sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Vanderlei, a queda e a multa.
De vez em quando a gente dá uma empinada no nariz, faz pose de cidadão civilizado, lembra dos quinze anos de Arsène Wenger à frente do Arsenal ou dos vinte e cinco de Alex Ferguson dirigindo o Manchester United, e passa a europeicamente condenar a troca de técnicos. Claro que mudar o treinador a cada duas semanas não funciona, mas torná-lo vitalício também me parece temerário. 
Vejo Vanderlei Luxemburgo da mesma forma que sempre vi jogadores polêmicos, como Paulo César Caju, Edmundo, Romário, Adriano etc. Não dou a mínima se o cara gosta de pôquer, se faz negociatas, se assedia manicures e outras prestadoras de serviço, o que ele tem que fazer é chegar lá e resolver. No caso de Luxemburgo, isto significa pôr o time pra jogar um bom futebol – coisa que, no Flamengo, ele não conseguiu. 
Ficou um ano e meio lá com uma autonomia que eu nunca vi em outro técnico rubro-negro, mandou um monte de gente embora – todos acertadamente, sejamos justos – e ganhou dois dos jogadores mais valorizados do mercado brasileiro (Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves), além de Felipe, Alex Silva, Júnior César, Aírton, Bottinelli e Jael, todos indicados por ele. Não tem do que reclamar. E não me venha com esse papo de que livrou o Flamengo do rebaixamento em 2010. Aquele time era suficientemente ruim para cair, mas nem mesmo quando esteve sob os desastrosos comandos de Rogério Lourenço e Silas chegou à zona de rebaixamento. 
O que eu não entendo, e que talvez seja um princípio de explicação para a dureza crônica dos clubes brasileiros, é essa história de multa. 
Vamos supor que, nesse momento, o Flamengo estivesse empenhado em contratar o Dorival Júnior. O cara é considerado um dos bons técnicos da nova geração, está em um dos clubes mais organizados do país, com certeza ganha bem e recebe em dia. Ou seja, esse aí tem todo o direito de exigir: beleza, eu topo, desde que haja uma multa de tantos milhões pro caso de vocês me mandarem embora. O caso de Luxemburgo era o inverso, pois tinha acabado de ser demitido do Atlético Mineiro, de onde saíra deixando o time na zona do rebaixamento, e estava no mais absoluto desvio. 
Faz algum sentido, caso decida dispensá-lo, o São Paulo pagar uma milionária multa ao Leão, depois de o ter tirado do ostracismo? Ok: contratos precisam ser respeitados, mas que sejam feitos então contratos mais curtos, com salários menos indecentes e bônus pelos resultados, sei lá. Mesmo porque, se o cara estiver fazendo o time jogar bem e ganhar, quem vai querer mandá-lo embora?

3 comentários:

  1. É essa a diretoria do Flamengo que dá aquele orgulho da gente gostar de futebol. Menos de 1 mês de ficar de mimimi falando de ética no caso do Thiago Neves (que já vai tarde), Patrícia faz algo talvez pior com o profexô. Demití-lo é o direito de qualquer presidente de qualquer instituição que esteja insatisfeito com o seu trabalho. Agora, da maneira como foi feito? Não poderia tê-lo feito no início de dezembro quando acabou o Brasileirão? Não poderiam esperar o defunto esfriar antes de contratar (?) o papai papudo? Isso para não lembrar aquela confusão com o Zico. São de uma incompetência e incapacidade gerencial de fazer inveja a qualquer dono de carrocinha de churros. Infelizmente, isso não é privilégio dessa diretoria, nem desse clube.
    Agora mudando um pouco de assunto, mas não de tom. Vi o "jênio" (assim mesmo, com j) do Lédio Carmona escrevendo que o Flamengo massacrou o Potosí. Que poderia ter sido 6x0, 5 só no 1º tempo. Será que vimos o mesmo jogo? Eu vi um time que assim que fez 1x0, o mínimo necessário à classificação, relaxou e deixou aqueles peladeiros bolivianos nos ameaçarem. É bem verdade que com 1 único lance de perigo para eles (numa cabeçada perigosa que, se entra, era o empate e o Fla não reagiria a tempo), o 2º tempo foi ridículo.
    Do jeito que o time está, se passar da 1ª fase já vamos estar num lucro monumental.

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  2. Grande Thomas,

    Falar em ética no futebol é ridículo. A postura do Flamengo no caso do Thiago Neves foi vergonhosa. Como escrevi no primeiro post do ano, também acho que ele não vale o que estavam pedindo - e que o Fluminense acabou pagando, creio, meio que por birra -, mas o Flamengo teve todo o tempo do mundo pra fechar o negócio e não conseguiu. Nossa nadadora reclamou da falta de ética do Flu e demitiu Luxemburgo desse jeito escroto aí. Luxemburgo reclamou do jeito que foi demitido, mas em 2010 estava que nem urubu em cima de carniça, doidinho pra pegar o lugar do Silas. Por aí vai. Além da confusão com Zico, teve também a demissão do Andrade, a menos de uma semana dos jogos contra o Corinthians pelas oitavas da Libertadores de 2010. A sorte é que técnico não entra em campo e, na hora H, quem decide são os jogadores. Se não fosse assim, não teríamos passado pelo Corinthians naquela ocasião e nem pelo Real Potosí na última quarta-feira. Mas o time está mesmo muito fraco, e essa é a minha maior bronca com Luxemburgo.

    Grande abraço.

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  3. O pior agora vai ser aguentar essa mala no Grêmio.
    Mas, me diga, meu caro Murta, você que é do ramo : como é que esse cara ganhou tantos títulos ?
    Lembro que ele chegava num clube, arrumava o time e era campeão.
    Desaprendeu ?
    Abração beto

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