segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Clássicos mentem. 
Ainda bem que só há duas rodadas como a de ontem por ano, porque elas abalam qualquer casamento. Clássico é sempre clássico e dá vontade de ver tudo. Entretanto, apesar de quase sempre ser tenso e emocionante, um clássico normalmente não é o melhor indicador pra gente saber se um time está melhor ou pior, se agora engrenou de verdade. A rivalidade e a pressão fazem com que todos se superem e joguem de um jeito como não conseguem jogar nas demais partidas. Consegui assistir a quatro jogos. Tecnicamente, o melhor foi Corinthians e São Paulo. O mais emocionante foi Cruzeiro e Atlético. E o mais fraco foi Botafogo e Flamengo. 
Fluminense e Vasco fizeram um primeiro tempo ruim e um segundo tempo muito bom. Não adianta tapar o sol com a peneira: o Vasco segue sendo um time organizado e combativo, mas a perda de quatro jogadores importantes tirou muito da força que o time tinha no final do ano passado e no começo desse Brasileirão. Fágner, Rômulo e Diego Souza eram titulares absolutos, Allan era uma espécie de reserva-titular. A queda de produção era previsível, e não podia ser diferente. 
Botafogo e Flamengo tiveram muita vontade e pouca capacidade. Mais de noventa minutos com apenas uma oportunidade verdadeira de gol: a cabeçada de Liédson no travessão, já no finalzinho. Só. O time do Botafogo é mais hábil que o do Flamengo, Seedorf sobra, mas parece mesmo que Dorival Júnior conseguiu dar ao rubro-negro um padrão que só não se transforma em resultados melhores por causa das limitações individuais. 
O lance capital do jogo entre Corinthians e São Paulo aconteceu aos treze minutos do primeiro tempo, naquela bola que sobrou para o Emerson livre no meio da área e o chute só não entrou porque bateu num bolo de jogadores caídos quase na linha do gol e foi para escanteio. Dois a zero, ali, destruía o São Paulo e matava a partida. O resto a gente tá cansado de saber: começando o jogo daquele jeito, se você não mata, morre. Depois de vinte minutos apertado e assustado, o São Paulo soube pôr a bola no chão e foi muito bem. Lucas e Luís Fabiano são muito perigosos e o Corinthians se arriscou demais em sua aposta na linha do impedimento. Há muito tempo o Corinthians joga assim, e o bom uso da linha do impedimento ajudou o time a conquistar o Brasileirão do ano passado e a Libertadores desse ano. Portanto, nada a reclamar. Mas é preciso ficar esperto: Alessandro é um jogador com prazo de validade bem próximo do fim; Chicão é lento e há muito tempo tem sido salvo pela excelente dupla de volantes à sua frente. Perder um jogo ou outro por erro na aplicação da linha do impedimento é normal, e as conquistas recentes não dão ao torcedor corintiano o direito de reclamar, mas é bom começar a pensar em outra opção. 
O Campeonato Brasileiro é mesmo sensacional, mas esse ano ele tem apresentado um certo surrealismo. Semana passada tivemos o inacreditável gol validado mesmo com três lances consecutivos de impedimento. Ontem, acreditem, Leandro Guerreiro do Cruzeiro e Bernard do Atlético Mineiro foram expulsos depois de uma briga por causa de um pedaço de bolo. Juro. No futebol, volta e meia a gente fala que “aquele foi um jogo brigado”. Cruzeiro e Atlético foi uma briga jogada. Tenso toda vida, todo mundo chegando junto o tempo todo, e a torcida cruzeirense lembrando os mais complicados instantes da Libertadores. Em certo momento, se lixando para uma possível punição do clube quanto a mandos de campo futuros, os caras começaram a atirar coisas no gramado. Além de um monte de copinhos de água, teve relógio, celular e até um pedaço de bolo. Assim que a guloseima pousou ao lado da linha lateral, Bernard correu para recolhê-la, a fim de entregá-la ao juiz e pressioná-lo. Mas Leandro Guerreiro se antecipou e pisou na apetitosa fatia, destruindoa-a em pedaços. Um caiu por cima do outro, os dois se embolaram, foram separados e, sem se dar por vencido, Bernard ainda saiu catando as migalhas, para oferecê-las ao quarto árbitro. 
Uma rodada de gols bonitos. O primeiro gol do Fluminense contra o Vasco foi uma jogada coletiva muito bem construída. Uma aula de contra-ataque, coisa pra quem gosta de futebol bem jogado. Todo mundo esperando o lance ser armado para a conclusão do Fred e em nenhum momento ele tocou na bola, mas teve muita importância pela movimentação. E a conclusão de Thiago Neves acabou saindo no melhor estilo Bebeto. Golaço. Os dois gols de Luís Fabiano foram bem bacanas, mas eu ainda prefiro o primeiro. (No segundo, acho que ele esticou demais a bola na meia-lua em cima do Cássio e ficou meio sem-jeito para concluir. Deu sorte por ninguém do Corinthians ter chegado a tempo – a tal lentidão que eu falei aí em cima.) Mas no primeiro gol a jogada do Lucas foi perfeita e a conclusão foi de uma precisão admirável. Conheço dezenas de atacantes que, naquela situação, teriam dado uma pancada sem olhar, com grande chance de consagrar o goleiro. O chute de Leonardo Silva no primeiro gol do Atlético contra o Cruzeiro foi difícil e supreendente, e o gol de Ronaldinho foi maravilhoso, dominando na linha do meio-campo, arrancando em velocidade e terminando com um corte seco e a bola conscientemente rolada fora do alcance do goleiro. Lembrou Barcelona. 
Semana passada, Tite e Paulo André reclamaram muito de Neymar. Falaram que ele simula faltas o tempo inteiro, que se joga demais, que provoca desnecessariamente, e Tite chegou a dizer que “Neymar é um mau exemplo para o meu filho” – filho lá dele, Tite. Concordo com tudo, menos com essa bobagem referente ao exemplo pro filho, mas fiquei sem entender uma coisa: Tite é técnico do Corinthians e Paulo André é zagueiro do Corinthians. Em que time joga o Jorge Henrique? 
Andei ouvindo por aí que a Fifa finalmente confirmou o Palmeiras como campeão mundial de 1951. O Palmeiras é o único time de futebol do mundo que, quanto mais perde, mais títulos conquista.

