quinta-feira, 21 de junho de 2012

Classificação à la Nélson Rodrigues. 
Ontem de manhã, aqui na agência, o diretor de mídia e são-paulino Manoel Neto chegou junto: “Murta, e hoje, quem leva, Santos ou Corinthians? Mas não dá uma de comentarista não. Quem leva?” Gaguejei, tentei escapulir, mas não houve jeito e mandei: se eu fosse obrigado a apostar em um dos dois, apostaria no Corinthians pela vantagem do empate. 
A gente adquiriu o estranho hábito de desconsiderar a vantagem do empate, por julgá-la traiçoeira – e é. Jogar unicamente em função do empate é suicídio, mas ter essa possibilidade a favor é um privilégio, até por facilitar a estratégia do jogo. 
O Corinthians deu sorte em empatar a partida logo no comecinho do segundo tempo, mas não é errado afirmar que deu azar em levar o gol na única jogada de perigo que o Santos conseguiu armar. Semifinal de Libertadores tem que ser jogo pegado, com muita marcação e poucas chances, mas é inadmissível querer chegar à decisão criando apenas uma oportunidade de gol em noventa minutos. E foi isso que o Santos fez, sem forçar o jogo, sem trabalhar a bola, sem envolver. No segundo tempo, houve lançamento longo do Edu Dracena para o Juan. Quer dizer, tudo errado. 
Só que aí entra a mesma questão que surgiu na semana passada: foi o Santos que não jogou ou foi o Corinthians que não deixou o Santos jogar? Magalha e Rodney têm razão. O Corinthians marcou com muita firmeza e concentração, e os melhores foram os de sempre: Paulinho, Ralf e o surpreendente Leandro Castán, que contrariando todas as expectativas de quando assumiu a quarta-zaga no lugar do ex-capitão William, virou um dos poucos bons zagueiros que temos aqui. No Santos, ninguém jogou nada e só dá pra livrar a cara do goleiro Rafael pela defesa na cabeçada do Jorge Henrique, no finalzinho do primeiro tempo. Como meti o pau no Muricy depois do primeiro jogo, acho desnecessário repetir a ladainha hoje. Mas alguém consegue enxergar alguma coisa parecida com trabalho de treinador nesse time do Santos? 
Entretanto, creio que há algo ainda mais importante que tudo isso. Outro dia, eu e Gobato fomos a uma palestra sobre a atuação de Nélson Rodrigues como cronista esportivo, e uma das coisas ditas pelo Ruy Castro foi que Nélson se lixava para a estratégia, a tática, coisas do gênero. O que apaixonava Nélson era a alma do jogo. O Santos cometeu um erro fatal: ao não conseguir impor seu padrão técnico, deixou que a semifinal fosse decidida apenas com o coração. E nesse quesito é muito difícil ganhar do time do Corinthians.
Certas curiosidades só acontecem no futebol brasileiro. Mais do que boas arbitragens, as primeiras atuações de Leandro Vuaden representaram uma grande esperança pra quem gosta de futebol sem frescura, com choque, zagueiro chegando, atacante malicioso e tal. Do jeito que o jogo é. O cara se destaca justamente por apitar desse jeito, é reconhecido, ganha prestígio e isso o leva a ser indicado para apitar a semifinal da Libertadores. Aí, pronto: o jogo começa e o cara marca falta até em aperto de mão. Não dá pra entender.
Ainda na mesma conversa de ontem com o Mané (é assim que o Manoel Neto lá do primeiro parágrafo é conhecido), alertei quanto às dificuldades que o time dele teria em Curitiba. Ao contrário do São Paulo, que obviamente tem jogadores melhores mas é instável, o Coritiba é acertado e rápido, joga junto e do mesmo jeito há mais de um ano, é difícil de ser derrotado em qualquer lugar e cresce demais em casa, sobretudo numa competição como a Copa do Brasil – a grande esperança dos times médios brasileiros. O São Paulo precisa achar um rumo.

7 comentários:

  1. enquanto existirem manés preocupados com o jogo dos outros, no dia q seu time disputa uma semifinal, o SPFC vai continuar essa merda que tá.

    ResponderExcluir
  2. Jaime.. o Mané prefere odiar ao Corinthians do q torcer pro São Paulo... o São Paulo é só uma desculpa pra gostar de futebol.... ontem o Muricy perdeu definitivamente a briga pro Jaime...

    ResponderExcluir
  3. Concordo plenamente com seu texto, Murta. Acho que o mérito foi do Corinthians, com sua marcação eficaz. Mas, claro, que é mais legal pra concorrência dizer que foi o Santos que não jogou e deixou o caminho mais fácil pro Corinthians.

    ResponderExcluir
  4. Esse Nélson Rodrigues sabia ver um jogo de futebol!
    PS: Murta, manda trocar a tipologia pra eu poder provar que não sou um robô. Caraca!

    ResponderExcluir
  5. Jaime:
    Concordo em gênero, número e grau. A gente pode até torcer contra os outros, mas antes de mais nada a gente precisa torcer pelo time da gente.

    Magalha:
    Por falar em Muricy, e o Tite, hein? Já pensou se o cara ganha a Libertadores depois de ter faturado o Brasileirão, isso tudo com um time que o próprio Vice-presidente de Marketing do clube diz que é medíocre? Técnico é isso, rapaz, o resto é conversa.

    Vanessa:
    Quanta honra ver você por aqui! Apareça mais vezes.

    Valois:
    Aguarde. Vem aí a promoção "Acerte a próxima vez em que o Flamengo vai jogar bem e ganhe um óculos."

    Abraços em todos. Pra você, Vanessa, beijo grande.

    ResponderExcluir
  6. Murta, não postei nada ontem por estar em estado líquido...rsss. Acho que estou ficando velho para ficar não nervoso.
    Parabéns pelos seus comentários e transmita meus parabéns ao Jaime. Existe mais preocupação em "secar" o Corinthians do que torcer para o próprio time em uma semi-final de Copa do Brasil. Taí um cara honesto....o Jaime. Tem muita gente que prefere que o Corinthians não ganhe a Libertadores a ver seu "time de coração" ganhando um título.
    Quando nos conhecemos nas bodas de outro do Flavio e Zuleida disse a você que, aqui em São Paulo a Libertadores tinha mais valor pelo fato de o Corinthians não tê-la ganho. É aquele velho e único argumento, eu tenho e você não tem. Será muito difícil, vamos pegar o time mais tinhoso da América do Sul, mas tenho fé. Se ganharmos, gostaria de saber qual será o argumento contra o Corinthians.
    Não gosto de falar dos adversários e até dos jogadores dos times adversários, mas tenho que colocar uma pergunta no ar.....O Neycórrego é tudo isso mesmo? Não vi este garoto destruir zagas de seleções principais, contra o Velez não andou em campo e contra o Corinthians cavou a expulsão do Emerson e fez um gol de rebote. Acho que o garoto joga muito, mas será que joga tudo isso que a imprensa diz, escreve e fala? O Jaime cansou de avisar sobre o Muricy e o Santos achou que já estava na final.
    Abraços.

    ResponderExcluir
  7. Correção...rsss...bodas de ouro..

    ResponderExcluir