse: ô menino, não que você seja mau jogador, pelo contrário, mas se continuar com essa máscara amarrada na cara, você nunca vai chegar nem perto de jogar o que você pensa que já joga. Lento, dispersivo, fiteiro, intocável, reclama de tudo. E se não mudar agora, não muda mais. 
Aliás, uma das queixas recorrentes da torcida do São Paulo diz respeito ao jeito blasé de alguns dos seus jogadores. Além de Casemiro e Dagoberto, a lista agora tem mais um: Cícero. É fácil perceber que o cara conhece o jogo, meio-campista que sabe defender e atacar, tem categoria e estilo, é bom na bola aérea, mas às vezes dá a impressão de que entrou em campo depois de ter encarado a Feijoada da Lana. Quem tá se dando bem no time é o João Filipe, que não teve muitas chances no Botafogo mas vem fazendo boas partidas na zaga são-paulina. Tenho até medo do que vou escrever agora, e espero que a torcida tricolor me perdoe, mas ontem eu gostei do Juan. Acontece, uai, fazer o quê? 
Quando comecei a ver futebol, uma das coisas sagradas era que barreiras não podiam se mexer. Barreira que se mexe mata o goleiro. Sempre. Mas como certas coisas evoluem pra trás, algum espertalhão inventou que a barreira tem que andar, tem que saltar etc. Ninguém precisa ser gênio pra perceber que, se a barreira anda, ela muda de posição, a não ser que haja meses de ensaio com Carlinhos de Jesus. E quando a barreira salta, aí então é um deus-nos-acuda. Barreira está ali pra dificultar a vida do cobrador, e não para atrapalhar o goleiro. O chute do Fred ontem foi quase ridículo, bem no meio de uma barreira formada por apenas três jogadores. Só que os três se adiantaram, se mexeram, pularam, foi um pra cada lado e a bola pro fundo da rede. Mas não adianta: na próxima falta todo mundo vai correr, se mexer, saltar e, depois que a bola entrar, todo mundo vai reclamar da falta de sorte. 
O bom centroavante das sobrancelhas feitas (ah, imaginem o que neguinho não estaria falando se ele jogasse no São Paulo!) sentiu falta do Emerson e ontem não viu a cor da bola. Eu gosto muito dos dois, e a cada jogo fica mais evidente que eles se completam. Quando o Corinthians não pode contar com um ou com outro, o desempenho ofensivo cai muito. No jogo de ontem, no Engenhão, Diego Cavalieri foi pegar na bola pela primeira vez aos trinta e sete minutos. E no segundo tempo sequer sujou o uniforme. 
Os últimos campeonatos brasileiros deixaram clara a importância de um sistema defensivo eficiente. O Flamengo teve Adriano e Petkovic, o Fluminense teve Conca e Fred, mas as defesas funcionavam e os times levavam poucos gols. Em seus três títulos consecutivos, o São Paulo sempre teve zagas fortíssimas. Depois de muito tempo, o Fluminense está conseguindo jogar novamente com Gum e Leandro Eusébio. Nenhum dos dois é craque, nenhum dos dois encanta, mas os dois juntos funcionam. Formaram a melhor dupla de zaga do Brasileirão do ano passado, e não é à toa que, a partir do reencontro, o time subiu. Futebol é mais complexo do que parece, e quem olhar só lá pra frente se estrepa. 
Queria entender o que aconteceu com o Botafogo, mas não consegui ver o jogo. Entretanto, as meninas do Jó e a torcida alvinegra não devem se preocupar. Essas derrapadas são comuns no Campeonato Brasileiro e não representam grandes coisas. (Escrevi isso aqui outro dia, mas vale repetir: no Brasileirão de dois mil e nove o Flamengo perdeu de cinco a zero desse mesmo Coritiba, e acabou campeão. Assim como no estadual de dois mil e dez o Botafogo perdeu de seis a zero do Vasco, e também ficou com o título.) Além do mais, o próximo jogo é contra o Flamengo, que está aí mesmo pra ressuscitar qualquer um. 
