terça-feira, 14 de agosto de 2012

Muito mais grave do que perder a medalha de ouro é perder o nosso jeito de jogar.  
A medalha de ouro olímpica, para o futebol, não é tão importante quanto a mídia apregoa e a maioria de nós embarca. Cada modalidade tem seu grande momento e, diferentemente da natação e do atletismo, por exemplo, o grande momento do futebol não acontece nas Olimpíadas. Além disso, há um falso frenesi em torno dessa história de nunca termos ficado com a medalha de ouro. Por ser um fato, é indiscutível, mas vale contextualizá-lo.
Durante muito tempo, os Jogos Olímpicos não permitiam a participação de atletas profissionais. Isso obrigava países como Brasil, Argentina, Itália e Alemanha Ocidental a disputar o torneio olímpico de futebol com seleções de garotos, enquanto Hungria, União Soviética, Iugoslávia, Polônia, Alemanha Oriental e Tchecoslováquia entravam com seus times principais, já que os países do Leste Europeu não tinham, oficialmente, atletas profissionais. Essa distorção fez com que, de 1952 a 1980, os países do Leste Europeu – que jamais ganharam uma Copa do Mundo – conquistassem oito medalhas de ouro consecutivas. Portanto, contextualizar é preciso. 
O que me parece importante, e isso sim preocupa, é que Mano Menezes assumiu o comando da nossa seleção há quase dois anos e ainda não fez o time dar sequer um passo à frente. Não sei se Mano deve ou não sair e não vejo quem poderia entrar. Muricy? Felipão? E pra quem acredita em futebol de resultados, por que não o Tite? Então, vamos em frente. Pouco importa o nome, desde que se mude o conceito – o que, de resto, não conseguiríamos com nenhum dos três citados. 
Não sou um romântico dos gramados, acho que futebol tem que ser jogado pra ganhar e não conheço nada mais ingênuo do que acreditar que a melhor defesa é o ataque. Em futebol, todas as lições nos ensinam que a melhor defesa é uma boa defesa, o melhor ataque é um bom ataque e nada funciona sem um bom meio-de-campo. Simples. Por outro lado, todas as lições também nos ensinam que não há fórmula mágica. Você ganha, empata ou perde jogando mal, bem ou mais ou menos, jogando feio ou bonito. Se você escalasse o Alex Sandro no lugar do Hulk e isso garantisse a vitória, beleza. Só que não é bem assim. E já que você tanto pode ganhar quanto perder jogando feio ou bonito, o que justifica a escolha por jogar feio, com medo, sem ousadia? 
Não sei se é assim em todo lugar do mundo, mas tenho a impressão de que a desmedida importância que passamos a dar aos técnicos, de alguns anos pra cá, foi responsável por criar monstros. Se o cara adquire superpoderes, se o cara vira quase que um Deus, ele não pode chegar lá e fazer o simples. Se o cara ganha quinhentos, seiscentos, setecentos mil reais por mês, ele tem a obrigação de enxergar algo que só ele vê. Ele precisa ter a ideia genial de colocar o Alex Sandro no lugar do Hulk por uma questão tática e porque, diante do poder absurdo que passamos a atribuir aos técnicos, o planejamento tático é sempre mais importante do que os caras que o executam. 
Repito: não sou contra o Mano Menezes, até porque não sou tão a favor assim de nenhum outro, e acho que o buraco é muito, muitíssimo mais embaixo. O que precisa mudar é a filosofia, o jeito de encarar o jogo, o conceito. Vamos continuar ganhando aqui e perdendo ali, porque é assim que funciona e porque nunca houve um time que jamais perdesse. O que não podemos é abrir mão do nosso jeito de jogar. Seja quem for o centroavante, seja quem for o presidente da CBF, seja quem for o bendito técnico da seleção brasileira.

Um comentário:

  1. Por falar em técnico, o de volei da Russia fez por merecer os rublos que ganha. Pelo menos é o que dizem os entendidos. Se fosse no Flamengo, o cara teria tirado o Wellington da defesa e colocado no ataque, com o Felipe jogando no meio de campo, distribuindo o jogo. Deu certo!

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