A enganação chegando ao fim.
Logo que saiu da presidência do Corinthians, Andrés Sánchez disse que a Libertadores não o preocupava mais, por ter certeza de que até 2014 ou 2015, no máximo, o clube será campeão. A bravata faz sentido. O Corinthians se organizou, se equilibrou, vem montando elencos cada vez mais fortes e, acima de tudo, a sequência de participações no torneio vai deixando o time mais cascudo e ensinando a disputá-lo. Cada competição tem seu jeitão especial, e a Libertadores é uma das mais peculiares. Quem não entender isso, dança.
É evidente que o Flamengo não sabe jogar Libertadores. Por isso foi eliminado por times mais fracos em 2007, em 2008 e provavelmente será agora em 2012. (A exceção foi 2010, na eliminação para a Universidad de Chile. Na ocasião o Flamengo estava ainda mais bagunçado do que o usual e o adversário era melhor mesmo.) Ainda dá para o Flamengo se classificar? Sim. Tem um jogo fora de casa com o time mais fraco do grupo e depois decide no Engenhão, enquanto Lanus e Olimpia terão que se pegar. Mas não acho que seja essa a questão mais importante.
Semana passada, quando terminou o jogo entre Emelec e Lanus, no Equador, com a vitória do Lanus por dois a zero, fiz uma continha rápida e vi que o resultado fora ruim para o Flamengo. O ideal seria o empate, e se alguém tivesse que vencer, seria melhor o Emelec. Mas rapidamente corrigi a mim mesmo e pensei: quer saber? Time que fica fazendo conta na primeira fase da Libertadores tem mais é que cair fora.
Não compactuo com essa onda de que é preciso se classificar a qualquer custo pra Libertadores. Isso vale para o Figueirense e o Goiás. Passar da primeira fase tem que ser motivo de festa para o Deportivo Táchira e o Juan Aurich. Mas clube grande tem que partir do princípio de que só é importante ir pra Libertadores se tiver time pra brigar. Do contrário é melhor nem entrar, reconhecer as deficiências e batalhar para corrigi-las.
Vendo, nas últimas rodadas do Brasileirão do ano passado, aquele bando rubro-negro garantir a vaga na Libertadores sabe Deus como, eu não conseguia enxergar qual era o objetivo e aonde aquilo ia chegar. Ou alguém, em sã consciência, acha possível ganhar a competição com o David Braz na zaga?
É claro que, nesses torneios divididos em fases, o que acontece numa fase não tem a menor interferência no que ocorre nas outras. E o maior exemplo disso será sempre o da seleção italiana de oitenta e dois. Depois de uma primeira fase de chorar, em que empatou os três jogos (Polônia, Peru e Camarões) e só foi adiante por ter feito um gol a mais que Camarões, a Itália ganhou a Copa derrotando, seguidamente, a ótima seleção argentina, a fantástica seleção brasileira, a Polônia e a Alemanha.
Outro dia o Riquelme declarou que a Libertadores começa de verdade no mata-mata. Ao que tudo indica, menos para o Flamengo.