Reitero que não vou falar do Flamengo, mas quem viu o jogo de ontem em Macaé e o jogo de ontem em Porto Alegre certamente ficou sem entender como é que o técnico da seleção brasileira convoca o Renato Abreu e não convoca o Douglas. Não quero comparar talento, qualidade do toque de bola, visão, equilíbrio em campo, nada disso, mas Douglas é hoje o único jogador do futebol brasileiro que tem um estilo pelo menos parecido com o do Ganso. E o mais engraçado é que, quando podia convocar jogadores do mundo inteiro, inclusive os craques extraordinários do esfuziante Shaktar Dohnet, Mano Menezes convocou Douglas. Agora que ele só pode chamar quem joga no Brasil, Douglas fica de fora. Que diabo de critério é esse?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Jogaço.
Um jogo de futebol envolve um monte de coisas, e não é feito só de qualidade técnica. Por isso, Corinthians x Flamengo foi um grande jogo de futebol. 
Aliás, é muito bacana quando o campeonato fica embolado desse jeito, porque aumenta o número de confrontos diretos e as partidas ficam bem mais emocionantes. No Brasileirão do ano passado, por exemplo, Fluminense e Corinthians abriram distância em relação aos demais, e quando os dois começaram a patinar só o Cruzeiro conseguiu encostar. Daí que na fase decisiva houve apenas um confronto direto, que foi aquele Corinthians x Cruzeiro do famoso pênalti no Ronaldo. Esse ano, não. Depois do jogaço de ontem, domingo tem Fluminense x Corinthians, na outra rodada é a vez de Botafogo x Flamengo, depois vem São Paulo x Corinthians, e por aí vai. Só briga de cachorro grande. De times que, provavelmente, daqui a quatro rodadas continuarão com chances de título. 
Qualquer que fosse o ganhador ontem no Pacaembu, a vitória significaria uma espécie de redenção. (Não foi à toa que o são-paulino Jaime saiu do Morumbi na quarta-feira dizendo que torceria por um empate entre Corinthians e Flamengo, mesmo tendo consciência de que o empate tiraria o São Paulo da provisória liderança. Esperto, Jaime sabia que liderar ou não o campeonato nesse momento não teria importância alguma e sabia também que um vencedor no clássico de ontem ganharia muito mais que três pontos, ganharia moral. Mas é isso aí: tem gente que segue o embalo da mídia e tem gente que enxerga além. Jaime enxerga.) A vitória devolve ao Corinthians o respeito que o time tinha perdido, embora continue precisando consertar coisas. 
A não ser que o Willian tenha algum bloqueio psicológico incontornável, não dá pra jogar com Jorge Henrique e deixar Willian no banco. Jorge Henrique é cisqueiro e enganador, Willian é objetivo e perigoso. Mas se não rende quando entra de cara, não há mesmo o que fazer. Júlio César, Chicão e Leandro Castan precisam se acertar nas bolas paradas. E é preciso resolver a questão da lateral-direita. Alessandro é bom jogador e é um dos líderes da equipe, mas não tem mais fôlego para executar as funções de um lateral moderno. Precisou ficar mais preso por causa do Ronaldinho, ok, mas parece que já deu. São detalhes de um time forte, mas que precisam ser vistos. 
O certo é que, mesmo sem jamais ter perdido a liderança, o Corinthians dava toda a pinta de que queria entregar, novamente, o título de bandeja. Ontem, voltou pro campeonato. 
Curiosamente, surpreendentemente e espantosamente, acho que o mesmo pode ser dito do Flamengo. O time enfrentou uma pressão tremenda, marcou com seriedade e se defendeu com razoável competência. Perdeu um clássico, um jogo duríssimo, e futebol é isso. Claro: uma vitória ontem poderia ter a mesma força que tiveram, em dois mil e nove, as vitórias sobre o Palmeiras no Palestra e sobre o Atlético no Mineirão, mas o time mostrou personalidade. Uma coisa é perder, outra é não jogar. 
Se Alex Silva e Aírton voltarem bem e as contusões derem um refresco, o Flamengo ainda pode incomodar. Não acredito em título por causa do desequilíbrio no elenco – ontem, quando o cansaço tirou Willians e Thiago Neves do jogo, entraram Fierro e Bottinelli, e aí não há quem aguente. Mas impossível não é.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Rogério Ceni que nada: o Rei do Morumbi é Jaime Agostini.
