quinta-feira, 5 de julho de 2012

Agora a gente pode disputar a Libertadores em paz. 
Quem gosta de futebol torce para um time só. É possível ter simpatias aqui ou ali – mesmo sem acompanhar os campeonatos na Espanha e na Itália, simpatizo com Barcelona e Inter de Milão, enquanto torço o nariz para Real Madrid e Milan –, mas torcer de verdade, é para um time só. E não há, obviamente, a menor obrigação de torcer pra ninguém por questões patrióticas. A mídia forçou ao máximo essa barra mas não colou, e hoje isso já é visto de outro modo. Perceberam a besteira e pararam. 
Do mesmo jeito que acontece no Rio com o Flamengo, aqui em São Paulo não existe meio termo: ou você é corintiano, ou você é radicalmente contra. Entendo. Como não sou paulista, ontem torci para o Corinthians, principalmente pelas minhas convicções. 
A primeira delas é a de que a Libertadores precisa ser posta em seu devido lugar, e isso só poderia acontecer quando o Corinthians fosse campeão. Acabou o mito. Insisto: a Libertadores já se tornou e vai se tornar, cada vez mais, uma disputa entre brasileiros. Nossos clubes são finalistas da competição há oito anos consecutivos, com vitórias nas últimas três. É um caminho sem volta, e não há mais motivos para tratar a Libertadores como o grande objeto do desejo. Continuo achando mais difícil ganhar o Brasileirão. 
A segunda convicção talvez tenha a ver com a idade. A gente vai ficando velho e vai ficando, também, mais implicante. Tenho dezenas de implicâncias no futebol e uma delas é com o Riquelme. É – ou foi – um jogador muito bom, mas acho exagero considerá-lo fora de série. Nunca brilhou de verdade na seleção argentina, fracassou no Barcelona, não ajudou a fazer do Villareal um grande time. Ganhou duas Libertadores, certo, mas o Danilo também. Riquelme é inteligente, enxerga bem, sabe jogar bola, mas sempre me pareceu superestimado. 
Terceira convicção: o Boca tem a camisa – que, por sinal, é linda –, tem a história, tem a tradição, mas o Boca tem também um time ruim de doer. De 2005 pra cá, vi todas as decisões da Libertadores com exceção do ano passado, porque estava viajando, e esse time do Boca foi de longe o mais fraco de todos os finalistas. O Corinthians teve muito mais trabalho na semifinal, contra o Santos, e sobretudo nas quartas, contra o Vasco. 
Minha quarta e última convicção é um tremendo barraqueiro. Emerson. É uma pena ter feito a carreira em centros menores do futebol mundial, porque se tivesse mais exposição teria espaço até na seleção brasileira. Claro que ele não chega perto dos nossos maiores craques, mas se a gente pegar o que têm sido os ataques das seleções brasileiras ultimamente, Emerson jogaria ali fácil. Fez aquele golaço no Santos, deu o passe à la Iniesta para o Romarinho na Bombonera, decidiu a final de ontem e foi o autor da jogada mais sensacional da Libertadores: quando ofereceu a cara a tapa ao zagueiro Caruzzo e completou com o gesto de quem estava morrendo de medo. Genial. 
Agora é festa. São quase dez e meia da manhã, acabei de dar uma conferida aqui na sala e vi que Serginho, Rodney e Borba ainda não chegaram. Como segunda-feira é feriado em São Paulo, acho que eles só vêm na terça. É justo.

5 comentários:

  1. Jaime, sem responsabilidade alguma,5 de julho de 2012 às 06:26

    rapaz, pega oq vc escreveu sobre o riquelme e, no lugar do nome dele, escreve zico. e troca argentina por brasil e barcelona por udinese. opa! não posso ser desonesto. na parte do villareal, coloca q o rei do maraca fez do kashima antlers uma potência do futebol japonês. só não dá pra colocar que ganhou duas libertadores. ganhou uma, certo, mas o fábio santos também. e parabéns pro corinthians.

