Jorge Murtinho FC

Não me lembro de uma última rodada da fase de grupos tão empolgante na Libertadores.

Apesar de, ontem à tarde, o grande Paulo Asano ter me convencido que o vôlei merece ser idolatrado, à noite o futebol deu mais uma prova de que é inigualável. Mesmo que os times envolvidos não sejam lá grandes coisas. 

Lanús e Emelec, os dois classificados no grupo 2, não devem ir muito longe na Libertadores. E caso tivessem passado, Flamengo e Olimpia também teriam vida curta. Entretanto, a definição do grupo foi sensacional. Como achava a vitória do Olimpia uma barbada, eu nunca acreditei que o Flamengo pudesse se classificar – a não ser, óbvio, aos quarenta e seis do segundo tempo, quando o jogo em Assunção ficou dois a dois. Ganhar do Lanús no Engenhão não seria tão difícil, porque os times argentinos disputam a Libertadores de forma cirúrgica. Eles vão ganhá-la cada vez menos, já que a tendência é o futebol brasileiro dominar a competição, mas certamente continuarão jogando do mesmo jeito. Pra eles pouco importa ser primeiro ou segundo na fase de grupos, pouco importa essa papagaiada de cem por cento, pouco importa ter o ataque mais positivo ou a defesa menos vazada. O objetivo deles é ir pulando de fase em fase, e pensam exclusivamente na fase que estão disputando. Tranquilo e classificado, era provável que o Lanús não desse a menor bola pro jogo com o Flamengo. 

Mas o favorito disparado à segunda vaga era mesmo o Olimpia, que tinha vencido seus dois jogos em casa, enquanto o Emelec perdera os dois fora. Foi uma surpresa e tanto. E os três gols marcados a partir dos quarenta e dois do segundo tempo – o primeiro dando a vaga ao Emelec, o segundo dando a vaga ao Flamengo, o terceiro dando a vaga definitivamente ao Emelec – deixam um certo tom épico à conquista da vaga pelo time equatoriano. 

Meu amigo Paulo Asano: reconheço a força do seu argumento, mas futebol é futebol.