quinta-feira, 14 de junho de 2012

Não foi só na Vila Belmiro: ontem também faltou luz na cabeça do Muricy. 
Tava na cara. Salvo raríssimas exceções, o primeiro jogo de um mata-mata entre dois times bons e equilibrados é sempre parecido com o de ontem, e termina zero a zero, um a um, um a zero para um lado ou um a zero para o outro. Nada se resolve e a parada fica pra ser decidida no jogo de volta. Neymar tentou muito mas pouco fez, e se o Ganso não estivesse em campo a gente poderia pensar que aquele time era o Flamengo ou o Palmeiras vestido de branco. 
Quando Deivid perdeu o famoso gol contra o Vasco, meu amigo Valois perguntou, aqui na caixa de comentários, se aquilo não era motivo pra demissão por justa causa. Outro amigo, o Jaime, é ainda mais radical e defende até a morte, tal e qual um Diderot da bola, o direito das torcidas espancarem jogadores displicentes e mimados. Pensei nesses dois amigos ontem, enquanto via o Elano jogar. O cara está na semifinal da Libertadores, clássico regional, tremenda expectativa, mas se encosta na lateral do campo, se esconde do jogo com um desinteresse absoluto e não acerta um passe. Ridículo. Justa causa. Espancamento liberado. Se bem que Elano deve estar certo e eu errado: enquanto eu pensava no Valois e no Jaime, provavelmente ele estava pensando na Nívea Stelmann. 
A partir de sua campanha de retorno à primeira divisão, em dois mil e oito, o Corinthians tem montado times com volantes e segundos volantes muito bons. Cristian, Elias, Jucilei, Ralf. Mas o melhor de todos é, disparado, o Paulinho, talvez o mais moderno e eficiente jogador do atual futebol brasileiro. Paulinho não é craque e nunca vai ser, mas foi o cara mais importante na conquista do Brasileirão do ano passado e tem sido o melhor do time na Libertadores. 
Aproveitando que citei o Jaime aí em cima, continuo com a fera. Ontem, durante o jogo ele me mandou mensagem ironizando as variações táticas do Santos. Realmente, o esquema é muito claro: dá no Neymar que ele resolve. No dia em que ele não resolver, roça. Disse várias vezes e repito quantas forem necessárias: técnico não ganha jogo, mas ajuda a perder. Muricy ontem fez um monte de besteiras. Escalar Henrique na lateral direita é uma bobagem inadmissível. Henrique é um segundo volante dinâmico, que corre e marca no campo todo, sai razoavelmente bem com a bola, dificulta a articulação do adversário e dá opção de jogo. Na lateral direita, Henrique não é nada. Se a vontade que o Elano está de jogar é aquela, foi um erro ter liberado o Ibson na reta final da competição. E Alan Kardec é o fim da picada. Mas Muricy é um desses treinadores que nunca viu o Barcelona jogar e não admite entrar em campo sem um centroavante grande e ruim. Óbvio: neguinho cruza, a bola vai na cabeça dele, o cara põe pra dentro. Mas em nome dessa possibilidade, o time passa o resto do jogo atravancado. Muricy ontem se superou e fez tudo que um técnico pode fazer para ajudar seu time a perder. 
Estava querendo falar alguma coisa sobre a Eurocopa, mas o horário dos jogos e as demandas aqui na agência não têm permitido. Além disso, ando meio ressabiado: como falar de um torneio em que a seleção alemã tem um artilheiro chamado Mario Gomez, um goleiro chamado Manuel e um treinador chamado Joaquim?

3 comentários:

  1. é isso aí murta. e sabe pq ele gosta de um centroavante grandão dentro da área? pq a única jogada q esse bosta desse técnico conhece é chuveirinho. a sorte dele é q toda imprensa tá falando q o neymar tá cansado e não das cagadas q ele fez. no segundo tempo eu assisti grêmio e palmeiras. o palmeiras assumiu esse papo de time pequeno, jogou na retranca e no pega-ratão meteu 2 gols. se bem q o grêmio pegava a bola e ficava tocando de lado (conheço um outro time tricolor q tb tá na semi da copa do brasil q joga assim). só não dá pra falar q pro grêmio já era, pq palmeiras é palmeiras, né? hj tem meu time. q o lucas não jogue como o elano. coisa que já vi ele fazer isso muitas vezes.

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  2. Teus como sempre maravilhosos Muritinho, mas então o Corinthians não ganhou a partida, o Santos que perdeu? Pois no texto não tem nenhuma citação da boa marcação que o Corinthians inseri na partida, sobre tudo em cima do Neymar, e por zona.

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  3. Rodney, o Magalha fez a mesma reclamação, pessoalmente, durante o almoço. Você e ele têm uma certa razão, mas me defendo com dois argumentos.
    Primeiro: o que vocês reclamam está, talvez de forma exageradamente sutil, nas entrelinhas dos elogios ao Paulinho. Segundo: o Corinthians tem jogado assim há muito tempo - mesmo quando não joga bem, é aplicado -, e já escrevi sobre isso várias vezes. Ocorre que eu sempre tento, aqui nos posts do blog, apresentar uma visão um pouco diferente do que a gente vê na mídia. Para encher a bola da aplicação tática do Corinthians, basta entrar no UOL, no Terra, no Lancenet e ler qualquer uma daquelas obviedades lá.
    Achei que, hoje, um bom caminho era questionar um dos queridinhos da imprensa futebolística - o senhor Muricy. Daí o jeitão que o post acabou saindo. Mas é claro que os méritos do Corinthians no jogo de ontem foram imensos.
    Abraço.

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