A fabulosa estreia de Ronaldinho Gaúcho com a camisa do Flamengo.
Ronaldinho foi apresentado à torcida do Flamengo, na Gávea, no exato instante em que eu era apresentado a mais uma porção de camarãozinho frito com cerveja, lá em Maragogi. Doze de janeiro de 2012, e eu assisti à festa pela televisão. Jamais esperei ver de volta o craque imarcável dos tempos de Barcelona, mas como o Flamengo vinha da sua pior temporada nos últimos cinco anos – a única sem um titulozinho sequer – aquilo era animador.
Passaram-se seis meses e meio, e Ronaldinho finalmente estreou. Claro que, mesmo com atuações pouco convincentes, o time com ele fica diferente, mais perigoso e muito mais inteligente, mas a conquista do Estadual e a invencibilidade no Brasileirão ainda não tinham sido acompanhadas por uma atuação que justificasse o investimento e a euforia da torcida. Até a última quarta-feira.
Desconsidero o primeiro gol – que até o Paulo Asano faria, embora o nosso centroavante tivesse perdido um parecido minutos antes –, mas duas jogadas que terminaram com defesas de Rafael, uma devolução para Thiago Neves que o meia concluiu mal, a precisa cobrança de escanteio no terceiro gol, a genial jogada na entrada da área que acabou virando a falta do quarto gol, a tão simples quanto ousada cobrança de falta, o toque preciso no quinto gol, tudo isso foi Ronaldinho Gaúcho em seu estado mais puro.
Entretanto, mais importante que tudo foi a personalidade. O respeito que impôs. Uma coisa que eu ainda não tinha visto ele fazer (me queixei disso, aqui no blog, naquele empate com o Ceará em dois a dois depois de abrir dois a zero): deixar claro que o dono do jogo era ele. Ronaldinho Gaúcho nunca mais vai jogar o que jogava no início da carreira no Grêmio ou no auge da carreira no Barcelona. Mas se jogar a metade do que fez quarta-feira em Santos, já tá de bom tamanho.
No mesmo jogo, Neymar estraçalhou. A saber: começou com rapidez e inteligência o lance do primeiro gol. No segundo, invadiu a área naquele ritmo alucinante, e depois da boa defesa de Felipe acabou deixando Borges sozinho debaixo da trave. Fez o terceiro com uma jogada sensacional e um drible antológico no Ronaldo Angelim. Sofreu o pênalti – como sou rigoroso com essa história de pênalti, não concordei com a marcação, mas o juiz deu e quem sofreu foi ele. Fez o quarto em outra arrancada impossível de ser acompanhada. Obrigou Felipe a uma difícil defesa em chute da entrada da área, já no segundo tempo. E, como sempre, apanhou feito boi ladrão. Se o capeta jogasse bola, seria aquilo ali.