terça-feira, 18 de outubro de 2011

A empolgante e imperdível Copa do Mundo de Rugby. 
Quando Luciano do Valle começou a fazer toda aquela onda em torno do vôlei, alguns apressadinhos disseram que em pouco tempo o futebol seria ultrapassado como o esporte preferido dos brasileiros. Sarcástico como sempre, João Saldanha pedia calma à rapaziada e alertava que bastava um passeio de carro por qualquer várzea, nas manhãs de domingo, para constatar que o número de pessoas que jogavam futebol era infinitamente maior que o número de pessoas que assistiam ao vôlei, e comparar um com o outro chegava a ser covardia. 
O tempo passou, o vôlei brasileiro cresceu, a seleção masculina ganhou todos os campeonatos possíveis, a feminina ganhou alguns e amarelou na maioria, e a verdade é que, além daquela chatíssima torcida patrocinada pelo Banco do Brasil, quem mais vai a um ginásio ver vôlei? 
Bom. Fiquei curioso pra ver Nova Zelândia x Austrália, pela semifinal da Copa do Mundo de Rugby, depois de ler no twitter os comentários empolgados de alguns moderninhos. Vamos começar pelo haka, a coreografia com jeito de Village People que a seleção da Nova Zelândia executa antes das partidas. Quem viu “Invictus”, de Clint Eastwood, sabe do que estou falando. O que aparece ali, antes daquela final entre África do Sul e Nova Zelândia, não é uma liberdade cinematográfica do velho Clint: a seleção da Nova Zelândia realmente faz aquilo antes dos seus jogos. Juro. E pra quem não viu “Invictus”, eu explico. Imagine que Internacional e Bahia estejam em campo, prontos para decidir o Campeonato Brasileiro – como aconteceu em 1988. Aí, quando o juiz leva o apito à boca para autorizar o início da tão esperada decisão, os jogadores do Bahia começam a serpentear pelo gramado na levada do afoxé Filhos de Gandhi, enquanto, do outro lado, os do Inter dançam o vanerão. Haka é mais ou menos isso. Questões culturais. Sei. Acaba a dancinha, vamos pro jogo. 
A Nova Zelândia massacra a Austrália e o comentarista fala algo assim: “Se a Austrália não conseguir acertar a cobrança de lateral, não vai equilibrar a partida”. Como assim? A cobrança de lateral?! E tem início o festival de penalidades. Cansei de contar, mas acho que foram dez a favor do time da casa. É fato que o lugar de onde as penalidades são cobradas é meio esquisito, mas não tem barreira, não tem goleiro e o gol deve ser da altura de uma das ex-torres do World Trade Center. O cara vai lá, manda pra dentro e soma três pontos no placar. Quando eu penso que aquele gol do Neymar contra o Flamengo valeu um – depois de partir da lateral para o meio, passar por dois adversários, tabelar, dar um drible antológico no Ronaldo Angelim e encobrir o Felipe com um toque sutil –, acho que tem coisa errada ali. E no meio a muito cacete, narizes quebrados e bocas sangrando, nosso bravo comentarista declara que o time da Austrália é bastante habilidoso. É. Há que se ter uma habilidade danada pra jogar aquilo. 
Com a semifinal encerrada, fui dar uma olhada na internet e vi que, nessa Copa do Mundo, o jogo entre País de Gales e Fiji terminou 66 a 0, Inglaterra e Romênia foi 67 a 3, Nova Zelândia e Japão terminou 83 a 7, África do Sul e Namíbia foi 87 a 0. A Topper e a Talent que me desculpem, a campanha é genial, mas isso jamais vai ser grande no Brasil.

10 comentários:

  1. Murta!
    Vc sabe que sou assíduo frequentador do blog, mas nesse texto vc se superou meu amigo! Fantástico! E apesar de achar a tal Haka bem interessante, me matei de rir de imaginar o Bahia dançando o Afoxé dos Filhos de Gandhi antes de uma partida do Brasileirão!!!
    Que venham outros domingos chuvosos e textos divertidos como esse! Abraço!

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  2. Jaime. esporte é vida, pratique.18 de outubro de 2011 às 07:21

    porra! e vc falou q eu ia te xingar?! tá de parabéns. com todo respeito ao lucas e ao thomas, sou fã desses caras, do fafa lage e do psaud, mas pqp: acordar de madrugada pra ver esse jogo aí não dá. outra coisa que tb mobilizou o povo brasileiro foi a porra do curling, nos jogos de inverno. jogos de inverno! brasileiro comentarista de curling! gente aqui torcendo! pior. gente aqui cornetando as jogadas! e o vôlei... não fale do vôlei nesse blog. esportes exóticos tudo bem. mas volei nem como introdução de assunto. e tá rolando o pan, hein? haha. parece jogos escolares. só falta queimada. e ano q vem tem a merda da olimpíada. vem aí a "superação". é de cagar. olímpiada tinha q ser sempre no oriente. tipo a da china, pra passar só de madrugada. esporte é futebol, o resto é educação física.

