segunda-feira, 22 de abril de 2013

O Henrique V do Morumbi. 
Circula com sucesso, no youtube, o rápido e empolgante discurso de Rogério Ceni na porta do vestiário, segundos antes do São Paulo entrar em campo contra o Atlético Mineiro. Virou moda: no mundo pós-internet, toda importante vitória futebolística é seguida por um vídeo emocionante postado logo após o jogo. O curioso é que a gente só vê os vídeos de quem vence. É bastante provável que o capitão do Huachipato tenha feito um discurso semelhante antes da partida com o Grêmio, só que isso ninguém nunca vai saber, porque o Huachipato foi eliminado. E será que Rogério não fez um discurso parecido em 2006, quando o São Paulo perdeu a final da Libertadores para o Inter? Ou em 2007, 2008, 2009 e 2010, quando foi eliminado por Grêmio, Fluminense, Cruzeiro e, novamente, Inter? O maior filósofo futebolístico da Praia de Botafogo, Neném Prancha, dizia que se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminava empatado. Com discurso motivacional é meio parecido. 
Não há competição mais surpreendente que a Libertadores. Mesmo depois de ter visto o Arsenal de Sarandi, o Sporting Cristal, o Deportes Iquique, o San José e o lendário Tolima, cada um pior que o outro, eis que na quinta-feira passada fui apresentado ao inacreditável Huachipato. Time sem talento algum, com um goleiro de fazer rir – como são desajeitados os goleiros da maioria dos times da Libertadores! – e que tem como única jogada ofensiva a bola aérea para um centroavante grandalhão e limitado, chamado Braian Rodriguez. Futebol é um negócio do qual ninguém pode dizer que entende. Gosta-se ou não. Acompanha-se mais ou menos. Mas entender, ninguém entende. Porque, entre outras coisas, é impossível entender como o Huachipato ganhou do Grêmio em Porto Alegre e empatou com o Fluminense no Rio, e como Braian Rodriguez foi o artilheiro dessa primeira fase da Libertadores. 
Vanderlei Luxemburgo, que certamente sabia por que estava apanhando, nos fez lembrar Diego Hypólito, que nos faz lembrar Arthur Zanetti, que ganhou medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres e agora ameaça competir por outro país. Apesar de ser vizinho em São Caetano – a cidade é tão pequena que aqui todo mundo é vizinho de todo mundo –, nunca tinha ouvido falar em Arthur Zanetti e sua ausência não vai interferir nos meus interesses esportivos. Mas pelo que li, vi e ouvi na última semana, sou capaz de apostar que nosso medalhista irá se estabelecer em Boston. Tem mais brasileiro em Boston do que argentino em Búzios.

2 comentários:

  1. É que esse lance de filmarem as preleções é algo recente que a equipe do são paulo começou a fazer, de uns 2 anos pra cá. Senão, com certeza teriam vídeos sim circulando por aí das eliminações do São Paulo dos anos que você citou.
    Mas falando de conquistas (que é mais a praia do tricolor): Da mesma forma, não existem (ou são raros e inacessiveis) os vídeos das preleções do rogério na conquista do tri da libertadores 2005, do mundial de clubes, ou do tricampeonato brasileiro. Mas com certeza, houve nestas ocasiões um discurso tão ou mais emocionante do do que o do jogo contra o Atletico.

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  2. Ou seja, você concorda comigo: não é o discurso que faz ganhar ou perder. Futebol é bola na rede, o resto é conversa fiada. E isso vale pra qualquer um. O Flamengo tem um vídeo com um discurso empolgante (em português, diga-se) do bilíngue Joel Santana, quando o time foi campeão carioca. Menos de uma semana depois, o Flamengo foi bisonhamente eliminado da Libertadores pelo América do México, no Maracanã. Você acha que alguém postou algum vídeo no youtube com a preleção do Joel? Abraço.

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