sexta-feira, 9 de março de 2012

O Corinthians e Al Gore. O Flamengo e Caetano. O Fluminense e a grande vitória.
A última vez em que o Corinthians jogou bem, de verdade, foi na vigésima-oitava rodada do Brasileirão, na vitória de três a zero sobre o Atlético Goianiense. O time foi mal nas dez últimas partidas do campeonato e contou com imperdoáveis vacilos do Vasco para garantir o título. Pensei nisso quando – sem ter visto o jogo, faço a ressalva – li alguns comentários sobre Corinthians x Nacional do Paraguai. Comecei a matutar, lembrei de todas as vitórias magras e no sufoco, da solidez defensiva, da importância dos volantes, e estava pronto para escrever um post defendendo a tese de que o futebol do Corinthians está cada vez mais parecido com o bem-sucedido mas chatíssimo futebol do São Paulo de Muricy. (Quer dizer, bem-sucedido em termos: uma das razões do ódio mortal do Jaime Agostini pelo Muricy está nos fracassos são-paulinos na Libertadores sob a direção dele. E como a Libertadores é, justamente, a ambição maior dos corintianos, será que aquele é o melhor exemplo a ser seguido?) Ocorre que, ontem, Vitor Birner publicou no UOL, sob o título “Corinthians de Tite lembra o São Paulo de Muricy”, um post falando exatamente isso. Como eu sou um bosta e o Vitor Birner é o Vitor Birner, tirei meu time de campo. Mas tá tudo lá. Para os corintianos, pode ser que esta seja uma verdade inconveniente (thanks, Mr. Gore), mas o fato é que o time está cada vez mais parecido com aquele São Paulo de futebol tedioso, títulos nacionais e fracassos na Libertadores. Não vejo nada de errado nisso. Só que os corintianos precisam decidir qual é sua real prioridade.
Caetano compôs, há algum tempo, um rap chamado “Americanos”, em que ele fala “Americanos sentem / Que algo se perdeu / Algo se quebrou / Está se quebrando”. No futebol a gente saca que algo se perdeu, algo se quebrou e está se quebrando quando o Ronaldinho Gaúcho está em campo, há uma falta na entrada da área e a torcida grita em coro o nome do Bottinelli. Tenho a impressão de que o problema do Ronaldinho é menos o que ele vem jogando e mais o quanto ele custa. Se Ronaldinho ganhasse o que ganha um bom jogador do futebol brasileiro, a relação custo-benefício estaria mais ou menos equilibrada. Só que, tirando o Neymar, ele ganha muito mais que todo mundo. E hoje há pelo menos dez caras – Léo Moura, Vágner Love, Deco, Wellington Nem, Dedé, Juninho, Ganso, Paulinho, Oscar e Leandro Damião, pra falar só de quem está na Libertadores – jogando mais que ele. Todas as vitórias no futebol valem três pontos, mas nem todas são iguais. Às vezes você joga muito bem e ganha, às vezes você joga muito mal e ganha, às vezes você faz um jogo pau a pau e ganha. Ontem o Flamengo ganhou jogando de forma tenebrosa. Teve o gol do Vágner Love, numa tabela curta com Ronaldinho, e dois bons chutes de fora da área, um do Deivid e outro do Bottinelli, em que o goleiro deu rebote e o assombroso Negueba fez a fineza de perder. Isso foi tudo, contra um time equatoriano que jogou o segundo tempo inteiro com um a menos. Se o Flamengo passar da primeira fase, já vai estar no lucro.
A vitória do Fluminense na Bombonera tem um peso muito maior do que aparenta, e ajuda todos os outros clubes brasileiros na Libertadores. Pouco interferiu na classificação – mesmo se perdesse, o Flu não teria maiores problemas pra ficar com uma das duas vagas de seu fracote grupo –, mas pôs pra correr um suposto bicho-papão. Não vou bater de frente com a história e dizer que jogar lá é fácil, óbvio que não é, mas ficou claro que a invencibilidade do Boca (trinta e seis jogos) tem algum parentesco com a do Palmeiras (dezessete): ambas se devem mais à fraqueza de Banfields, Racings, Catanduvenses, Ituanos e que tais do que propriamente à força dos dois times. Fora o clima e a mística da Bombonera, só o que preocupa nesse Boca que está aí é o Riquelme, e como eu implico com o Riquelme – assunto para outro possível post –, não vi nada demais no time. As vantagens para os outros clubes brasileiros são duas: a primeira é que, conforme escrevi no post publicado em 8 de fevereiro, todos nós morremos de medo do Boca, e com a derrota para o Flu em casa somada ao empate na Venezuela com o Zamora, o time periga até não passar à próxima fase. É difícil, mas pode acontecer. A outra vantagem é que, mesmo que o Boca se classifique, o jogo de anteontem mostrou que ganhar na casa deles não chega a ser um bicho de sete cabeças. Basta parar de tremer e jogar bola, como fizeram, por exemplo, Wellington Nem e Deco.

2 comentários:

  1. Jaime, pondo um ponto final no assuto,9 de março de 2012 às 06:46

    murta, são 4 fracassos em libertadores, 4 fracassos em sulamirandas, 4 fracassos em paulistas e 1 fracasso em recopa. se a matemática não mudou, 13>3. portanto ele perdeu muito mais que ganhou no SPFC. já o telê ganhou 11 títulos (2 mundiais, 2 libertadores, 1 supercopa, 2 recopas, 1 conmebol, 1 brasileiro e 2 paulistas), ou seja, TUDO o que disputou e perdeu só 5. isso é técnico vitorioso. encerrado o assunto passagemdofilhodumaputapeloSãoPaulo. e o lucas, hein? essa proposta milionária da europa que não chega...

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  2. Jaime,

    Não que eu queira comparar, mas propor não custa nada: eu te ajudo com o Lucas, você me ajuda com o Negueba. Fechou?
    Declaro aberta a campanha "Mais 2 na Ucrânia, Já".

    Abração.

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