segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Foi empolgante. Mas não foi a melhor partida do campeonato.
Já vi diversos jogos do Atlético Mineiro no Estádio Independência, e eles costumam ser muito corridos e vibrantes. Ontem não foi diferente. Entretanto, acho exagero cravar o rótulo de melhor partida do campeonato num jogo que foi um massacre. O Atlético fez três gols, mandou três bolas na trave e Ronaldinho Gaúcho – jogando uma barbaridade – cansou de deixar os atacantes na cara de Diego Cavalieri, que fez pelo menos meia dúzia de defesas difíceis. O Fluminense chegou apenas três vezes na área mineira: no gol de Wellington Nem, no gol de Fred e no gol que Thiago Neves perdeu e mataria a partida, quando o placar estava um a zero para o Flu. Parecia que, mais uma vez, o Fluminense seria recompensado por sua estratégia de suportar pressão e aproveitar contra-ataque, mas Thiago Neves deu uma de suas clássicas amareladas e perdeu a chance de enfiar a faixa no peito ontem mesmo. Tudo indica que vai dar Fluminense, mas será preciso esperar um pouquinho mais. 
Depois do Fla-Flu que o Fluminense venceu com aquele golaço do Fred, Thomas Newlands postou um comentário aqui reclamando de falta do Digão no lance, e citou outra jogada semelhante: Gum empurrando a barreira do Vasco, numa cobrança de falta do Thiago Neves. Eu discordei. Houve carga tanto do Digão quanto do Gum, mas eu não teria marcado falta em nenhum dos dois lances. O que Leonardo Silva fez ontem, na falta cobrada por Ronaldinho Gaúcho, foi bastante parecido – só que ontem o juiz deu. E para atestar a rigorosa falta de coerência deste blog, penso que ontem a falta deveria mesmo ter sido marcada. Porque ontem foi acintoso. Ontem foi um exagero. Leonardo Silva não teve a malandragem e a discrição de Digão e Gum, e isso faz toda a diferença. 
Havia, lá no Rio, um comentarista de arbitragem extremamente popular, chamado Mário Vianna. Quando o juiz não ia bem, ele o chamava de “soprador de apito”. Bandeirinha que vacilava virava “gandula privilegiado”. Em todo lance discutível, as pessoas que iam de rádio para o estádio – nunca entendi muito bem esse hábito, mas enfim – aumentavam o volume para ouvir a opinião do Mário Vianna. Certa vez o juiz marcou um pênalti inexistente, o goleiro defendeu a cobrança e, a partir daí, Mário Vianna inventou um esdrúxulo bordão: pênalti mal marcado não entra. Óbvio que isso é uma bobagem completa – até Copa do Mundo já foi decidida por um pênalti mal marcado –, mas quando dava certo, Mário Vianna berrava no microfone: “Não adianta! Pênalti mal marcado não entra!” Na boa: vocês acharam pênalti aquilo que houve ontem no Engenhão? 
Estava com toda a pinta de que a partida seria como quase todas as mais recentes do Flamengo. O time jogando de modo aceitável, marcando com firmeza, não deixando Lucas e Osvaldo desenvolverem suas jogadas em velocidade, anulando Jádson, mas, apesar de tudo isso, sem conseguir vencer. Entretanto, González acabou fazendo o gol que vem ensaiando há algum tempo e o São Paulo parece ter desistido de vez do jogo quando pôs em campo Cícero e Willian José. Faltaram apenas o Maicon e o Casemiro, para declarar oficialmente aberto o Congresso Tricolor da Preguiça. 
Eu sempre gostei de zagueiro que desarma o adversário e, imediatamente, toca a bola para alguém do meio-campo trabalhar a jogada. Um dos caras que vi fazer isso com mais simplicidade e eficiência foi o Ricardo Gomes – não por acaso, indicado por Romário o zagueiro mais difícil que ele enfrentou na carreira. Pois o time do Flamengo, revolucionando o futebol de forma indiscutível, inverteu o processo: o jogador de meio-campo pega a bola, não sabe o que fazer com ela, se coloca de costas para o campo adversário e entrega pro zagueiro. Ele que se vire. 
A coisa não anda boa pro lado do Palmeiras. Mesmo quando o time consegue se ajudar, os outros não colaboram. As vitórias de Ponte Preta, Flamengo e Sport foram péssimas, o empate entre Náutico e Portuguesa não foi exatamente bom, e menos mal que o Corinthians não permitiu que o Bahia marcasse três pontos. Vi o jogo contra o Cruzeiro, e o time não foi nada bem. As melhores chances foram do time mineiro – duas oportunidades com Ancelmo Ramón, no primeiro tempo – e pela enésima vez a jogada de bola parada salvou a pátria. O Palmeiras apresentou um meia chamado Patrick Vieira que me lembrou demais o Vinícius Pacheco, jogador da mesma posição revelado pelo Flamengo. Quem torce para o Flamengo sabe do que estou falando.