Assim como acontece aqui no blog, Jaime manda e desmanda no Morumbi e cercanias. O cara embica o carro no estacionamento onde uma placa informa, em letras garrafais: LOTADO. Além disso, um funcionário (certamente legalizado, com carteira de trabalho, FGTS em dia, aposentadoria garantida etc.) faz uma expressão desolada e junta os dedos da mão indicando que não há espaço nem para uma mosca. Quem disse? O Rei do Morumbi para o carro no meio da rua, puxa o freio de mão e sai na captura do Bigode, o dono do estacionamento. Segundos depois, o carro está lá dentro, devidamente protegido. Não é permitido vender cerveja no entorno do estádio – proibição que, claro, não se aplica ao estacionamento do Bigode, que funciona como um principado, um estado independente. Três ou quatro latinhas depois, nosso rei parte em busca de ingressos pra mim e pro Gabriel. Tinha que ser no Setor Azul, onde ele costuma acompanhar os jogos ao lado de amigos tão alucinados quanto, e nada de aparecerem os ingressos. Pergunta se ele ficou preocupado? Não há exagero em comparar sua atuação ali com a do time do Barcelona, que sabe pacientemente que uma hora o gol vai sair. Os tais ingressos no Setor Azul apareceram a preços exorbitantes, que o Jaime não permitiu que eu pagasse. Calma, Murta, calma que vai rolar. Igualzinho ao Barcelona. Daqui a pouco ele aparece com dois ingressos para o Setor Laranja. Como assim, Jaime? Nós não vamos ver o jogo juntos? Fica frio, Murta. Entra com o Gabriel, mantenha sua direita e lá em cima a gente joga a resenha em cima do cara. Dito e feito. Entrei pelo Laranja, segundos depois um portão secreto se abriu e lá estávamos nós devidamente instalados pra ver a festa. Jogos festivos costumam não dar muito certo, porque quase sempre têm muita comemoração e pouco futebol, mas ontem o convidado caiu do céu. O São Paulo jogou mais ou menos como sempre, mas o Atlético Mineiro foi uma piada. O estranho é que você olha a escalação do time e tem a sensação de que daria pra sair coisa boa. Mas não sai nada. A única bola que foi pro gol do Rogério Ceni entrou, sem que ele tivesse culpa alguma. Foi uma festa bonita e merecida, ainda mais nesses tempos em que nossos craques costumam beijar quatro ou cinco escudos por ano. E foi divertido ver que a torcida do São Paulo adora o Rogério quase na mesma proporção em que odeia o Juan. Valeu, conselheiro! 
Nos almoços aqui da agência, os não-tricolores costumam acusar o São Paulo de praticar um futebol chato. Quando isso acontece, o são-paulino Alê Santos pergunta por que só reclamam do São Paulo, já que o Palmeiras tem um jogo muito chatinho também. Os dois lados têm razão. Felipão armou o time no estilo típico do futebol de resultados, só que os resultados andam meio envergonhados (como o próprio Felipão falou para o lateral Cicinho, no jogo de ontem) e ainda não apareceram. Pra não sair da linha, faço questão de registrar mais um momento-vergonha das nossas transmissões esportivas. Pouco antes do segundo gol do Atlético Paranaense, Cleber Machado disse que aquela era a melhor atuação de Henrique desde que voltara ao Palmeiras. E Caio exagerou: está fazendo um partidaço. Na jogada seguinte, Henrique deu uma lamentável cabeçada pra trás, largando o Marcos numa tremenda roubada – e a gente sabe que, apesar de grande goleiro, Marcos não resolve bem situações como aquela. Quanto a Cleber Machado e Caio, falaram da desatenção na marcação, da precipitação do Marcos e nenhuma palavra sobre a pixotada do Henrique. Bobagem dos dois: é comum, no futebol, o cara fazer uma boa partida e errar num lance importante. Faz parte. Cleber e Caio podiam até ter brincado com isso, mas preferiram se fingir de mortos. Ficou feio.
Já que no parágrafo acima se falou de jogo chato, vale o registro: esse campeonato já teve o momento do Corinthians, já teve o momento do Flamengo e agora tem o momento do Botafogo. Ninguém está jogando de forma tão rápida, tão eficiente e tão boa de se ver.  Ontem o time foi ajudado pela injusta expulsão do zagueiro cearense Fabrício ainda no primeiro tempo, mas tem sido uma surpresa bacana. Vamos ver se vai ter fôlego pra chegar brigando no fim.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Convite do conselheiro não é um convite: é uma intimação.
