quinta-feira, 11 de abril de 2013

Jogador de futebol não é barata. 
Quando trabalhei pela segunda vez na Provarejo, uma agência de propaganda maravilhosa que respondia pela conta da finada Mesbla, fiz dupla com um diretor de arte tão talentoso quanto impaciente, Guilherme Tôrres. Belo dia, um redator que trabalhara com o Guilherme e tinha virado diretor de criação em outra agência ligou pra ele, atrás de indicações de nomes para a direção de arte. Guilherme citou três ou quatro caras que ele julgava competentes e ouviu a resposta que o tirou do sério: ah, legal, mas eu tava pensando em alguém com mais bagagem. Atolado de serviço, Guilherme foi curto e grosso: “Olha só, ô Fulano, se é assim, por que você não aproveita a hora do almoço e dá um pulo na rodoviária Novo Rio? Lá tá cheio de gente com um monte de bagagem.” 
Modismos no futebol, como todos os modismos, são sempre irritantes. Encaixar a marcação, o time vem numa crescente, ele tem uma boa leitura do jogo. Saco. Outra coisa que está na moda é essa idiotice de “jogador cascudo”. O cara não é mais contratado por jogar bola, e sim por ser cascudo. Principalmente quando o objetivo é a disputa da Libertadores, um torneio para cascudos. Luís Fabiano é cascudo, faz uma bobagem atrás da outra e deixa o São Paulo na mão quando o time mais precisa dele. Deivid é cascudo e se transformou no centroavante que mais irritou a torcida do Flamengo, pelo menos nos últimos dez anos. O Palmeiras foi rebaixado com os volantes Corrêa e Marcos Assunção, o lateral-esquerdo Leandro, o meia Valdívia, um monte de cascudos. O Seedorf ainda consegue encantar no Botafogo porque joga bola ou porque é cascudo? O Zé Roberto é o cérebro do Grêmio porque joga bola ou porque é cascudo? 
Ontem eu vi mais uma obra-prima de um cascudo. Cris, o zagueiro escolhido a dedo por Vanderlei Luxemburgo para comandar a defesa gremista na Libertadores, se irritou com uma proteção boba de bola feita pelo Rafael Sóbis – num lance isolado, no meio do campo e junto à linha lateral – e saiu bicando o atacante do Fluminense por trás. Foi expulso e quase deixou o Grêmio numa tremenda enrascada quanto à classificação. Mesmo estando fora de casa e sem os principais jogadores do meio pra frente, o Fluminense teve as três melhores chances, com Rafael Sóbis, com Vágner e no gol mal anulado de Rhayner. Para o Grêmio, o empate caiu do céu, permitindo ao time jogar por outro empate contra o Huachipato, na última rodada. Mas o jogo é lá, e fácil não deve ser. 
Por falar no gol do Rhayner: temos o hábito de crucificar nossos árbitros e bandeirinhas, que são de fato muito fracos, mas comecei a relevar certas coisas depois de recentes partidas da Champions League. Ibrahimovic estava impedido no gol que fez contra o Barcelona, Eliseu estava impedido no segundo gol do Málaga contra o Borussia Dortmund, Felipe Santana estava impedido no terceiro gol do Borussia Dortmund que eliminou o Málaga – e por aí vai. A regra do impedimento é genial, mas sempre foi de aplicação complicada. E depois dessa sucessão de lambanças, tenho pensado: será que não está cada vez mais difícil para um bandeirinha perceber quando alguém está ou não impedido? O futebol passou a ser jogado com uma rapidez que cansa até quem assiste, os jogadores agora têm uma velocidade usainboltiana e a missão dos pobres bandeirinhas é cada dia mais árdua. Juntemos a isso o fato de que a maioria deles adota o critério do “perigo de gol” – certamente responsável pela anulação do gol de Rhayner – e o que temos é o horror. 
O blog cumpre o doloroso dever de informar que, para tristeza dos verdadeiros amantes do futebol bem jogado, a gandula do Botafogo casou. Pena. Mas, que seja feliz.

2 comentários:

  1. Jaime. Quem nunca comeu um pedaço de melancia?11 de abril de 2013 às 11:11

    anota aí: dida, cris e andré santos. parte do salário dele vai pro bolso do pofexô esquemeiro. isso é hábito dele. e qto ao luis fabiano, jogador cascudo é uma coisa, burro é outra. e outra coisa tb, bom para o time é jogador maloqueiro. nada de cavalo, de cascudo, de atleta de cristo, de intelectual, de porra nenhuma. bom é o maloqueiro q provoca o adversário, q fala e cumpre, q não ouve merda de diretor de futebol, q não entra em pilha de comentarista cdf e q resolve qdo precisa. e qto a moça do botafogo, quem foi o otário? mulher daquele jeito é igual melancia, ninguém come uma sozinho.

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    1. Concordo com o Jaime. Dois jogadores maloqueiros que decidiram e provocaram quando necessário: Amoroso em 2005 e Sheik em 2012.

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