quinta-feira, 17 de maio de 2012

O gol average é minha esperança. 
Nenhum de vocês é dessa época, mas já houve um tempo em que o gol average servia como critério de desempate. Era aplicado em campeonatos longos ou em fases classificatórias, como as fases de grupos da Copa do Mundo, da Libertadores etc. Funcionava assim: quando havia empate em número de pontos e em saldo de gols, dividia-se o número de gols marcados pelo número de gols sofridos. 
Passemos ao quadro-negro (se o leitor for do Rio) ou à lousa (se for de São Paulo). Vamos supor que, numa fase de grupos da Libertadores, Cruzeiro e Grêmio terminem juntos em segundo lugar, com o mesmo número de pontos e o mesmo saldo. Só que o Cruzeiro fez nove gols e sofreu cinco, enquanto o Grêmio fez sete e sofreu três. O gol average do Cruzeiro seria de 1,8, enquanto o do Grêmio seria de 2,3. Portanto, Grêmio classificado. Demorou, porque esses caras só são rápidos pra ganhar dinheiro, mas um dia a Fifa percebeu que esse critério incentivava o futebol defensivo – já que seria sempre mais negócio fazer e levar menos gols – e acabou com a esquisitice. 
Assim como o gol average foi abandonado, tenho a esperança de que um dia aconteça o mesmo com esse esdrúxulo critério do “gol fora vale dois”. Uma das regras básicas do futebol é a que determina que todo gol vale a mesma coisa. Feio ou bonito, de canela ou de bicicleta, gol é gol. Nenhum vale mais que o outro e fim de papo. 
Já tentaram me convencer que o critério obriga os visitantes a ser mais ofensivos, porque fazer gol fora vale muito. Tá bom. Quem viu os jogos, me responda: por acaso o Corinthians foi ofensivo contra o Emelec lá no Equador? O Fluminense foi ofensivo contra o Inter em Porto Alegre? Pelo contrário: tenho visto os times da casa cada vez mais cautelosos, porque tomar gol em casa virou a morte. 
Vou repetir o que já escrevi aqui há muito tempo: o critério do gol fora de casa é tão ruim, mas tão ruim, que na final da Libertadores ele é abandonado. É como se os caras dissessem: bom, até aqui foi só brincadeirinha, mas agora que chegou a hora da verdade, teremos prorrogação. 
Gol fora de casa valer dois é tão absurdo quanto definir o ganhador por causa do zagueiro com o penteado mais exótico ou do atacante que comete menos erros de concordância na entrevista coletiva. 
Vasco e Corinthians foi um jogo razoável. Teria sido bem melhor se não fosse essa maldita aberração do gol fora de casa.

Um comentário:

  1. Absurdo e jogar num gramado daquele num estadio pra 20mil pessoas em uma semifinal de Libertadores.... Torneio de merda

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