2 comentários:

  1. foi pênalti. e pênalti burro de quem vai todo destrambelhado pra bola. empurra girando, com os braços abertos, tudo pra ajudar o juiz a marcar. a cagada do jogo, sem contar o erro na cobrança, foi a entrada do douglas no lugar do luis fabiano. tanto é q depois, nosso técnico compositor tentou arrumar colocando o loro josé. ele é um merda dum atacante, mas se entra ele no intervalo, o time continua com o mesmo esquema tático. mostrou q ainda não é o técnico q vai resolver nossa vida. e ainda sobre a cobrança: precisamos dos 3 pontos ou do artilheiro do campeonato? de cada 3 finalizações com bola em jogo, 1 ele guarda? então treina mais pra converter as 3. pênalti não é com ele. não foi à toa q depois de ser expulso por dar uma voadora num argentino do river, luis fabiano falou "entre bater pênalti e ajudar meus companheiros, eu prefiro brigar."

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  2. Pois eu continuo achando que não foi pênalti não, apesar de concordar com o destrambelhamento do Wellington Silva – ele é destrambelhado mesmo, principalmente na parte defensiva. No máximo foi um lance discutível, e quando o assunto é pênalti, penso que só devem ser marcados os indiscutíveis.
    Quanto ao Willian José, concordo inteiramente. É apático, mas de vez em quando mete uma cabeçada, tem bom chute de fora da área etc. Só se explicaria a escolha pelo Douglas se o Flamengo estivesse mandando no jogo, pressionando, ganhando o meio-campo, e houvesse a necessidade de alguma mudança tática pra dar uma mexida na história. Na hora, pensei: se o cara não entra quando o Luís Fabiano sai, pra que levar o cara pro banco?
    E você tem toda razão quanto a essa história de artilharia. Impressionante como somos cegos em relação a isso. Agora todo mundo fala do Bruno Mineiro, um cara de quase trinta anos, que já jogou em dezenas de times e já provou que é um desses típicos atacantes de time pequeno. Mas é batata: no final do ano, vai ter um monte de gente supostamente boa brigando pra levar o Bruno Mineiro. Da mesma forma que aconteceu com Dill, Josiel, Acosta etc. O que interessa é a artilharia. As chances do Adriano voltar a jogar são mínimas – gosto dele, torço, mas não acredito –, mas eu li que uma das cláusulas do contrato de risco prevê prêmio em caso de artilharia. Absurdo. O correto seria prever um prêmio altíssimo se ele ajudasse o time a levantar títulos, jogando, sei lá, setenta ou oitenta por cento das partidas do campeonato conquistado. Essa obsessão pelo cara que bota a bola pra dentro faz do Luís Fabiano – sem dúvida nenhuma um centroavante muito bom – um dos caras mais fominhas que eu já vi jogar.
    Abração.

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