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  3. Murta,
    Excelente texto. Me acabei de rir imaginando o Afoxé dos filhos de Gandhi! rs... esse Haka me remete a um monte de homens primitivos cabeludos fazendo o fogo pra comer a carne... esse "esporte" é muito estranho pra nós! quem sabe um dia aprenderemos a gostar! (ou não!) beijo

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  4. Vinicius, Jaime, Daniela:

    Domingo, acordem às quinze pras seis da manhã e não percam a grande decisão, entre Nova Zelândia e França. Uma boa oportunidade pra morrer de rir com o haka e para imaginar como é que pode uns franceses daquele tamanho fazendo biquinho pra falar je suis désolé, je ne regrette rien, ne me quitte pas, pipipi papapa. Nem combina.
    Mas preciso confessar que fiquei frustrado: achei que Lucas e Thomas fossem entrar aqui pra me esculachar e dizer que não entendi nada do jogo (o que é absolutamente verdadeiro), mas eles foram sábios e preferiram me ignorar. Mandaram bem.

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  5. Morri de rir Murta, mto bom!

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  6. Murta. Eu tava na África do Sul e vi como os caras lá gostam de rugby. É igual ao Brasil em época de Copa do Mundo, sem as decorações de rua. Um deles, uniformizado de verde e amarelo, me disse que prefere rugby ao futebol porque a torcida é menos violenta que a do futebol. A Mancha Verde do Palmeiras ganhava essa Copa fácil. O pau come....the cock eat, num inglês joelsantânico! Tive oportunidade de assistir a alguns compactos, já que não tinha muitas opções na TV. Zulu, Xhosa, Venda e Afrikaner, entre outras, são foda de entender. Mas tô a fim de dar um crédito pro Lucas e pro Thomas. Em que canal vai passar a final? Acho que os franceses, que não dançam can-can antes do jogo, vão apanhar dos All Blacks.
    Abraço!

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  7. Valois,

    Eu tô cada vez mais convencido de que o futebol só não é o esporte preferido nos países que não sabem jogar futebol. Aí, claro, neguinho corre pro basquete, pro beisebol, pro handebol, pro hóquei no gelo, pra bocha, pro curling. Que nem na escola, quando a gente é moleque.
    A Copa do Mundo de Rugby está sendo transmitida, ao vivo, pela ESPN, não me lembro se na nacional ou se na internacional. Pra quem tem Sky, canal 29 ou 30. Divirta-se.

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  8. Thomas, que ainda vai ser grande no Brasil19 de outubro de 2011 às 13:41

    Mestre, impossível ignorar um post seu, ainda mais quando fala sobre um esporte do qual eu entendo uns 2% (o que é mais do que 99,999% da população brasileira entende).
    Em suma, comecei a acompanhar o esporte esse ano e cortei um dobrado pra entender as regras. São bem complexas, também não entendia pq o desgraçado do juiz marcava penal a cada bolinho q os jogadores faziam. Porra, nego sai correndo, toma uma porrada do adversário e não é falta. Aí, nego se embola, um passa a mão na bunda do outro, pisa na orelha, etc. tudo bem. Mas ninguém tenta mesmo pegar a bola. Enfim, divago.
    O ponto é, é um esporte mega complexo, mas gostei muito de ver como funciona o jogo coletivo. Acho q o q mais me impressiona é o ritmo do jogo. Praticamente não para. Não é q nem futebol q nego fica tocando bolinha pro lado esperando o jogo acabar. E a porrada come o jogo todo.
    Quanto ao Haka, também sempre me perguntei pq os outros países também não o faziam (acho q só Fiji, Samoa e outras ilhotas do Pacífico fazem algo parecido) e fico imaginando. Fizéssemos no Brasil seria uma dança indígena da guerra qualquer. Nossos jogadores entrariam nus, com tinta vermelha no corpo e lanças (visão do inferno)?
    Ademais, acho que há algumas coisas interessantes no rugby q podemos aprender e tentar aplicar no futebol (alô fifa?). Por exemplo, o jogo não para pra atendimento médico. O sujeito tá estrebuchando no chão? Foda-se. Segue o jogo, mas os médicos entram em campo assim mesmo. Isso é quase equivalente a minha teoria de q jogador no chão é bola, caiu, pode chutar.
    Outra coisa, amarelo deixa o sujeito 10 minutos fora (acho q o hockey também tem algo parecido). Acho uma ideia interessante.
    Mais uma, o juiz pode recorrer ao video para decidir sobre lances duvidosos.
    Enfim, quem quiser conferir, de sábado para domingo, 6 horas da madruga, teremos os All Blacks massacrando novamente os Bleus (já houve o confronto na 1ª fase e terminou 37 a 17 para a Nova Zelândia).
    Agora, sabem quando eu vou jogar uma partida de rugby? Nunca. Preso muito por minha arcada dentária. Ou seja, muito provavelmente isso não vai ser grande no Brasil.

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  9. Sem réplica. Comentário autoirônico e irretocável.
    Abração, Thomas.

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  10. Ah... uma coisa que acho que o futebol podia importar do Rugby é aquela levantada do cara no ar na hora de apanhar a bola do aremesso lateral. Já imaginou: 45 do segundo tempo, 1x1, escanteio e o time se reune todo ao redor do atacante e levanta ele lá no terceiro andar para testar pra dentro do gol... Será que o juiz pode marcar alguma coisa? Algum time podia tentar...

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