5 comentários:

  1. Você assistiu a São Paulo x Corinthians e o São Paulo ganhou? .................!!!???###***

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  2. Jaime, da vaca e tudo,27 de agosto de 2012 às 13:29

    viu os 10 primeiros minutos, sem mudar de canal. depois ele ficou zapeando. adivinha se os gols do São Paulo não saíram qdo ele tava vendo o mengão?
    qto ao jogo, zagueiro tem q dar bumba pra frente. com aquelas cinturas de paralelepipedo, esperar o atacante chegar pra dar drible seco acontece oq aconteceu. ainda mais qdo se está com um quilo de bosta dentro do calção. chapéu então... jesus. tem q avisar o rhodholfho q ele é ruim. mesmo assim, tá blz. festa no municipal. muuuuuuuuu.

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  3. Valois:
    Não, claro que não. Jaime Agostini me fez ameaças terríveis e eu, que não sou bobo nem nada, no mesmo horário fiquei vendo o Negueba desfilar o seu imenso repertório de jogadas de pelada pelo exemplar gramado do Engenhão. Mas botei Corinthians x São Paulo pra gravar e vi mais tarde, quando a casa já dormia. O jogo foi bom à beça.
    Abraço.

    Jaime:
    Toda razão. Zagueiro que não se assume como zagueiro acaba entregando o ouro. Dedé, por exemplo, é mesmo muito bom, mas foi só acreditar que é muito bom pra começar a vacilar. No outro domingo, contra o Flamengo, já ia entregando a rapadura numa bola boba, boba. Se zagueiro fosse craque não ia jogar de zagueiro, certo?
    Abraço.

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  4. Murta...sensacional sua narrativa do bolo....de chorar de rir. Aliás vc. se superou...tudo excelente...em todos os comentários. Essa do Palmeiras foi ótima.
    Jaime...de boa né...rss...o mundo tá pra acabar mesmo!!! Nós ganhamos a Libertadores e vcs. ganharam da gente!!! rssss...Abraço meu velho.

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  5. Luiz Eduardo:
    É nisso que dá ganhar a Libertadores. O cara passa a achar tudo lindo, tudo maravilhoso, a vida é uma festa, delícia total.
    Valeu, meu camarada. Grande abraço.

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