Depois de fazer minha estreia no Pacaembu, na companhia de Kride e Gobato, amanhã estrearei no Morumbi. Jaime Agostini me desafiou para irmos ao próximo São Paulo x Flamengo, mas pipoquei. A experiência de ver Palmeiras x Flamengo no meio da torcida palmeirense foi divertida, mas como diria o policial Roger Murtaugh, personagem de Danny Glover em "Máquina Mortífera", estou muito velho pra isso. Naquela noite pude perceber o quanto foi importante fazer minha iniciação no Maraca frequentando a torcida adversária, pois isso me ensinou a manter completa concentração no jogo. Mas naquela época eu não tinha opção: não havia tevê por assinatura, não existia pay-per-view, as partidas não eram transmitidas ao vivo. Era aquilo ou aquilo. Hoje não dá mais. O mesmo motivo me fez recusar os gentis convites do Serginho, do Alex Borba e do casal Vinicius e Dani Carvalho pra ver Corinthians x Flamengo. Estou muito velho pra isso. Disse ao Jaime que gostaria de conhecer o Morumbi, mas não em dia de São Paulo x Flamengo. E também tinha que ser numa rodada em que os jogos dos dois não coincidissem. O conselheiro está batalhando os ingressos – tá difícil, por causa dessa história do milésimo jogo do Rogério Ceni –, mas se tudo der certo, amanhã estaremos lá. Quinta eu conto.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A pior atuação que eu vi nesse campeonato.
Campeonatos longos são bacanas por causa das voltas que a bola dá. Sábado tivemos duas. Já vi várias declarações do técnico Abel Braga reclamando da arbitragem e posicionando o Fluminense como o grande coitadinho desse Brasileirão. Não sei o que ele achou do terceiro gol do Flu na virada em Volta Redonda, mas eu achei o seguinte: o toque de mão do zagueiro do Atlético Goianiense foi absolutamente involuntário e, portanto, nada deveria ser marcado. Pior: no momento em que Marquinhos cobrou, levantando a bola na área, o autor do gol – Rafael Moura – estava impedido. E aí? O cara reclama, reclama, reclama, e quando o vento vira faz o quê? Engole o choro? 
Outro vento que virou foi a favor do São Paulo. No jogo contra o Atlético Goianiense pelo primeiro turno, o time goiano concluiu apenas duas vezes contra o gol de Rogério Ceni, e o placar terminou dois a dois. Mas no sábado, contra o Figueirense, o São Paulo também só concluiu duas vezes durante o jogo inteiro e ganhou por dois a um. Foi uma vitória muito importante: se nesse campeonato já é difícil vencer com o time completo, imagine quando se entra todo quebrado e cheio de improvisos. No post publicado sexta-feira falei da inexplicável apatia do São Paulo contra o Fluminense. Creio que orelhas andaram sendo puxadas no Morumbi, porque o que não faltou ao time em Florianópolis foi vontade.
Antes de passar pro domingo, duas observações sobre os times pequenos. Vi o Figueirense jogar algumas vezes, e gostei. É firme na defesa, rápido no contra-ataque e tem dois bons laterais, Bruno e Juninho. Aí começa o jogo com o São Paulo e quem eu vejo passeando no meio-campo? Aquele Jonathan que foi do Flamengo e joga futebol no ritmo dos anos sessenta. Não dá para entender por que o Figueirense contratou e escala um jogador daqueles, que não combina em nada com o estilo do time. Já o Atlético Goianiense jogava muito bem contra o Fluminense, até fazer dois a zero e se achar o Barcelona do cerrado. Toquinho pra cá, toquinho pra lá e toquinho de volta, em vez de aproveitar a desorientação do Flu, jogar sério e definir a partida. Deu no que deu.
Fiz umas continhas por alto e concluí que devo ter visto umas cinquenta e cinco atuações dos times que ocupam os cinco primeiros lugares na tabela. A pior de todas elas foi, fácil, essa do Flamengo contra o Bahia. Quando acabou o Campeonato Carioca, escrevi aqui no blog que, para pretender alguma coisa no Brasileiro, o Flamengo teria que contratar dois zagueiros, um lateral-esquerdo, um volante e um centroavante. Todos bons, gente pra ser titular de cara. Dos dois zagueiros necessários só veio um (Alex Silva), que demorou demais para entrar no time e quando entrou se machucou. Daí que, em vez de ter uma zaga, continuamos tendo uma peneira. Júnior César não é nenhuma maravilha, mas melhorou as coisas por ali. Aírton é um volante importante taticamente, e a saída dele por contusão coincide com a queda violenta do time – o que, de resto, já acontecera quando ele foi para o Benfica, logo depois da conquista do Brasileirão 2009. Do centroavante, prefiro não falar. Fala por mim a tentativa desesperada do Flamengo pra contratar o Kléber. Só não entendo como o nosso grande professor, o nosso grande planejador, o nosso grande estrategista não percebeu isso antes, enquanto eu, que sou um bosta, falo disso aqui há mais de seis meses. O Flamengo tem até um bom time, mas não tem elenco, o que não significa que esteja fora da briga. Mas só vai ter chance se duas coisas acontecerem: a primeira é o campeonato continuar sendo o perde-ganha que tem sido até agora; a segunda é o time conseguir disputar as cinco ou seis últimas rodadas completo e com todo mundo cem por cento. Sem essas duas condições, Lucas vai ter mesmo que torcer pelo Botafogo.