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  2. Concordo plenamente com você Murtinho. Agora está muito mais fácil ganhar "e não há mais motivos para tratar a Libertadores como o grande objeto do desejo." Teve uma época, principalmente inicio dos anos 90, em que as coisas não eram bem assim não.

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  3. a entrevista do Emerson
    "Pressao? Pressao ´vc dormir com medo de bala perdida e sequestro relampago…jogar na Bomboneira lotada com uma bola nova e um gramado lindo é um privilegio.... "

    Foda-se o passado.. uma final contra um Atletico Paranaense e um tri da Libertadores tb e uma merda mas foda-se ganharam e ganhamos... se o Boca é uma merda pau no cu do Fluminense q se fodeu em casa .... Libertadores não é um campeonato, é um torneio e dai ganham qm tem sorte e competencia.... o Corinthians teve , aproveitou e ganhamos esse torneio de Gramado sintetico.... entao é issoae... pau no cú de qm secou e somos campeoes...

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  4. Obrigado Jaime e é isso aí Magalha!!!
    Acabaram-se a piadinhas e aí? Vão dizer o que agora? Que esse campeonato é um Desafio ao Galo (saudades..rss) das Américas? Que não valeu? Que foi roubado? A grande graça disso era não termos ganho....então acabou.
    Para ser honesto, achei que ontem seria bem mais difícil, mas como o Murta bem disse, esse time do Boca não mete medo, desta vez só chegou pela força da tradição e camisa.
    O Émerson foi do caralho, maloqueiro, jogador de futebol tem que ser assim mesmo, não tem que dar a mão pra jogador adversário levantar. E cara é foda!! Pena que não deu um soco na cara daquele cabeludinho, o tal do Ervite...folgado...mas valeu...tirou uma dos caras...kkkkkkkkk
    Murta, o Jaime gosta de provocar heim!!! rssss....e valeu pela torcida....Aqui em SP é assim mesmo...."é nóis contra a rapa", como diziam no meu tempo de muleque..rsss
    Abraços....VAI CORINTHIANS....

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  5. Jaime,
    Pensei que o nascimento da Lara tivesse colocado o mínimo de juízo nessa sua cabeça destrambelhada. Mas não. Continue comparando Riquelme a Zico e você sentirá o peso das pragas rubro-negras: vais ter que aturar, por mais seis meses, o Édson Silva na zaga, o Maicon na armação e o Fernandinho bem aberto na ponta.
    Abração. Beijo na Amanda. Beijo na Lara.

    Paulo,
    Não é que seja fácil, é que antes ninguém dava muita bola pra Libertadores. Não que tenha deixado de ser difícil, mas será cada vez menos se a encararmos quase que como um torneio qualquer.
    Abração. E não desapareça da caixa de comentários desse humilde blog. Sua expertise e lucidez, quando se trata de futebol, fazem muita falta por aqui.

    Magalha,
    Pois é. Sempre concordei com suas críticas à Libertadores, mas agora os corintianos têm mais autoridade para criticá-la. No primeiro post da história desse blog, eu disse que só me animei a começar a brincadeira depois que o Flamengo foi campeão brasileiro nos pontos corridos. Sempre fui, e continuo sendo, a favor do mata-mata. Mas pra não ficar parecendo a raposa com as uvas, só poderia defender isso depois que o Flamengo ganhasse um com pontos corridos. Acabou o mito da Libertadores para os corintianos, e agora vocês podem falar o que bem entenderem.
    Abração e parabéns.

    Luiz Eduardo,
    Outro dia você lembrou, aqui no blog, nossa conversa no jantar de Flávio e Zuleida. Na ocasião, concordamos que o Corinthians só seria campeão da Libertadores quando conseguisse disputá-la sem traumas e sem pressão. Não foi assim. Foi na pressão, foi na angústia (apesar da fragilidade ofensiva do Boca), mas agora o trauma acabou. Como não morava em São Paulo, não vivi isso, mas imagino que o mesmo tenha acontecido em relação ao Campeonato Brasileiro, até 1990. Neguinho não devia falar de outra coisa. Aí veio o título e, como se diz por aí, abriu a porteira.
    Abraço grande e parabéns.

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