Barcelona e Real Madrid: uma tese despretensiosa.
O blog pede a compreensão dos leitores para cair em tentação e praticar o esporte preferido dos comentaristas de futebol: babar regra depois dos resultados. Mas o motivo me parece justo, pois trata-se de defender uma tese e abrir o debate aos dois ou três abnegados que frequentam a caixa de comentários. Vamos lá.
Todos nós já aprendemos que os campeonatos estaduais não servem de parâmetro para a avaliação dos nossos times. O Paulistinha talvez pudesse ser uma exceção, desde que não fosse disputado ao mesmo tempo que a Libertadores e tivesse um número menor de participantes. Do jeito que está, é tão enganoso quanto qualquer outro. O problema é que, apesar de nunca na história desse país etc e tal, ainda não perdemos o hábito de pagar pau para as coisas lá de fora. (Explicação necessária a quem não é de São Paulo: pagar pau significa, mais ou menos, encher a bola exageradamente de qualquer coisa. Para ficar em alguns exemplos futebolísticos: a imprensa esportiva carioca costuma pagar pau para o enganador do Thiago Neves; a torcida são-paulina paga pau, inexplicavelmente, para o Luís Fabiano, que jamais conquistou um título importante com a camisa do clube; a torcida do Flamengo andou pagando pau, precipitadamente, para o Rafinha. Acho que é por aí.)
Retomando: costumamos pagar pau para os feitos do Barcelona e do Real Madrid, esquecidos de que muitas dessas façanhas são alcançadas às custas do campeonato nacional mais desigual de que já se teve notícia. Sábado passado eu vi o finalzinho de um jogo, na tevê, em que o Barça lutava desesperadamente para fazer um golzinho no tal do Levante. Trinta e cinco do segundo tempo e zero a zero no placar, o que interromperia uma inacreditável série de quarenta e nove partidas consecutivas, na Liga Espanhola, fazendo gol em todas elas. Muito mais do que competência do Barcelona, isso significa fragilidade dos adversários, e a gente sabe que o futebol é um esporte onde a sua qualidade só pode ser testada quando encontra adversários à altura. Peguem o Quissamã, que acaba de cair para a segunda divisão do Campeonato Carioca, e tragam pra jogar contra o nosso time aqui da Y&R. Eles ganham da gente por, no mínimo, quinze gols de diferença.
Claro: se Barcelona e Real Madrid estivessem no Brasil, seriam campeões brasileiros e da Libertadores ano sim, outro também. Não é isso que está em questão. Mas os cinquenta jogos seguidos marcando gols em todos, os noventa e nove gols do Barcelona só nessa temporada, os recordes e mais recordes quebrados por Messi e Cristiano Ronaldo, tudo isso só é possível pela disparidade descomunal entre os dois clubes e o resto. Por isso – ao contrário do nosso futebol, onde ganhar o Brasileirão é mais difícil que a Libertadores –, o verdadeiro desafio para os clubes europeus está na Champions League, e não nos torneios nacionais.
A tese é essa: da mesma forma que nossos clubes se beneficiam de estaduais indigentes para se enganar, será que Barcelona e Real Madrid – que são indiscutivelmente dois timaços, e não há goleada ou eliminação que altere isso – não passaram a ter uma visão distorcida de suas próprias forças?
Ontem teve Brasil e Chile. Vaias, gritos de olé, um treinador superado de um lado, um treinador atualizado do outro. Tudo isso mereceria post, mas é muito difícil pra mim escrever qualquer coisa sobre uma seleção brasileira em que o lateral-esquerdo é André Santos. Reconheço que o futebol está cheio de casos de jogadores que fracassam em determinados times e brilham em outros, mas pra mim não dá. Eu vi André Santos jogar no Flamengo e não quero ver de novo. Se isso vale para o Flamengo, imaginem para a seleção brasileira.
Murta, eu com a Seleção sempre fui meio Pacheco! Mas esse time do Felipão não anima nem o mais Pacheco dos Pachecos! Pela primeira vez tenho a real sensação de que vamos passar vergonha nas Copas da Confederação e do Mundo!
ResponderExcluirNão sei se viu o bola da Vez com o Paul Breitner, campeão pela Alemanha em 74 e agora diretor do Bayer. Entre outras coisas, disse que nosso futebol estava anos atrasado. Confesso que meu lado Pacheco ficou irritado.
Essa semana, após ver Bayer, Borussia e a Seleção continuo discordando dele. Realmente não estamos atrasados. Simplesmente jogamos outro esporte.
Grande Murta! Na europa, cada grande cidade tem um grande time. Ou seja, Roma tem o Roma, Paris tem o PSG e por aí vai. É claro que algumas têm mais times, mas são sempre de segunda linha, tipo América aqui ou Portuguesa aí.
ResponderExcluirFico imaginando se no Brasil também fosse assim. São Paulo teria apenas um ou dois times grandes. Porto Alegre, BH e Salvador idem. Seria interessante, não? Mas essa idéia tem tudo para dar merda. Afinal, no Rio, o time seria o Flamengo, concorda?
Abração.