Cada jogo tem sua história, e todos eles costumam dar exemplos de como o futebol é legal. Na partida entre Palmeiras e Cruzeiro, foi o pênalti no último minuto. Marcos Assunção tem a melhor bola parada do futebol brasileiro. Falta de frente, falta de lado, falta de perto, falta de longe, escanteio, é sempre um perigo. No entanto, justo no pênalti, parecia um zagueiro sem jeito, um desses que fecha o olho e enche o pé. Mas essa história de pênalti é mesmo curiosa e estranha. Um dos maiores chutadores que eu já vi, o Rivelino, não batia pênaltis. Tinha horror. Outra coisa: já que a gente só reclama, é questão de justiça destacar como é bom o juiz Leandro Vuaden. Com ele não adianta atacante manhoso ficar se jogando e tentando cavar faltas, com ele o choque é permitido e zagueiro pode chegar chegando, com ele renasce aquela história de que futebol é jogo pra homem. Foi perfeito na interpretação de uma bola na mão do lateral cruzeirense Marquinhos Paraná e muito seguro pra marcar o pênalti – que existiu – no finzinho do jogo. Claro que vai errar aqui ou ali, já deve ter errado nesse campeonato, mas é um árbitro com bom critério e boa interpretação das jogadas.
O primeiro tempo de Coritiba e Corinthians foi muito disputado, e se futebol fosse boxe e alguém pudesse vencer por pontos, o Corinthians teria vencido. Mas no segundo tempo o time foi muito pressionado, praticamente não passou do meio-campo e só voltou pro jogo no final, quando não tinha mais nada a perder e o Coritiba cansou. Além disso, sorte e azar também entram em campo, e a segunda bola na trave do Alex foi um azar danado. (Não vou esculhambar ninguém: prefiro deixar as esculhambações para o comentário do meu amigo Magalha.) O destaque do Coritiba, mais uma vez, foi o meia-atacante Rafinha. O baixinho é danado, dá muito trabalho e é uma das melhores surpresas do campeonato.
Momento futebolístico-médico-religioso. Todo mundo diz que Ricardo Gomes é trabalhador, educado, estudioso e honesto. Não entra em esquemas, não tem ligações suspeitas com empresários, não escala ou indica esse ou aquele por interesses de quem quer que seja. Um cara que merece toda a força. Quem é de rezar, reza por ele. Quem é de torcer, torce por ele. Eu torço. Interessado no assunto, dia desses abri a página do UOL e dei de cara com essa manchete: “Especialistas se surpreendem com Ricardo Gomes e falam em milagre na recuperação do técnico.” Lendo o texto dá pra sacar que não era bem isso o que a fisioterapeuta Adriana Rafful quis dizer – não me pareceu que ela tenha usado a palavra no sentido religioso. E na mesma hora lembrei do meu pai, que costumava falar o seguinte: “Ser médico é duro. Quando o paciente morre, a culpa é nossa. Quando o paciente se salva, o mérito é de Deus.”

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Algumas coisas da última quarta-feira.
O futebol tem um monte de coisas inexplicáveis, e o Brasileirão mais ainda. O Flamengo fazia um campeonato muito do meia-boca, até a sensacional vitória sobre o Santos. Aquele jogo deu moral ao time, e na sequência vieram vitórias importantes sobre o Grêmio, o Cruzeiro e o Coritiba. Como não há bem que sempre dure, o Flamengo voltou ao momento meia-boca e precisa urgentemente de outro jogo como aquele. Se não, vai sair da briga. Perder para o Avaí em Florianópolis não é nada do outro mundo; o problema é que o time parou de jogar. No Brasileirão não tem parada fácil, e quando você entra muito desfalcado a dureza só aumenta. Não é nem uma questão da qualidade individual dos ausentes, mas do desequilíbrio que um monte de desfalques provoca em qualquer time. Anteontem o Flamengo não tinha Alex Silva, Welinton, David Braz, Júnior César, Aírton e Thiago Neves. Ahn? Como? Thiago Neves estava em campo? Acho que não prestei muita atenção no jogo. 
