segunda-feira, 9 de abril de 2012

A ditadura da bola aérea.
Tem gente que gosta de tênis. Há gosto pra tudo. E entre as pessoas que gostam de tênis, já vi muitas preocupadas com a possibilidade de, em cinco ou dez anos, o jogo se transformar em mera disputa de saques. Não sei se a hipótese faz sentido, porque existe aí uma relação semelhante àquela entre os criadores de dispositivos antifurtos e os ladrões. Quanto mais sofisticados os dispositivos, mais os vigaristas apuram suas técnicas para desarmá-los. Imagino que, no tênis, a velocidade do saque sirva para aprimorar o modo de recebê-lo. 
Mas o que interessa, aqui, é que temos visto algo parecido no futebol. Se olharmos os últimos sete dias, com os dois gols do Rhodolfo, do São Paulo, contra o Ituano, o do Casemiro contra o Mogi-MIrim, os dois do Leandro Amaro, do Palmeiras, contra o Horizonte, etc etc etc, não me parece absurdo pensar que, em cinco ou dez anos, as partidas de futebol se decidirão única e exclusivamente por bolas paradas levantadas na área. 
Eu lembro que, antigamente, pôr uma bola para escanteio era uma alternativa defensiva. Hoje não é mais – o que talvez explique a quantidade de bolas que nossos goleiros andam rebatendo para o meio da área. Escanteio, nem pensar. O mesmo vale para as faltas na intermediária. Já houve um tempo em que era quase proibido cobrar essas faltas direto para a área: prevalecia a tese de que, por estar de frente pra bola, a zaga sempre levava vantagem. Hoje, falta na intermediária é meio gol. 
Creio que duas coisas explicam essas mudanças. Primeira: tem havido um aperfeiçoamento constante no jeito de bater na bola, o que pode transformar jogadores medianos – como o Marcos Assunção e o Andrezinho, por exemplo – em caras perigosíssimos. Segunda: me parece indiscutível que a qualidade do nosso jogo andou pra trás. A história já ficou famosa: os ingleses inventaram o futebol, ensinaram pra todo mundo, e aí desaprenderam como se faz. No que desaprenderam, passaram a levantar bolas na área, pra tentar fazer os gols que não conseguiam mais fazer trocando passes. O futebol brasileiro está ficando meio assim. 
O consolo é que, a cada gol de cabeça em bola parada que nossos times fazem, correspondem três ou quatro que o Barcelona marca com a bola rolando de pé em pé. Por isso, o slogan do Barça, “més que um club”, nunca foi tão preciso. Hoje o Barcelona é muito mais que um clube. Pra quem gosta de futebol, o Barcelona é esperança.

2 comentários:

  1. Jaime, cheio de razões para acreditar,9 de abril de 2012 às 08:25

    a cada gol de cabeça, o barcelona faz 3 ou 4 com a bola rolando. a cada gesticulada do boneco de posto o guardiola aplaude sua equipe. a cada jogo decisivo q o dagoberto pipoca, o messi é eleito melhor em campo. a cada bico que o domingos da na bola, o puyol sai jogando com o xavi. os bons ainda são a maioria.

    ResponderExcluir
  2. Cara tava vendo o jogo do Corinthians ontem e falei exatamente sobre esse assunto com meu tio... Hj qm sabe bater falta ta feito no futebol... teve duas ou 3 faltas frontais pro meu time e dai.. Fabio Santos e Willian foram bater... bem mais ou menos... lembro q em 90 ganhamos um Brasileiro na base das faltas do Neto... ja se passaram 12 anos e o futebol ainda nao migrou pra isso... acho q nunca vai.... mas se eu fosse um jogador mediano como willian e Fabio Santos ia pasar o dia todo batendo falta ate acertar.... #ficaDica

    ResponderExcluir