Pra gente ter uma ideia de como a questão dos desfalques é importante: na quarta-feira eu estava interessado em ver Botafogo x Palmeiras, dois times que vêm crescendo no campeonato. Mas quando vi que o Palmeiras ia jogar sem Kléber, Valdívia e Luan – brincadeiras à parte, ele cumpre um papel importante ali –, perdi o interesse. No dia seguinte, meus amigos palmeirenses Kride e Gobato confirmaram: o time não existiu. Tomou o gol cedo, desarticulando a retranqueira armada por Felipão e posta em prática por seu fiel escudeiro, levou o segundo logo depois e desmoronou. Segundo eles dois não teve nem graça, mas não há mesmo o que fazer naquele time se o Kléber e o Valdívia não puderem entrar em campo. 
A vitória sobre o Grêmio quase foi, para o Corinthians, o tal jogo que eu falei aí em cima que o Flamengo precisa. (Apesar da liderança, o Corinthians tá precisando também.) O Grêmio melhorou com Celso Roth no comando, porque pelo menos voltou a mostrar a raça que parecia perdida. Mas a zaga é atabalhoada, o que pra mim é novidade: os times do sul, que sempre foram muito fortes na marcação, agora afrouxaram. (Desde quando um time gaúcho faz três a zero em casa aos vinte e seis do segundo tempo e deixa o adversário empatar?) Além disso, o Grêmio jogou fora o fato de estar com dois a mais nos últimos quinze minutos, fazendo a pior coisa que pode ser feita nessa situação: cruzar bolas altas na área. Aí, claro, a vantagem desaparece. O Corinthians não mostrou brilho, mas foi aplicado. E há jogos no Brasileirão que precisam ser vencidos dessa forma. A arbitragem de André Luiz de Freitas Castro serviu para fortalecer a tese que defendo aqui: nossos juízes não são tendenciosos, são confusos. O pênalti que ele deu no Emerson foi um absurdo completo; por outro lado, as expulsões de Liédson e Edenílson foram excessivamente rigorosas. Não é má intenção. É ruindade mesmo. 
Durante a partida com o Fluminense, no Morumbi, o são-paulino Jaime Agostini tuitou praguejando contra seu próprio time. Consegui assistir ao jogo ontem e sou obrigado a admitir: nosso ilustre conselheiro tem toda a razão. Os jogadores do São Paulo ganham mal? Recebem com atraso? O clube está numa situação na tabela que não permite brigar pelo título? Como a resposta para essas perguntas é “não”, inexiste explicação para um time jogar de forma tão apática e desinteressada. Tudo o que Dagoberto fez foi dar um chute com relativo perigo no primeiro tempo e cavar um pênaltl, que também não houve, no segundo. Lucas precisa decidir o que vai ser da vida. Continuo achando que ele tem muito futuro, mas o futuro vai chegar quando? Eu acreditava que ele vinha sendo escalado no lugar errado: Lucas tem que jogar onde jogava quando apareceu, quarto homem do meio-campo, sem obrigação de marcar, podendo cair para os dois lados, agredindo o tempo todo, mas sem compor a dupla de área com o centroavante. Entretanto, foi exatamente nessa função que ele atuou no segundo tempo de anteontem, quando Willian José entrou no lugar do Rivaldo. E o que ele fez? Deu um bom chute a gol por volta dos cinco minutos. Um chute. Só. Juan não ganhou uma jogada sequer do Mariano, mas isso não chega a ser novidade pra quem é flamenguista: Juan nunca marcou ninguém. O São Paulo tem um elenco equilibrado, mas é impossível ganhar um campeonato como esse sem ambição. E isso tá faltando. 
Para encerrar: no jogo entre Avaí e Flamengo, no primeiro gol do Avaí o cara que cruzou a bola estava completamente impedido. Logo depois, o Flamengo teve um gol mal anulado. (Gol dele.) Acho isso irrelevante e não serve para justificar nada. Só espero que ninguém venha me cobrar quando erros semelhantes de arbitragem acontecerem a nosso favor.